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11/12/2003 - 19h10

Para Unicef, Brasil precisa cuidar da mulher para chegar em meta ideal

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da Folha Online

A mãe é a base da educação dos filhos no Brasil. Esta é a conclusão do estudo divulgado hoje pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).

O país tem um longo caminho para chegar à meta de inclusão escolar definida pelas Nações Unidas, em setembro de 2000.

Na ocasião, ficou estabelecido que os países precisam reduzir 50% o número de crianças de 7 a 14 anos fora da escola até 2010. O país tem 5,5% desta classe longe de uma sala de aula e precisa chegar a 2,8%. Em números brutos, precisa chegar a, no máximo, cerca de 700 mil crianças ao final da década.

Estes números negativos são bem notados quando a mãe tem baixa escolaridade, mostrando a importância da menina frequentar a escola.

Pré-natal

A figura materna influencia o filho do atendimento pré-natal até a adolescência. Da realização do registro civil (que é gratuito) até a escolha da escola.

O Unicef mostra que uma criança com mãe com baixa escolaridade tem sete vezes mais chance de ser pobre que uma criança com mãe com nível de estudo elevado.

E esta baixa escolaridade da mãe interfere quando o filho ainda é um feto. "Observa-se que o número de anos de estudo das mulheres grávidas tem impacto no número de exames pré-natal realizados", diz o Unicef. "A proporção de crianças fora da escola diminui conforme aumenta a escolaridade das mães", completa.

Os dados mostram que 73% das grávidas com menos de quatro anos de estudo realizam seis ou menos consultas pré-natal --a média no país é de 54%.

O Acre é o Estado com pior índice: 84,8% fazem menos que seis consultas. São Paulo é o segundo melhor (39,1%), perdendo apenas para o Mato Grosso do Sul (38,8%). Os outros Estados abaixo da média do país são: Sergipe, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Goiás, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Paraná.

Mais pobres e mais ricos

Como esperado, o nível de pobreza é fator determinante na escolaridade das crianças. E o Brasil aparece como um dos campeões (ou piores colocados, no caso) de desigualdade social e, por tabela, educacional.

Segundo dados sobre distribuição de renda do Banco Mundial de 2002, que utiliza o índice Gini (parâmetro internacionalmente usado para medir a concentração de renda), o país aparece com 0,607 pontos, sendo que quanto mais próximo de zero melhor.

O Brasil consegue estar atrás de países como Colômbia (0,571), Nigéria (0,506) e Peru (0,462). Dinamarca e Suécia são dois dos melhores neste quesito com 0,247 e 0,25, respectivamente.

O Unicef diz ainda que os 20% mais ricos ganham 30 vezes mais que os 20% mais pobres.

Sem dinheiro em casa, a criança sente o problema na escola. Praticamente 100% entre os mais pobres não tinham computador em casa, número bem diferente entre os ricos do país. A estrutura na residência pesa também ao ver que 36% dos menores de 18 anos vivem em casas com falta de formas adequadas de abastecimento de água e acesso à estrutura sanitária.

Resumindo: uma criança pobre tem até oito vezes mais chance de estar fora da escola que uma rica. Tal comparação pode ser reparada no fato que a porcentagem de analfabetismo entre os pobres é de 9,4% contra 0,5% nos ricos.

Mais mãe

A baixa escolaridade da mãe traz ainda outro dado curioso, agora na taxa de mortalidade infantil.

A taxa de mortalidade de menores de 5 anos com mães que têm até quatro anos de estudo é de 93%, contra 30,4% daquelas com mais de oito anos de estudo.

Trabalho infantil

O Unicef mostra que 8,6% dos jovens entre 10 e 15 anos (cerca de 1,7 milhão) trabalham. A Constituição permite que o adolescente de 14 ou 15 anos trabalhe, desde que na condição de aprendiz. A todos os menores entre 14 e 17 anos é proibido o trabalho noturno, perigoso ou insalubre.

Em famílias em que o grau de instrução da mãe é menor que um ano, o número de crianças que trabalha é ainda maior: 13,2%.

Já no grupo entre 16 e 17 anos, são 29,8% os adolescentes que estão no mercado de trabalho. Segundo o Unicef, porém, não é possível "saber se eles estão em condições de proteção".

Etnias

Na comparação que o Unicef faz entre adolescente branco e negro, percebe-se que a segunda tem o dobro de risco de ser pobre e de não frequentar a escola entre 7 e 14 anos. E o triplo de não ser alfabetizada entre 7 a 17 anos.
 

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