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20/12/2005 - 10h10

Para psicólogos, hora é de moderação

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CONSTANÇA TATSCH
da Folha de S.Paulo

"Você fica no dilema: parar e relaxar do Natal ao Ano Novo ou folgar só nas festas?" A dúvida de Stephane de Azevedo Hartvite, 19, atormenta grande parte dos vestibulandos nesta época do ano. E não são só eles que vivem o dilema, a família também não tem uma resposta pronta para isso.

Entre os psicólogos que acompanham os estudantes, a dica é aproveitar as festas com moderação, mas não abandonar os livros por completo. Quanto e como estudar vai depender da consciência e da situação de cada um.

Stephane vai prestar vestibular para medicina e conseguiu passar para a segunda fase da Fuvest. Vai comemorar o Natal e a virada em Santos. "Acho que vou descer e subir de novo no intervalo entre os feriados para estudar. Eu me conheço e, se descer com os materiais, não vou estudar nada", disse a estudante, que já passou por isso outras duas vezes. Na primeira vez, "desencanou total" e, na segunda, foi mal e teve "férias em janeiro, infelizmente".

Em São Paulo, ela já combinou com amigas de se encontrar para estudar. "Assim vamos pensar: estamos juntas na dor, Deus está vendo", diz ela entre gargalhadas.

Se Ele vai testemunhar o sacrifício de Stephane, vai ver também quem sofre por tabela. "Nós vamos para Santos e voltamos. Eu quero voltar porque a gente tem que dar força e ela fica ansiosa", conta a mãe dela, Eutália de Azevedo Hartvite. No final de novembro, ela já desistira de uma viagem para não deixar a filha. "Ia viajar, mas lembrei das provas. De forma nenhuma poderia deixar ela passar por isso sozinha."

A doutora em psicologia escolar do Instituto de Psicologia da USP Cintia Freller é a favor de atitudes como a de Stephane. "Neste momento, o adolescente tem que ter muita disciplina e ver que ainda precisa fazer um esforço final. Nada impede que participe das festas sem excesso. Pode relaxar no dia e aproveitar, mas não deve tirar duas semanas de folga."

Quem decide voltar para casa para estudar mais deve ter o apoio e a presença da família, segundo a psicóloga. "Acho muito difícil ficar sozinho e dar conta das tarefas. Não é muito bom a família viajar e deixar [o vestibulando]. Ele precisa mais de apoio do que de sossego."

Hora de relaxar

Há quem pense que o momento é propício ao descanso. Aline Yuri Hasegawa, 18, que vai prestar direito e passou para a segunda fase da Fuvest, é um exemplo desse outro caminho.

Ela vai viajar para Bombinhas, litoral de Santa Catarina, onde a família alugou uma casa. "Lá eu não vou estudar. Eu nem fiquei na dúvida, já estudei o ano inteiro, o que eu aprendi já está na minha cabeça. Se não passar, não passou. Não era para ser. O importante é descansar. Não dá para botar tudo a perder se estressando."

O psicoterapeuta de adolescentes e adultos e professor na Faculdade de Psicologia da PUC Antonio Carlos Amador Pereira também defende a pausa. "É importante chegar relaxado, esse é o diferencial. A maioria estudou, muita gente vai mal por distração ou nervosismo. Os pais também têm que entender. Alguns às vezes pensam que os adolescentes são como máquinas." Por outro lado, ele desaconselha abandonar os livros. "Estude um pouco para manter o pé na realidade", afirma.

Gabriela Leonello, 19, que também quer medicina, ainda não decidiu o que fazer. Vai para Bragança e depois resolverá se fica ou volta para São Paulo. "Estou cansada, tenho mais dois vestibulares e não passei para a segunda fase por pouco. Estou meio desesperada. Se achar que está rendendo, eu fico, mas é uma dúvida."

O que mais assusta Gabriela é pensar que pode não conseguir estudar ao lado de toda a família. No ano passado eram 15 pessoas. "Estou muito preocupada se vou conseguir porque já não sou muito fã de estudar, mas neste ano entrei no clima. Pretendo estudar, mas acho que vai ser difícil", diz.

Segundo Antonio Carlos, se o apoio dos pais é fundamental, família em excesso pode ter um lado negativo. "Conflitos familiares latentes emergem. Nessas festas, sempre se come demais, se fala demais... Mas o adolescente tem defesa natural para isso."

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