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20/02/2001 - 13h10

Universidades comunitárias diminuem adesão ao Fies

JÚLIO CÉSAR BARROS
da Folha Online

Os estudantes de várias universidades comunitárias do país vão ter de se esforçar para conseguir uma vaga no Fies (Financiamento Estudantil) neste ano. Isso porque as universidades católicas, metodistas e PUCs diminuíram a adesão ou até mesmo desistiram por estarem se sentindo prejudicadas pelo programa.

O motivo da desistência é que as instituições não recebem em dinheiro a parte que o governo paga da mensalidade dos alunos beneficiados. O Ministério da Educação repassa o valor do financiamento por meio de títulos que servem para o pagamento da dívida do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

De acordo com Rodrigo Lamego, diretor executivo da Abruc (Associação Brasileira das Universidades Comunitárias), o valor a abater do INSS vem superando o valor a ser pago, e as entidades ficam com os títulos encalhados.

"Era como se eu recebesse um vale do governo para gastar R$ 500 de gasolina por mês, mas meu custo com o combustível fosse de apenas R$ 300. Todo mês, eu praticamente perderia R$ 200, já que não posso usar esse dinheiro para outra finalidade", diz Lamego.

"Esses títulos se transformaram em passivos que as universidades não têm como se livrar deles. Quem sai perdendo com essa situação são os estudantes, que ficam com menos vagas de financiamento", disse.

Segundo Lamego, desde o início das atividades do Fies, a associação vem tentando um acordo junto ao ministro da Previdência, Waldeck Ornélas, mas não chegaram a um acordo. "Já nos encontramos várias vezes com o ministro e com outros representantes do ministério, mas a situação não é resolvida e nem uma saída é apontada. O ministério permanece irredutível aos nossos apelos", afirma ele.

O diretor do Fies, Aurélio Hauschild, informou hoje que as PUCs de São Paulo e do Rio de Janeiro são exemplos de instituições que diminuíram sensivelmente o valor a ser financiado. "Entre as maiores instituições ligadas à Abruc, as duas foram as que mais diminuíram."

A PUC-SP, que em 1999, primeiro ano do programa, teve mil vagas, irá disponibilizar em 2001 apenas 100 vagas para os seus 23 mil alunos.

"O valor deste ano é o máximo que as universidades poderiam participar. Elas ainda têm a esperança que tudo se resolva neste ano e os títulos possam ser resgatados", defende-se o diretor executivo.

A Unisinos (Universidade do Vale do Rio dos Sinos) de São Leopoldo, Rio Grande do Sul, a segunda maior universidade particular do Brasil e a maior católica do país, ficou de fora do programa. A Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba) e a Unicap (Universidade Católica de Pernambuco) foram outras duas renomadas instituições que ficaram de fora do Fies.

Apesar das 972 adesões deste ano no Fies, número superior às 816, em 2000, houve diminuição na adesão das 34 instituições ligadas à Abruc. Apenas 16 aderiram ao programa e todas elas reduziram o valor disponível para financiamentos.

As instituições que ficaram de fora do Fies correspondem a 200 mil alunos que não poderão concorrer a uma vaga no financiamento.

O Fies, existente desde 1999, beneficia 102 mil alunos em todo o Brasil, que podem receber financiamento de 10% a 70%, de acordo com desejo do aluno. Neste ano, será disponibilizado R$ 590 milhões, para beneficiar 30 mil alunos, no primeiro semestre, e 20 mil no segundo.

As inscrições devem ser feitas no site do Fies na internet: www.mec.gov.br/sesu/fies. O prazo final para que os estudantes se credenciem ao Fies termina no dia 23 de março.
 

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