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21/02/2006
-
09h06
DANIELA TÓFOLI
da Folha de S.Paulo
A volta às aulas no campus Monte Alegre da PUC-SP, marcada para 2 de março após adiamento por conta da crise que atinge a universidade --uma das mais tradicionais do país--, vai ocorrer em clima de protesto. Em assembléia de professores e funcionários realizada ontem à tarde, os docentes decidiram não assumir nenhuma disciplina ou atividade que era ministrada por seus colegas demitidos nem realizar processos de contratação de outros docentes.
Assim, como o número de professores demitidos já chega a 472 desde dezembro, segundo a associação de docentes da PUC, os estudantes deixarão de ter dezenas de matérias previstas nas grades curriculares.
"Nossa deliberação foi para que nenhum professor assuma as atividades dos docentes que foram demitidos e que nenhum departamento faça a substituição dos profissionais", afirma a presidente da Associação de Professores da PUC, Priscilla Cornalbas. "A aula ficará vaga e, então, veremos o que acontece." Até o ano passado, os novos docentes eram contratados pelos departamentos em que trabalhariam.
A proposta de greve não foi votada, já que ficou decidido que estudantes, professores e funcionários farão assembléias específicas e, no dia 8 ou 9 de março, realizarão uma reunião conjunta para definir o encaminhamento do movimento. "Aprovamos apenas o indicativo de greve e, quando o calendário escolar tiver início, poderemos decidir melhor o que fazer", diz Cornalbas.
Os campi Marquês de Paranaguá, Santana e Sorocaba iniciaram as aulas em 13 de fevereiro.
"Mercantilização"
Devido à crise financeira, também já foram demitidos 413 funcionários. A universidade justifica-se afirmando que os cortes ocorreram porque a instituição vinha registrando um déficit mensal de R$ 4 milhões.
Estudantes presentes na assembléia de ontem prometem fazer manifestações nos primeiros dias de aula contra o que chamam de "mercantilização" da instituição. Eles acreditam que a PUC perderá sua visão humanista de ensino e passará a se preocupar apenas com o lucro.
Para tentar reverter as demissões, a assembléia também votou pela formação de um grupo jurídico que, até amanhã, analisará o instrumento mais pertinente e, então, entrará com processos na Justiça comum e na do Trabalho tentando reverter as decisões da universidade.
Abaixo-assinado
Outra ação aprovada por unanimidade foi a ampliação da circulação de um abaixo-assinado feito pelo departamento de psicologia, que está colhendo o apoio de intelectuais que não são ligados à PUC e políticos. Já assinaram o documento Marilena Chaui, Ruth Cardoso, Luiza Erundina e Eduardo Suplicy, entre outros.
"Vamos continuar brigando por manter a qualidade desta instituição e tentar trazer de volta os colegas demitidos", disse Márcia Paixão, professora de serviços sociais. "A PUC tem de conseguir manter sua tradição."
No início da noite de ontem, a Folha tentou contato com algum representante da reitoria da PUC-SP, mas ninguém foi encontrado.
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A volta às aulas no campus Monte Alegre da PUC-SP, marcada para 2 de março após adiamento por conta da crise que atinge a universidade --uma das mais tradicionais do país--, vai ocorrer em clima de protesto. Em assembléia de professores e funcionários realizada ontem à tarde, os docentes decidiram não assumir nenhuma disciplina ou atividade que era ministrada por seus colegas demitidos nem realizar processos de contratação de outros docentes.
Assim, como o número de professores demitidos já chega a 472 desde dezembro, segundo a associação de docentes da PUC, os estudantes deixarão de ter dezenas de matérias previstas nas grades curriculares.
"Nossa deliberação foi para que nenhum professor assuma as atividades dos docentes que foram demitidos e que nenhum departamento faça a substituição dos profissionais", afirma a presidente da Associação de Professores da PUC, Priscilla Cornalbas. "A aula ficará vaga e, então, veremos o que acontece." Até o ano passado, os novos docentes eram contratados pelos departamentos em que trabalhariam.
A proposta de greve não foi votada, já que ficou decidido que estudantes, professores e funcionários farão assembléias específicas e, no dia 8 ou 9 de março, realizarão uma reunião conjunta para definir o encaminhamento do movimento. "Aprovamos apenas o indicativo de greve e, quando o calendário escolar tiver início, poderemos decidir melhor o que fazer", diz Cornalbas.
Os campi Marquês de Paranaguá, Santana e Sorocaba iniciaram as aulas em 13 de fevereiro.
"Mercantilização"
Devido à crise financeira, também já foram demitidos 413 funcionários. A universidade justifica-se afirmando que os cortes ocorreram porque a instituição vinha registrando um déficit mensal de R$ 4 milhões.
Estudantes presentes na assembléia de ontem prometem fazer manifestações nos primeiros dias de aula contra o que chamam de "mercantilização" da instituição. Eles acreditam que a PUC perderá sua visão humanista de ensino e passará a se preocupar apenas com o lucro.
Para tentar reverter as demissões, a assembléia também votou pela formação de um grupo jurídico que, até amanhã, analisará o instrumento mais pertinente e, então, entrará com processos na Justiça comum e na do Trabalho tentando reverter as decisões da universidade.
Abaixo-assinado
Outra ação aprovada por unanimidade foi a ampliação da circulação de um abaixo-assinado feito pelo departamento de psicologia, que está colhendo o apoio de intelectuais que não são ligados à PUC e políticos. Já assinaram o documento Marilena Chaui, Ruth Cardoso, Luiza Erundina e Eduardo Suplicy, entre outros.
"Vamos continuar brigando por manter a qualidade desta instituição e tentar trazer de volta os colegas demitidos", disse Márcia Paixão, professora de serviços sociais. "A PUC tem de conseguir manter sua tradição."
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