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23/10/2005 - 09h15

Cerco ao plágio inclui teatro e aula na rua

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da Folha de S.Paulo

O papel vem sendo colocado de lado nos trabalhos em algumas escolas de São Paulo para evitar que os alunos simplesmente copiem os textos da internet. No colégio Bandeirantes, por exemplo, são utilizadas encenações.

Em uma das salas da oitava série do ensino fundamental, foi lançada a questão: ""com a atual crise política, muitas pessoas acham que o regime militar é uma boa solução; você concorda?"

Os estudantes tiveram de pesquisar na internet textos sobre aquela época para, então, se posicionar. Os alunos foram divididos em dois grupos, os que concordam e os que discordam. O último passo foi fazer um teatro simulando um tribunal, com alunos defendendo o regime, outros atacando e um aluno representando o juiz. O restante acompanhava na platéia. Para a professora Silvia Brandão, que aplicou a atividade, os alunos tiveram "uma aprendizagem crítica" sobre o período.

"Atividades como essa evitam que o aluno só copie da internet", diz o professor da Faculdade de Educação da Unicamp Sérgio Ferreira do Amaral. "Métodos assim devem ser feitos tanto na escola pública quanto na privada."

Outra atividade não-convencional foi aplicada no colégio Assunção. Para aprender a fazer e a mexer com mapas, os estudantes da quinta série foram para a avenida Paulista, onde identificaram todos os pontos em que havia venda de pães em um dos lados da via.

Depois, anotaram todos os estabelecimentos em geral. No final, fizeram um mapa, mostrando onde havia venda de pães na Paulista. "Assim, como ele vai copiar alguma coisa da internet?", diz a coordenadora pedagógica da escola, Silvia Russo.

Até mesmo a CowParade (conjunto de 150 vacas de fibra de vidro espalhadas desde setembro pela capital paulista) foi fonte de inspiração para driblar a cópia de trabalhos. No Santo Américo, os alunos tiveram de ler textos publicados na imprensa sobre o que o Brasil tem de positivo. Então, eles montaram vacas que demonstraram, por imagens, o que eles haviam lido. Um deles citou a fé. Para isso, o animal foi enfeitado com fitinhas do Senhor do Bonfim.

Visitas

O site Zé Moleza exemplifica a facilidade que os estudantes têm em acessar trabalhos prontos. No endereço há mais de 16 mil textos. Alguns dos temas são a febre amarela, a fome no mundo e a civilização asteca.

O site, que começou a funcionar em 2000, contabiliza 250 mil visitantes, em média, por mês. Edson Outani, um dos sócios, afirma que o endereço "é uma ferramenta de democratização da informação".

"Chegamos a cidades pequenas, sem bibliotecas, em que as pessoas não teriam acesso a essa informação", diz Outani. "Deve ter gente que cola. O que a pessoa fará com a informação não compete a nós regular."

Em outro endereço, em que o termo "cola" consta já no nome, a cópia de trabalhos é mais declarada. Há até um mural de recados, em que os alunos chegam a pedir a ajuda dos outros. Uma das mensagens postadas na última sexta-feira era "preciso de um trabalho de filosofia sobre concepções de politica para terça-feira. Se puderem me mandar eu agradeço."
 

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