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06/11/2006 - 09h53

País busca combinar educação de jovens e profissionalização

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LUCIANA CONSTANTINO
da Folha de S.Paulo

Quando tinha 16 anos, Fábio Cardoso da Rosa decidiu trocar a casa da mãe pela da irmã e, para isso, precisou trabalhar. Parou de estudar na sétima série. Há quatro anos, Alan de Oliveira Nunes deixou a oitava série para fazer "bicos" porque precisou ajudar a manter a casa.

Ambos voltaram às aulas há três meses, em Gama (DF), atraídos pela possibilidade de completar os estudos e, ao mesmo tempo, fazer curso de profissionalização. É exatamente o desafio de combinar programas que aumentem a escolaridade dos jovens com a preparação para o mercado de trabalho o tema da 1ª Conferência Nacional de Educação Profissional e Tecnológica, que começou ontem e vai até quarta-feira.

O evento reunirá pesquisadores, especialistas e governos. Avaliará projetos como ProJovem e Escola de Fábrica, que dão bolsas para que os alunos terminem os estudos e façam cursos de capacitação. Também debaterá como ampliar a oferta de vagas.

Outro tema será o financiamento da rede de ensino profissional, hoje sem uma forma permanente de sustentação. Após a revogação de uma lei de 1998, a União voltou no ano passado a investir na ampliação de escolas técnicas. Estão prometidas 32 até o fim do ano e outras 32 para 2007, que se somarão às cerca de 140 já sob a responsabilidade federal. A previsão é aplicar mais de R$ 1 bilhão no setor em 2007.

Nesse contexto também está o Proep (Programa de Expansão da Educação Profissional), iniciado em 1998 em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento, com R$ 600 milhões para construir e equipar escolas. No debate eleitoral, o candidato Geraldo Alckmin (PSDB) atacou o petista Luiz Inácio Lula da Silva dizendo que havia sido paralisado. O ministro Fernando Haddad diz que o Proep foi reavaliado em 2003 porque algumas escolas previstas não tinham viabilidade. Obras em andamento foram concluídas. Agora, negocia-se o Proep 2.

Juventude

Tudo isso porque o Brasil vive a maior onda jovem, com 35 milhões de brasileiros de 16 a 24 anos. Mas a faixa de 16 e 17 anos enfrentava em 2004 uma taxa de desemprego de 24,2%, muito maior que a média nacional --10%. Houve ainda aumento de jovens de 15 a 17 anos fora da escola de 2003 a 2005, atingindo 18%.

"O Brasil não tem uma cultura de adotar o ensino técnico na escola pública. Isso está fazendo com que o nível médio atraia cada vez menos o jovem. Nosso desafio é combinar a educação de jovens e adultos com a profissionalização", defende Haddad. Para ele, outro ponto que precisa ser discutido é a aproximação do Sistema S (Senai, Sesi etc.) com a o ensino médio.

O presidente do Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação), Mozart Neves Ramos, destaca que é preciso pensar em formas de atrelar a formação profissional à cadeia produtiva. "Às vezes, o emprego existe, mas não há mão-de-obra preparada para preencher as vagas", diz.

Grau completo

A pesquisa "O Efeito-Diploma no Brasil", de Anna Crespo (Princeton University) e Maurício Cortez Reis (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), mostra que, quando a pessoa completa um grau de estudo, pode ter rendimento maior. O primário completo aumenta 15% os rendimentos. Secundário e o superior, 18% e 23%.

É exatamente essa possibilidade que levou Fábio e Alan de volta aos bancos escolares.

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