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17/11/2004 - 15h24

Alunos descumprem proposta de redação e desenham no vestibular

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FERNANDA BASSETTE
da Folha de S. Paulo

"Chuá! Piu-piu-piu! Chuá! Piu-piu-piu! Riinch! Chuá. Piu-piu-piu. Chuá. Piu-piu. Riinch." A seqüência de onomatopéias (palavras cuja pronúncia imitam o som natural da coisa significada) na frase acima não é uma brincadeira, mas sim a reprodução do trecho de uma redação para o vestibular da Unesp.

Há várias suposições para tentar justificar e entender a ousadia ou a ingenuidade do vestibulando que, por desconhecimento do tema ou excesso de confiança, descumpriu a proposta da redação do vestibular--que, no caso da Unesp, é realizar uma dissertação.

Os responsáveis pelas provas de redação dos vestibulares da Unicamp, da USP e da Unesp acreditam que o mito da criatividade e a certeza de que o vestibulando não irá ser aprovado são as principais causas das redações apelidadas de "camicase" pelo professor de língua portuguesa e literatura Rogério Chociay.

"Estudei as redações do vestibular da Unesp por quatro anos e é difícil entender o motivo que leva o candidato a tomar uma atitude assim. Acho que o que falta no aluno é fazer uma boa leitura dos enunciados, porque um erro desses o desclassifica automaticamente", disse Chociay.

A professora de língua portuguesa da USP e vice-presidente do vestibular da Fuvest, Maria Thereza Fraga Rocco, conta que os candidatos não devem acreditar nas histórias de que as redações ousadas recebem nota máxima.

"Aquelas 'pérolas' sobre redações veiculadas pela internet são lendas. Não há chances de o aluno ser aprovado se fizer uma redação fugindo da proposta", afirmou.

O diretor acadêmico da Vunesp, Fernando Dagnoni Prado, disse que todos os anos acontecem as redações camicase. Segundo ele, num primeiro momento, os textos chegam a chamar a atenção da banca examinadora, mas sempre são desclassificados.

"Todo ano isso acontece. A gente não sabe se o aluno está cansado, se está desesperado ou se ele quer ser criativo e resolve arriscar. Existem casos em que os candidatos fazem contestações das provas, mas não sabemos exatamente o que os levou a fazer isso."

Houve um caso, por exemplo, de um vestibulando que iniciou a redação de acordo com o tema proposto e depois passou a redigir desabafos, criticando o sistema de ensino, os vestibulares e a cobrança da família. "Nós tentamos entender se o candidato faz isso para desafiar os examinadores ou simplesmente pelo prazer de contestar algo."

A crença de que a criatividade é a solução para a redação é um dos motivos de anulação das provas de redação da Unicamp. Na opinião da coordenadora da redação da Unicamp, Meirelen Salviano Almeida Rodrigues, os candidatos buscam escrever "sacadas", acreditando que isso é sinal de criatividade, mas acabam tendo a redação anulada.

"Geralmente os candidatos ignoram a coletânea de textos que são fornecidos para a redação. E o simples fato de ele não ler as instruções da prova pode desclassificá-lo para a segunda fase, mesmo que ele tenha ido muito bem nas demais questões."

Meirelen destacou que o número de desenhos feitos nas redações tem diminuído. "Os candidatos estão começando a se conscientizar que, em nenhum vestibular, essa postura funciona."

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