Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
24/01/2001 - 20h48

Secretaria quer avaliar formação de professores "leigos de luxo"

RAFAEL GARCIA
da Folha Online

A Secretaria de Educação de São Paulo propôs à Apeoesp (sindicato dos professores da rede estadual) que os currículos dos professores temporários formados pelo Programa Especial de Formação Pedagógica sejam avaliados antes deles poderem ser classificados na mesma faixa dos professores com licenciatura convencional.

Segundo diretores da entidade, a proposta foi feita em reunião entre e a assessora técnica da secretaria, Eliana Bucci, e representantes dos professores que correm o risco de ficar para trás na fila da atribuição de aulas.

Por causa de uma resolução da secretária Rose Neubauer, os "leigos de luxo" (termo criado por ela para os formados pelo programa especial) só poderiam escolher locais e horários de aula após os outros professores esgotarem suas opções. Essa situação mudaria para os docentes que tivessem o currículo avaliado e aprovado pela secretaria.

O impasse ainda ocorre porque, pela proposta inicial da secretaria, esse critério valeria apenas a partir de 2002. Como este ano letivo tem início marcado para 8 de fevereiro, não haveria tempo para fazer as avaliações.

Logo antes da reunião desta tarde, a Apeoesp realizou um protesto contra a separação dos professores em frente ao prédio da secretaria, reunindo cerca de 80 professores em torno de um caminhão de som.

A secretaria prometeu dar uma resposta à Apeoesp até sexta-feira (26), após avaliar a viabilidade das propostas em debate.

"Leigos de luxo"

Entre os chamados "leigos de luxo" estão engenheiros que ensinam matemática, advogados que ensinam português e outros profissionais formados em cursos de bacharelado, que só fizeram a licenciatura no programa especial, depois de terminar a graduação. Eles representam cerca de 2% do total de 220 mil professores da rede estadual, segundo a secretaria.

Os cursos do Programa Especial de Formação Pedagógica foram concebidos pelo CNE (Conselho Nacional de Educação) na resolução 2 de 1996. A medida foi tomada para suprir a falta de professores em regiões carentes, aproveitando profissionais de outras áreas.

A secretária alega que a motivação do CNE para criar os novos cursos justifica que os "leigos de luxo" fiquem para trás na fila, porque eles teriam a formação menos completa do que os outros. Rose Neubauer cita casos em que há distorções, como o de um professor formado em Educação Física, mas que dava aula de português.

A reclamação da Apeoesp é que situações como essa não são maioria, e professores com até 20 anos de experiência de sala de aula correm o risco de ficar para trás na fila da atribuição de aulas, atrás de recém formados com diploma de licenciatura.

Professores que escolhem escolas e horários por último correm o risco de ter de trabalhar longe de casa e ficar com poucas aulas.

Tecnicamente, a Secretaria Estadual não pode recusar um diploma amparado pela resolução 2, mas Rose Neubauer diz que tem o direito de separá-los na atribuição. "É uma prerrogativa da secretaria criar prioridades", diz.

"Se o problema é qualidade de ensino, por que a secretaria aceitou esses professores no ano passado?", diz Maria Izabel Noronha, presidente da Apeoesp. Segundo ela, a medida da secretária não resolve os problema de formação, apenas coloca professores para dar aula em escolas menos disputadas.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página