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18/10/2005
-
10h58
SIMONE HARNIK
RENATA BAPTISTA
da Folha de S.Paulo
O estresse de quem vai escolher uma profissão é tanto que já ganhou até nome de síndrome. A expressão em inglês "burn out" --que significa queimar-se, gastar-se-- passou a ser usada para caracterizar o estado de esgotamento emocional para lidar com as dificuldades do trabalho.
Mas, segundo a psicóloga e professora da USP Yvette Piha Lehman, os jovens vêm "se queimando", se decepcionando, cada vez mais cedo. Muitos chegam a ter esses sintomas mesmo na faculdade. "Os estudantes, muitas vezes, entram "queimados", em curto-circuito. Mas não é por não gostarem da profissão, mas sim porque estão sobrecarregados de pressões."
Esse é o caso da estudante Hanna Park, 21, que, na hora de decidir qual profissão seguir, passou por muitas dúvidas. "Sempre quis fazer medicina. No terceiro ano do ensino médio, meu pai queria que eu fosse juíza. Acabei fazendo um teste vocacional e resolvi prestar direito", conta. Mas a decisão não foi bem-sucedida. Logo no primeiro ano, ela percebeu que não gostava da graduação, mas se forçou a continuar. "Tranquei o curso para me preparar para o vestibular. Mas acho que vou querer acabar direito, pois já estou no terceiro ano", diz.
Os conflitos da estudante ganham força na comparação do mercado de trabalho dos dois cursos. "Meus pais acreditam que o mercado para direito tem mais oportunidades do que o de medicina. Mas, se eu passar, vou priorizar medicina", afirma.
Yvette aponta que passar no vestibular e ingressar em uma faculdade foram considerados por muito tempo um "rito de iniciação" para o mundo adulto. Chegava até a representar a garantia de sucesso e de ascensão social. Mas com o mercado cada vez mais restrito, com muita gente qualificada sem emprego, esse "mito de sucesso" vem ruindo.
Para Hermes Ferreira Figueiredo, presidente do Semesp (Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo), os jovens não têm alternativa. "Se não estudarem, a desilusão será maior. Quanto menor a escolaridade, maiores serão as dificuldades de conseguir emprego."
Segundo ele, o ensino superior não capacita apenas para exercer uma profissão. "Há pesquisas que indicam que uma pessoa, aos 45 anos, já ganhou quatro ou cinco habilitações diferentes de trabalho. Isso só por ter curso superior e ter ingressado no mercado."
Pensando na realidade do mercado de trabalho, o Serviço de Orientação Profissional e Vocacional da Unesp de Araraquara prepara os jovens para lidarem com as incertezas. "O jovem tem de saber lidar com a instabilidade", diz a psicopedagoga Maria Beatriz de Oliveira. "Hoje, o profissional precisa ter características que as pessoas não tinham antes. Tem de ter a capacidade de correr risco, de suportar frustrações."
Serviço de Orientação Profissional do Instituto de Psicologia da USP: 0/xx/11/ 3091-4174; Serviço de Orientação Profissional e Vocacional da Unesp de Araraquara: 0/xx/16/3301-6200 (ramal 6326)
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RENATA BAPTISTA
da Folha de S.Paulo
O estresse de quem vai escolher uma profissão é tanto que já ganhou até nome de síndrome. A expressão em inglês "burn out" --que significa queimar-se, gastar-se-- passou a ser usada para caracterizar o estado de esgotamento emocional para lidar com as dificuldades do trabalho.
Mas, segundo a psicóloga e professora da USP Yvette Piha Lehman, os jovens vêm "se queimando", se decepcionando, cada vez mais cedo. Muitos chegam a ter esses sintomas mesmo na faculdade. "Os estudantes, muitas vezes, entram "queimados", em curto-circuito. Mas não é por não gostarem da profissão, mas sim porque estão sobrecarregados de pressões."
Esse é o caso da estudante Hanna Park, 21, que, na hora de decidir qual profissão seguir, passou por muitas dúvidas. "Sempre quis fazer medicina. No terceiro ano do ensino médio, meu pai queria que eu fosse juíza. Acabei fazendo um teste vocacional e resolvi prestar direito", conta. Mas a decisão não foi bem-sucedida. Logo no primeiro ano, ela percebeu que não gostava da graduação, mas se forçou a continuar. "Tranquei o curso para me preparar para o vestibular. Mas acho que vou querer acabar direito, pois já estou no terceiro ano", diz.
Os conflitos da estudante ganham força na comparação do mercado de trabalho dos dois cursos. "Meus pais acreditam que o mercado para direito tem mais oportunidades do que o de medicina. Mas, se eu passar, vou priorizar medicina", afirma.
Yvette aponta que passar no vestibular e ingressar em uma faculdade foram considerados por muito tempo um "rito de iniciação" para o mundo adulto. Chegava até a representar a garantia de sucesso e de ascensão social. Mas com o mercado cada vez mais restrito, com muita gente qualificada sem emprego, esse "mito de sucesso" vem ruindo.
Para Hermes Ferreira Figueiredo, presidente do Semesp (Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo), os jovens não têm alternativa. "Se não estudarem, a desilusão será maior. Quanto menor a escolaridade, maiores serão as dificuldades de conseguir emprego."
Segundo ele, o ensino superior não capacita apenas para exercer uma profissão. "Há pesquisas que indicam que uma pessoa, aos 45 anos, já ganhou quatro ou cinco habilitações diferentes de trabalho. Isso só por ter curso superior e ter ingressado no mercado."
Pensando na realidade do mercado de trabalho, o Serviço de Orientação Profissional e Vocacional da Unesp de Araraquara prepara os jovens para lidarem com as incertezas. "O jovem tem de saber lidar com a instabilidade", diz a psicopedagoga Maria Beatriz de Oliveira. "Hoje, o profissional precisa ter características que as pessoas não tinham antes. Tem de ter a capacidade de correr risco, de suportar frustrações."
Serviço de Orientação Profissional do Instituto de Psicologia da USP: 0/xx/11/ 3091-4174; Serviço de Orientação Profissional e Vocacional da Unesp de Araraquara: 0/xx/16/3301-6200 (ramal 6326)
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