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22/10/2004
-
09h25
THAÍS NICOLETI DE CAMARGO
Especial para a Folha
Uma língua é muito mais que a sua ortografia. É um sistema de representação verbal que permite a comunicação entre os indivíduos. Como conjunto de mecanismos e recursos expressivos que traduzem a cultura de um povo, uma língua, quando falada em diferentes países, assume características próprias, decorrentes da trajetória histórica de cada um.
O português falado em Portugal, no Brasil, em Moçambique, em Angola, na Índia ou na China é uma só língua. Variações ficam por conta da extensão do léxico, da grafia, do uso mais ou menos corrente de certas expressões ou estruturas sintáticas, da pronúncia, bem como da incorporação da influência de outras línguas.
Unificar a grafia do português nos países lusófonos é antes um gesto político, no qual parece estar o mérito da ação. Afinal, estimula-se assim a mobilização em torno de um fator de identidade nacional e a conscientização da vitalidade do idioma e dos traços comuns entre as culturas que se expressam por meio dele. Isso tende a fazer surgir um maior intercâmbio entre as obras literárias produzidas nesses países.
Outros aspectos da questão são o desgaste de reaprender algo que já está automatizado e o custo econômico de substituir os livros, sobretudo os didáticos, que envelhecem.
Mas, passada a fase de transição, o saldo deve ser positivo.
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Uma língua é muito mais que a sua ortografia. É um sistema de representação verbal que permite a comunicação entre os indivíduos. Como conjunto de mecanismos e recursos expressivos que traduzem a cultura de um povo, uma língua, quando falada em diferentes países, assume características próprias, decorrentes da trajetória histórica de cada um.
O português falado em Portugal, no Brasil, em Moçambique, em Angola, na Índia ou na China é uma só língua. Variações ficam por conta da extensão do léxico, da grafia, do uso mais ou menos corrente de certas expressões ou estruturas sintáticas, da pronúncia, bem como da incorporação da influência de outras línguas.
Unificar a grafia do português nos países lusófonos é antes um gesto político, no qual parece estar o mérito da ação. Afinal, estimula-se assim a mobilização em torno de um fator de identidade nacional e a conscientização da vitalidade do idioma e dos traços comuns entre as culturas que se expressam por meio dele. Isso tende a fazer surgir um maior intercâmbio entre as obras literárias produzidas nesses países.
Outros aspectos da questão são o desgaste de reaprender algo que já está automatizado e o custo econômico de substituir os livros, sobretudo os didáticos, que envelhecem.
Mas, passada a fase de transição, o saldo deve ser positivo.
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