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02/12/2005 - 09h44

Grupo dos EUA compra a Anhembi Morumbi

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ANTÔNIO GOIS
da Folha de S.Paulo, no Rio
FÁBIO TAKAHASHI
da Folha de S.Paulo

Um grupo educacional dos Estados Unidos vai assumir o controle da Universidade Anhembi Morumbi, de São Paulo. A Laureate anunciou ontem que comprou 51% da participação da universidade paulista. Até então, só uma instituição de ensino superior no Brasil, a Faculdade Pitágoras, de Minas Gerais, tinha como sócio um grupo estrangeiro.

A transação da Anhembi Morumbi e da Laureate, no entanto, será a primeira no Brasil em que um grupo estrangeiro terá controle majoritário da instituição, já que, no caso da Pitágoras, o grupo Apollo (também dos Estados Unidos) divide o controle com o sócio brasileiro (cada um tem 50% de participação no negócio).

"Com 51%, o grupo terá o poder de decisão na universidade", afirma o consultor de ensino superior Carlos Monteiro.

De acordo com a notícia divulgada no site da Laureate, o valor da transação foi de US$ 69 milhões (R$ 158 milhões).

A Anhembi Morumbi possui 25 mil alunos de graduação. A universidade é a 22ª maior entre as 1.859 instituições de ensino superior do país, segundo o último levantamento divulgado pelo MEC (Ministério da Educação).

Legislação

Na legislação vigente de ensino superior no Brasil não há impedimento para a participação de estrangeiros em universidades brasileiras. Esse, no entanto, foi um dos pontos mais polêmicos da proposta de reforma universitária apresentada pelo MEC no início do ano. Se a última versão do projeto já estivesse em vigor (o texto está parado desde julho na Casa Civil e ainda não foi enviado ao Congresso), o grupo Laureate só poderia adquirir 30% do capital.

A participação de grupos estrangeiros é comum em outros mercados emergentes. No caso brasileiro, no entanto, as poucas investidas em instituições nacionais raramente vingaram por falta de interesse de compradores internacionais ou devido às constantes mudanças na legislação.

Ao justificar a aquisição do controle da Anhembi Morumbi, o grupo Laureate afirma que "o crescimento da economia e o histórico de propriedade privada no setor fazem do Brasil um atrativo mercado" e cita o país como "um dos maiores mercados de ensino superior do mundo". O texto ainda lembra que mais de 70% dos estudantes universitários estudam em instituições privadas.

O reitor da Anhembi Morumbi, Gabriel Mário Rodrigues, não foi encontrado ontem pela assessoria de imprensa da instituição para comentar a notícia. No texto divulgado pelo grupo estrangeiro, ele afirma que a aliança criará "novas oportunidades" e "trará uma grande diversidade cultural e acadêmica de oportunidades para a Anhembi Morumbi".

Debate

A entrada de grupos estrangeiros no ensino superior brasileiro é polêmica. O ex-ministro da Educação Tarso Genro, ao defender o limite de 30% do capital externo no setor, afirmava que a educação é estratégica para o desenvolvimento do país, por isso ela não poderia ser controlada por empresas internacionais.

Posição parecida tem o presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Gustavo Petta. "É por meio da educação que se formam os valores do nosso povo. Ela não pode ficar à mercê dos interesses estrangeiros."

Já o consultor Carlos Monteiro afirma que a entrada de grupos internacionais no setor é benéfica. "Injeta um grande capital na instituição, o que pode melhorar a qualidade de ensino."

João Cardoso Palma Filho, especialista em políticas educacionais e coordenador do grupo da Unesp que analisou a reforma universitária, também apóia as parcerias. "Com esse dinheiro, as universidades privadas podem aumentar a pesquisa, que é ainda deficitária no setor."

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre a Anhembi Morumbi
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