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03/10/2000
-
14h02
especial para a Folha de S.Paulo
Refém de um mandato suspeito, o presidente do Peru, Alberto Fujimori, ocupa novamente as páginas do noticiário. Vladimiro Montesinos, homem forte do governo, chefe do Serviço Nacional de Informação, está sendo acusado de subornar um deputado de oposição. O episódio vem confirmar as suspeitas de fraude nas últimas eleições.
Diante dos fatos e das imagens, Fujimori anunciou à nação que deixará o cargo e antecipará as eleições presidenciais.
Eleito em 89 pelo Movimento Independente Cambio 90, chegou à Presidência disposto a reduzir a inflação (7.000% ao ano) e combater o terrorismo do Sendero Luminoso e do MRTA (Movimento Revolucionário Tupac Amaru).
Alegando dificuldades para governar, articulou um "autogolpe" em 92. Fechou o Congresso e impôs restrições ao Judiciário.
Disposto a colocar fim às ações da guerrilha, Fujimori decretou em 90 a Lei de Mobilização Nacional, dando aos militares poder absoluto na luta contra o terrorismo. Essa perseguição radical resultou na prisão do líder senderista Abimael Guzmán em 92, que foi apresentado em uma jaula, como um animal. Em 95, ancorado pelo sucesso das medidas contra o terrorismo e a hiperinflação, foi reeleito.
Ostentando grande popularidade e próximo dos militares, aprovou em 96 a emenda que lhe permitiu concorrer ao terceiro mandato. Com base num artifício jurídico, usou como argumento o fato de que seu primeiro governo (90-95) deu-se sob a vigência da Constituição anterior.
Para agravar ainda mais a crise institucional provocada pela emenda da reeleição, o MRTA ocupou, em dezembro de 96, a embaixada do Japão em Lima durante uma recepção para 450 convidados. Após 126 dias de ocupação, Fujimori ordenou a invasão, e 14 integrantes do grupo guerrilheiro foram mortos. Libertados 72 reféns, o presidente capitalizou o episódio e aumentou sua popularidade.
Em resumo, "El Chino" cumpriu a promessa. Controlou a inflação, que hoje está em torno de 4%, desfechou um golpe fatal no terrorismo e reduziu em quase 70% as áreas de plantio de coca. Mas, incapaz de colocar limites à própria vaidade, apropriou-se desse terceiro mandato.
Mergulhado num escândalo, tenta buscar uma saída que lhe tire o posto, mas não o poder. Com esse novo golpe, começa a preparar o terreno para voltar em 2006.
Roberto Candelori é professor de atualidades do colégio Pueri Domus
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Leia mais notícias de educação na Folha Online
RESUMÃO/ATUALIDADES: Alberto Fujimori e o terceiro mandato
ROBERTO CANDELORIespecial para a Folha de S.Paulo
Refém de um mandato suspeito, o presidente do Peru, Alberto Fujimori, ocupa novamente as páginas do noticiário. Vladimiro Montesinos, homem forte do governo, chefe do Serviço Nacional de Informação, está sendo acusado de subornar um deputado de oposição. O episódio vem confirmar as suspeitas de fraude nas últimas eleições.
Diante dos fatos e das imagens, Fujimori anunciou à nação que deixará o cargo e antecipará as eleições presidenciais.
Eleito em 89 pelo Movimento Independente Cambio 90, chegou à Presidência disposto a reduzir a inflação (7.000% ao ano) e combater o terrorismo do Sendero Luminoso e do MRTA (Movimento Revolucionário Tupac Amaru).
Alegando dificuldades para governar, articulou um "autogolpe" em 92. Fechou o Congresso e impôs restrições ao Judiciário.
Disposto a colocar fim às ações da guerrilha, Fujimori decretou em 90 a Lei de Mobilização Nacional, dando aos militares poder absoluto na luta contra o terrorismo. Essa perseguição radical resultou na prisão do líder senderista Abimael Guzmán em 92, que foi apresentado em uma jaula, como um animal. Em 95, ancorado pelo sucesso das medidas contra o terrorismo e a hiperinflação, foi reeleito.
Ostentando grande popularidade e próximo dos militares, aprovou em 96 a emenda que lhe permitiu concorrer ao terceiro mandato. Com base num artifício jurídico, usou como argumento o fato de que seu primeiro governo (90-95) deu-se sob a vigência da Constituição anterior.
Para agravar ainda mais a crise institucional provocada pela emenda da reeleição, o MRTA ocupou, em dezembro de 96, a embaixada do Japão em Lima durante uma recepção para 450 convidados. Após 126 dias de ocupação, Fujimori ordenou a invasão, e 14 integrantes do grupo guerrilheiro foram mortos. Libertados 72 reféns, o presidente capitalizou o episódio e aumentou sua popularidade.
Em resumo, "El Chino" cumpriu a promessa. Controlou a inflação, que hoje está em torno de 4%, desfechou um golpe fatal no terrorismo e reduziu em quase 70% as áreas de plantio de coca. Mas, incapaz de colocar limites à própria vaidade, apropriou-se desse terceiro mandato.
Mergulhado num escândalo, tenta buscar uma saída que lhe tire o posto, mas não o poder. Com esse novo golpe, começa a preparar o terreno para voltar em 2006.
Roberto Candelori é professor de atualidades do colégio Pueri Domus
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