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01/09/2006 - 09h55

Kassab improvisa escola em alojamento

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PAULO SAMPAIO
da Folha de S.Paulo

A Prefeitura de São Paulo transferiu 280 crianças da escola de lata Albert Sabin, na região de Interlagos, zona sul, para três salas de aula improvisadas num antigo alojamento de operários da construção civil.

Remanejadas há cerca de um mês, as crianças ficarão no local improvisado durante o período em que a gestão Gilberto Kassab (PFL) constrói uma escola de alvenaria --o fim das salas de lata tem sido usado como argumento de campanha do ex-prefeito José Serra (PSDB) ao governo estadual.

As obras ainda não começaram. O prazo inicial para entrega, de 60 dias, saltou para 90 --isso, se começarem mesmo em 15 dias, como se diz na escola.

Enquanto isso, as crianças não passam mais seis horas no colégio, mas apenas quatro; como não há cozinha, em vez de almoçar e jantar, têm comido o que as agentes chamam de "lanche seco": bolachas, pão com manteiga, salsicha, chocolate e café com leite.

As quatro salas de 54 m² da escola de lata foram substituídas por três de 30 m²: a solução encontrada para acomodar as crianças, que estão na pré-escola, foi juntar duas turmas em aulas simultâneas, com duas professoras --uma em cada extremo da sala. "Ninguém merece!", diz uma das professoras (ninguém se identifica por temer represália), na sala lotada.

O barracão com divisórias de madeira fica no alto de um barranco e foi cedido à prefeitura pela Associação de Moradores da Favela Vila da Paz.

Além da altura do barranco, considerada por professores e pais como perigosa para uma escola de crianças do "prezinho", o lugar não está capinado nem limpo. "Aqui está infestado de ratos. Às vezes passa um no pé da gente", dizem agentes de limpeza e alimentação.

O pátio de recreação funciona em uma construção inacabada, ao lado dos barracões de madeira, onde 26 crianças brincavam ontem. Trata-se de uma espécie de edícula ainda no reboco, sem teto, com buracos no lugar da porta e das janelas, que as crianças chamam de "castelo". "Hoje não está a turma toda, alguns faltaram. São 35", diz uma recreadora.

Em uma das salas há uma cartolina na parede, com lembretes em letras grandes. Um deles é "não ir ao barranco". Mas crianças do prezinho sabem ler? "Uma parte do que está escrito elas entendem, outra é o que chamamos de 'combinado'. São tratos que fazemos com elas", diz outra professora.

Solange Aparecida Baldan, da Associação de Moradores da Favela da Paz, que cedeu o barracão, diz que, sem essas instalações, as crianças poderiam ficar sem estudar. "O lugar mais próximo daqui seria o autódromo de Interlagos, muito longe. Os pais não iam poder levar as crianças todos os dias até lá."

O vereador Carlos Gianazzi (PT) diz que salas comerciais poderiam ter sido alugadas.

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