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11/08/2006
-
09h49
FÁBIO TAKAHASHI
da Folha de S.Paulo
Apenas 2,4% dos cursos avaliados em São Paulo pelo último Enade, exame que substituiu o provão, receberam a nota máxima. Em termos absolutos, isso significa que 29 dos 1.220 cursos analisados no Estado obtiveram o patamar cinco.
O desempenho em São Paulo ficou abaixo da média nacional, em que 4,7% das carreiras ficaram no nível mais elevado.
Na última versão do Enade, foram avaliados alunos do primeiro e do último ano de cursos de graduação pertencentes a 20 áreas, entre elas engenharia, biologia, química, pedagogia, computação e letras.
Em São Paulo, dos 29 cursos com conceito cinco, 25 foram obtidos por instituições públicas. A que obteve mais foi a Unesp, com 15, seguida da federal de São Carlos, com quatro.
A USP e a Unicamp decidiram não participar da prova, por entenderem que os critérios ainda não estavam suficientemente debatidos. Do sistema particular, quatro instituições tiveram um curso no patamar mais alto.
Os dados foram tabulados pela Folha com base no desempenho de cada instituição de ensino superior do Estado.
O levantamento mostrou também que 30 cursos em São Paulo ficaram no nível mais baixo (1), o que representa 2,4% do total.
Especialistas ouvidos pela reportagem consideraram baixo o percentual de cursos que obtiveram o desempenho mais elevado em São Paulo. Eles destacaram, porém, que é preciso avaliar outros fatores para determinar se o curso é ruim.
O próprio Enade, criado no governo Lula, faz parte de um processo mais amplo de avaliação das universidades. Além das provas aos alunos, também há visitas de comissões de especialistas às faculdades.
"Esse baixo desempenho mostra que os cursos têm deficiências. É um alerta para as instituições", disse Márcia Brito, professora do departamento de psicologia da Unicamp e consultora do Inep --instituto de pesquisas do Ministério da Educação, que aplicou o Enade.
"A proliferação de cursos nos últimos anos pode ter ocasionado a entrada de alunos com dificuldades", disse Brito, que ressalta ainda que houve boicote de algumas turmas --como alguns alunos da PUC-SP e da Unesp, por exemplo. O maior número de zeros faz com que a média fique mais baixa.
"O desempenho foi fraco. Mas só com essa nota não é possível saber se o curso é bom ou ruim. Ele é um indicador, entre alguns outros", afirmou Isabel Capeletti, professora de pós-graduação em educação da PUC-SP. "Por exemplo, qual é a inserção desses estudantes no mercado de trabalho? Olhar só para uma nota pode causar equívocos. E se no exame caiu apenas o que você não sabia?"
Professores
Pró-reitora de graduação da Unesp (universidade paulista que obteve mais conceitos cinco), Sheila Pinho disse que a escola obteve bom desempenho principalmente devido à "qualificação do corpo docente".
"A maioria dos nossos professores têm doutorado e dedicação integral à universidade, o que possibilita fazer pesquisa e extensão", disse Pinho.
A pró-reitora apontou também que o próprio aluno que ingressa na instituição "já é muito bom". Isso ocorre, segundo ela, porque o vestibular consegue selecionar bem os estudantes para os cursos.
A reitora da Universidade Cruzeiro do Sul (que obteve um curso nota cinco), Sueli Cristina Marquesi, concorda que os alunos que ingressam nas instituições públicas estão mais bem preparados --por serem gratuitas e terem mais tradição, os vestibulares dessas universidades são mais concorridos.
Para suprir a defasagem, Marquesi afirmou que a instituição oferece atividades de acompanhamento para os estudantes ingressantes, em áreas como leitura e interpretação de texto. "Os alunos não chegam prontos ao ensino superior", declarou.
A reitora disse que sua instituição obteve um bom desempenho porque conseguiu inserir os alunos em atividades de pesquisa e de interação com a comunidade. "Tentamos mostrar a prática desde o início."
Já a Universidade Ibirapuera afirmou que o boicote da turma do quarto ano de química levou o curso a ter nota um.
O Enade 2005 avaliou 277.476 estudantes de 5.511 cursos de todo o país. As regiões Sul e Nordeste ficaram empatadas em primeiro lugar com o maior percentual de cursos com os conceitos mais altos (29,9% e 29,8%, respectivamente). No Sudeste, o índice ficou em 27,6%.
Colaborou TOMAS CHIAVERINI
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da Folha de S.Paulo
Apenas 2,4% dos cursos avaliados em São Paulo pelo último Enade, exame que substituiu o provão, receberam a nota máxima. Em termos absolutos, isso significa que 29 dos 1.220 cursos analisados no Estado obtiveram o patamar cinco.
O desempenho em São Paulo ficou abaixo da média nacional, em que 4,7% das carreiras ficaram no nível mais elevado.
Na última versão do Enade, foram avaliados alunos do primeiro e do último ano de cursos de graduação pertencentes a 20 áreas, entre elas engenharia, biologia, química, pedagogia, computação e letras.
Em São Paulo, dos 29 cursos com conceito cinco, 25 foram obtidos por instituições públicas. A que obteve mais foi a Unesp, com 15, seguida da federal de São Carlos, com quatro.
A USP e a Unicamp decidiram não participar da prova, por entenderem que os critérios ainda não estavam suficientemente debatidos. Do sistema particular, quatro instituições tiveram um curso no patamar mais alto.
Os dados foram tabulados pela Folha com base no desempenho de cada instituição de ensino superior do Estado.
O levantamento mostrou também que 30 cursos em São Paulo ficaram no nível mais baixo (1), o que representa 2,4% do total.
Especialistas ouvidos pela reportagem consideraram baixo o percentual de cursos que obtiveram o desempenho mais elevado em São Paulo. Eles destacaram, porém, que é preciso avaliar outros fatores para determinar se o curso é ruim.
O próprio Enade, criado no governo Lula, faz parte de um processo mais amplo de avaliação das universidades. Além das provas aos alunos, também há visitas de comissões de especialistas às faculdades.
"Esse baixo desempenho mostra que os cursos têm deficiências. É um alerta para as instituições", disse Márcia Brito, professora do departamento de psicologia da Unicamp e consultora do Inep --instituto de pesquisas do Ministério da Educação, que aplicou o Enade.
"A proliferação de cursos nos últimos anos pode ter ocasionado a entrada de alunos com dificuldades", disse Brito, que ressalta ainda que houve boicote de algumas turmas --como alguns alunos da PUC-SP e da Unesp, por exemplo. O maior número de zeros faz com que a média fique mais baixa.
"O desempenho foi fraco. Mas só com essa nota não é possível saber se o curso é bom ou ruim. Ele é um indicador, entre alguns outros", afirmou Isabel Capeletti, professora de pós-graduação em educação da PUC-SP. "Por exemplo, qual é a inserção desses estudantes no mercado de trabalho? Olhar só para uma nota pode causar equívocos. E se no exame caiu apenas o que você não sabia?"
Professores
Pró-reitora de graduação da Unesp (universidade paulista que obteve mais conceitos cinco), Sheila Pinho disse que a escola obteve bom desempenho principalmente devido à "qualificação do corpo docente".
"A maioria dos nossos professores têm doutorado e dedicação integral à universidade, o que possibilita fazer pesquisa e extensão", disse Pinho.
A pró-reitora apontou também que o próprio aluno que ingressa na instituição "já é muito bom". Isso ocorre, segundo ela, porque o vestibular consegue selecionar bem os estudantes para os cursos.
A reitora da Universidade Cruzeiro do Sul (que obteve um curso nota cinco), Sueli Cristina Marquesi, concorda que os alunos que ingressam nas instituições públicas estão mais bem preparados --por serem gratuitas e terem mais tradição, os vestibulares dessas universidades são mais concorridos.
Para suprir a defasagem, Marquesi afirmou que a instituição oferece atividades de acompanhamento para os estudantes ingressantes, em áreas como leitura e interpretação de texto. "Os alunos não chegam prontos ao ensino superior", declarou.
A reitora disse que sua instituição obteve um bom desempenho porque conseguiu inserir os alunos em atividades de pesquisa e de interação com a comunidade. "Tentamos mostrar a prática desde o início."
Já a Universidade Ibirapuera afirmou que o boicote da turma do quarto ano de química levou o curso a ter nota um.
O Enade 2005 avaliou 277.476 estudantes de 5.511 cursos de todo o país. As regiões Sul e Nordeste ficaram empatadas em primeiro lugar com o maior percentual de cursos com os conceitos mais altos (29,9% e 29,8%, respectivamente). No Sudeste, o índice ficou em 27,6%.
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