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29/01/2004
-
08h16
ROBERTO CANDELORI
Especial para a Folha de S. Paulo
A revista inglesa "The Economist" destacou, ao comentar uma publicação sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, que o MST é "imprescindível para o projeto mais amplo de estabelecer a democracia e a justiça no Brasil". Posição semelhante à de João Pedro Stedile, líder do MST, que, na revista "Caros Amigos", defendeu que, sem um amplo programa de reforma no campo, o Brasil não será de fato um país democrático.
Stedile propõe um novo modelo de reforma agrária --que não seja baseado na distribuição de terras, em que os camponeses recebem lotes individuais e cada família assentada busca recursos para produzir. Segundo ele, o atual desenvolvimento das forças produtivas exige uma "reforma de novo tipo". "É preciso desenvolver núcleos urbanos", formar comunidades com várias famílias para que se possa viabilizar uma infra-estrutura mínima e garantir o que a cidade já possui: luz elétrica, água potável, saúde e educação.
O segundo ponto desse modelo é que o "agricultor não é mais produtor de alimentos, ele produz matéria-prima para a indústria". Então é necessário oferecer a esse produtor rural o benefício da modernização, o que significa levar a indústria para o campo. A agroindústria criará novas oportunidades de emprego para os jovens, pois vai necessitar de mão-de-obra mais especializada.
Por último, é preciso pensar a reforma agrária associada à educação. Somente com uma escola de qualidade no meio rural será possível pesquisar práticas alternativas para a adoção de um "pacote tecnológico que desenvolva e fomente técnicas agrícolas adaptadas ao ambiente". A partir desse novo modelo, desenvolveriam-se novas práticas, reduzindo-se a utilização de agrotóxicos --que seriam substituídos por processos menos agressivos ao ambiente.
Roberto Candelori é professor do Colégio Móbile e do Objetivo. E-mail: rcandelori@uol.com.br
Artigo: O MST e a "nova" reforma agrária
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Especial para a Folha de S. Paulo
A revista inglesa "The Economist" destacou, ao comentar uma publicação sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, que o MST é "imprescindível para o projeto mais amplo de estabelecer a democracia e a justiça no Brasil". Posição semelhante à de João Pedro Stedile, líder do MST, que, na revista "Caros Amigos", defendeu que, sem um amplo programa de reforma no campo, o Brasil não será de fato um país democrático.
Stedile propõe um novo modelo de reforma agrária --que não seja baseado na distribuição de terras, em que os camponeses recebem lotes individuais e cada família assentada busca recursos para produzir. Segundo ele, o atual desenvolvimento das forças produtivas exige uma "reforma de novo tipo". "É preciso desenvolver núcleos urbanos", formar comunidades com várias famílias para que se possa viabilizar uma infra-estrutura mínima e garantir o que a cidade já possui: luz elétrica, água potável, saúde e educação.
O segundo ponto desse modelo é que o "agricultor não é mais produtor de alimentos, ele produz matéria-prima para a indústria". Então é necessário oferecer a esse produtor rural o benefício da modernização, o que significa levar a indústria para o campo. A agroindústria criará novas oportunidades de emprego para os jovens, pois vai necessitar de mão-de-obra mais especializada.
Por último, é preciso pensar a reforma agrária associada à educação. Somente com uma escola de qualidade no meio rural será possível pesquisar práticas alternativas para a adoção de um "pacote tecnológico que desenvolva e fomente técnicas agrícolas adaptadas ao ambiente". A partir desse novo modelo, desenvolveriam-se novas práticas, reduzindo-se a utilização de agrotóxicos --que seriam substituídos por processos menos agressivos ao ambiente.
Roberto Candelori é professor do Colégio Móbile e do Objetivo. E-mail: rcandelori@uol.com.br
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