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29/05/2006 - 09h01

46% dos cotistas zeram em vestibular

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FÁBIO TAKAHASHI
da Folha de S.Paulo

Quase a metade dos 1.152 candidatos que disputaram vaga por sistema de cotas no último vestibular da Universidade Federal de São Paulo foi eliminada por ter zerado em ao menos uma das provas.

Dos cotistas, 531 (46%) não acertaram nenhuma questão em ao menos uma das provas, aponta estudo da universidade ao qual a Folha teve acesso.

Entre os não-cotistas, o percentual foi de 22,7% (14.217 inscritos e 3.235 desclassificados por terem tirado zero).

O número de eliminados foi tão grande que 11 das 46 vagas não foram preenchidas (seis sobraram porque os aprovados não comprovaram sua etnia).

A federal de São Paulo, uma das principais escolas da área de saúde do país, reserva 10% das vagas a candidatos afro-descendentes ou indígenas que estudaram em escola pública.

O mau desempenho desses alunos faz com que a Unifesp acredite que o projeto do governo federal, que prevê cotas de 50% em todas as universidades federais, possa baixar a qualidade do ensino superior.

"Não há demanda qualificada para propor cotas de 50%", raciocina o pró-reitor de graduação da Unifesp, Luiz Eugênio Araújo de Moraes Mello.

"Não zerar no vestibular é o mínimo. Se for imposta porcentagem, qual será a saída? Deixar a prova mais fácil?"

O vestibular da federal de São Paulo, segundo o coordenador do curso Anglo, Alberto Francisco do Nascimento, não é fácil nem impossível. "Exige desenvoltura do pensar."

O processo seletivo da Unifesp tem 130 testes de conhecimentos gerais, 25 questões discursivas de conhecimentos específicos e uma redação.

Vagas permanecem

Apesar do mau resultado dos inscritos pelo sistema de cotas, a Unifesp manterá a reserva de vagas. Segundo outro estudo da universidade, os 10% aprovados estão bem preparados.

A instituição analisou o desempenho durante os cursos de graduação da primeira turma que entrou pelo sistema de reserva de vagas, no ano passado. Os cotistas, em média, tiveram notas semelhantes às dos demais universitários.

Em medicina, a nota que alunos de ambos os grupos mais tiraram foi 8,5. "Mantivemos o nível acadêmico e ganhamos em diversidade", diz Mello. "Mas nossa cota é de 10%."

Procurado pela reportagem, o Ministério da Educação afirmou que não comentaria as críticas ao seu projeto de reserva de vagas porque não conhecia os dados do estudo da Unifesp.

A proposta do governo prevê que, em todas as universidades federais, 50% dos alunos venham da escola pública. O prazo para implantação é de seis anos. O projeto já foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara e aguarda análise do plenário da casa.

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