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13/02/2007
-
10h50
Colaboração para a Folha de S.Paulo
Carlos Eduardo Rizzo e Silva, 18, que está no segundo ano da faculdade de engenharia na USP, lembra bem de seu primeiro dia na universidade. "Depois que fiz a matrícula, fui para o trote, cortaram meu cabelo e me pintaram inteiro. Eu queria isso, estava muito feliz, queria gritar, zoar", conta. Ele participou do futebol de sabão, andou com uma melancia na cabeça, fez pedágio. "Valeu a pena participar. É um estágio da vida que não volta mais", diz.
O estudante diz que só não gostou de ver alguns veteranos se excederem. "Não aconteceu comigo, mas vi veterano obrigando calouro a pular na lama e a pagar cerveja", lembra. O trote é um dos grandes fantasmas da entrada na universidade. As brincadeiras que deveriam coroar o momento de alegria dos calouros acabam, vez ou outra, com violência.
O caso mais grave ocorreu em 1999, quando o calouro do curso de medicina da USP Edison Tsung Chi Hsueh foi achado morto na piscina da atlética após uma festa de recepção aos calouros. Até hoje os acusados não foram punidos.
Depois disso, as universidades e estudantes passaram a se unir para organizar festas mais saudáveis e fica cada vez mais comum a prática do trote cidadão, em que os calouros participam de atividades sociais, como coleta de livros e alimentos e doação de sangue, em vez de serem humilhados.
Há até premiação para os projetos de trote cidadão mais interessantes. A Fundação Educar DPaschoal vai premiar os três melhores projetos com um curso sobre voluntariado no espaço acadêmico. "O objetivo é incentivar a mudança do trote humilhante para o cidadão", diz Camila Bellenzani, coordenadora de projetos da fundação. Na Faculdade de Engenharia da Unesp de Bauru, o trote só vai ser permitido na semana de recepção e será monitorado por professores e funcionários.
"Antes, na matrícula, será coibido e haverá a distribuição de orientações sobre o assunto", diz Jair de Souza Manfrinato, vice-diretor da faculdade. No ano passado, seis veteranos da faculdade aplicaram trote violento em calouros e, por isso, sofreram processo administrativo. "Neste ano, três deles quiseram participar da semana de recepção aos calouros e os outros três tiveram de ser obrigados", conta o professor.
Segurança reforçada
Na Unifran (Universidade de Franca, no interior paulista), onde no ano passado o então calouro Thiago Rosa Caretta, 22, foi vítima de queimadura por um produto químico durante o trote, a segurança foi reforçada nos primeiros dias de aula.
Além disso, a universidade criou um programa de recepção aos calouros chamado "Salve Bixo!". As turmas de estudantes que conseguirem mais doações de alimentos e de sangue ganharão prêmios, como TV e DVD, máquina fotográfica e aparelho de mp3. Haverá ainda palestras sobre voluntariado e responsabilidade social empresarial.
Na USP, Carlos Eduardo, que considera ter sido bem-recebido pelos veteranos no ano passado, participa agora dos preparativos do Grêmio Politécnico para a recepção aos calouros e promete se esforçar para tornar a festa calorosa. "Quero mostrar a universidade para eles e mostrar que temos que participar de alguma coisa, além de estudar .Pode ser do grêmio, da atlética, do movimento estudantil. A universidade é o momento para viver tudo", afirma. (FN)
Colaborou GABRIELA YAMADA, da Folha Ribeirão
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Carlos Eduardo Rizzo e Silva, 18, que está no segundo ano da faculdade de engenharia na USP, lembra bem de seu primeiro dia na universidade. "Depois que fiz a matrícula, fui para o trote, cortaram meu cabelo e me pintaram inteiro. Eu queria isso, estava muito feliz, queria gritar, zoar", conta. Ele participou do futebol de sabão, andou com uma melancia na cabeça, fez pedágio. "Valeu a pena participar. É um estágio da vida que não volta mais", diz.
O estudante diz que só não gostou de ver alguns veteranos se excederem. "Não aconteceu comigo, mas vi veterano obrigando calouro a pular na lama e a pagar cerveja", lembra. O trote é um dos grandes fantasmas da entrada na universidade. As brincadeiras que deveriam coroar o momento de alegria dos calouros acabam, vez ou outra, com violência.
O caso mais grave ocorreu em 1999, quando o calouro do curso de medicina da USP Edison Tsung Chi Hsueh foi achado morto na piscina da atlética após uma festa de recepção aos calouros. Até hoje os acusados não foram punidos.
Depois disso, as universidades e estudantes passaram a se unir para organizar festas mais saudáveis e fica cada vez mais comum a prática do trote cidadão, em que os calouros participam de atividades sociais, como coleta de livros e alimentos e doação de sangue, em vez de serem humilhados.
Há até premiação para os projetos de trote cidadão mais interessantes. A Fundação Educar DPaschoal vai premiar os três melhores projetos com um curso sobre voluntariado no espaço acadêmico. "O objetivo é incentivar a mudança do trote humilhante para o cidadão", diz Camila Bellenzani, coordenadora de projetos da fundação. Na Faculdade de Engenharia da Unesp de Bauru, o trote só vai ser permitido na semana de recepção e será monitorado por professores e funcionários.
"Antes, na matrícula, será coibido e haverá a distribuição de orientações sobre o assunto", diz Jair de Souza Manfrinato, vice-diretor da faculdade. No ano passado, seis veteranos da faculdade aplicaram trote violento em calouros e, por isso, sofreram processo administrativo. "Neste ano, três deles quiseram participar da semana de recepção aos calouros e os outros três tiveram de ser obrigados", conta o professor.
Segurança reforçada
Na Unifran (Universidade de Franca, no interior paulista), onde no ano passado o então calouro Thiago Rosa Caretta, 22, foi vítima de queimadura por um produto químico durante o trote, a segurança foi reforçada nos primeiros dias de aula.
Além disso, a universidade criou um programa de recepção aos calouros chamado "Salve Bixo!". As turmas de estudantes que conseguirem mais doações de alimentos e de sangue ganharão prêmios, como TV e DVD, máquina fotográfica e aparelho de mp3. Haverá ainda palestras sobre voluntariado e responsabilidade social empresarial.
Na USP, Carlos Eduardo, que considera ter sido bem-recebido pelos veteranos no ano passado, participa agora dos preparativos do Grêmio Politécnico para a recepção aos calouros e promete se esforçar para tornar a festa calorosa. "Quero mostrar a universidade para eles e mostrar que temos que participar de alguma coisa, além de estudar .Pode ser do grêmio, da atlética, do movimento estudantil. A universidade é o momento para viver tudo", afirma. (FN)
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