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12/12/2000 - 09h25

Resumão/atualidades: Chile: de Allende a Pinochet

ROBERTO CANDELORI
especial para a Folha de S.Paulo

Londres, outubro de 1998: Augusto Pinochet é detido por determinação da Justiça espanhola, que exige sua extradição para julgá-lo por crimes cometidos durante a ditadura chilena (1973-90).

Autoridades britânicas autorizaram a extradição no segundo semestre de 1999, mas os advogados do general recorreram da decisão. Em janeiro deste ano, exames médicos indicaram que Pinochet não teria condições físicas para enfrentar um julgamento.

Finalmente, em março, a Justiça inglesa decidiu que o ditador não seria extraditado e autorizou seu retorno ao país.

A história do ex-general se confunde com a brutal ditadura militar chilena, responsável por milhares de mortes nos anos 70. Líder que comandou o golpe contra o presidente Salvador Allende em setembro de 1973, Pinochet esteve por 17 anos à frente de um dos mais duros regimes ditatoriais da América Latina.

Médico e socialista, Allende liderou a coligação da Unidade Popular (frente de partidos de esquerda), chegando ao Palácio de La Moneda, com mais de 34% dos votos nas eleições de 1970. Disposto a implantar um governo de orientação socialista, estatizou o sistema financeiro e nacionalizou a exploração do cobre.

Essas reformas foram condenadas pela elite, que, destituída do poder, armou o plano de desestabilização, apoiado pela CIA, conduzindo o país a uma crise generalizada. Traído pelos militares, o presidente preferiu o suicídio à renúncia.

Depois de Fidel Castro, a ascensão de Allende representava um perigo para a hegemonia americana no continente. Documentos divulgados recentemente confirmam a participação da CIA no golpe do Chile.

Durante anos, Washington apoiou sem restrições o regime de Pinochet. Derrotado pelo "NO" no plebiscito de 88, o general assumiu a chefia do Exército após a eleição de Patrício Aylwin, primeiro presidente da redemocratização. Ganhou o posto de senador vitalício a partir de 98, quando deixou o comando do Exército.

Segundo dados oficiais, foram mais de 3.000 mortos e centenas de desaparecidos. Durante a Caravana da Morte, horas depois do golpe, um grupo de oficiais ligados ao general torturou e matou, sem misericórdia, 72 presos políticos.

Agora, ironicamente, Pinochet foi libertado pelo governo britânico por razões humanitárias. Humanidade que ele não reconheceu naqueles que ousaram fazer-lhe oposição.

Roberto Candelori é professor de atualidades do colégio Pueri Domus e coordenador da Cia. de Ética


 

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