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02/06/2001 - 04h20

Alunos de pedagogia preparam protestos contra o provão

RAFAEL GARCIA
da Folha Online

Os alunos de pedagogia de diversos cursos de São Paulo estão preparando formas de protesto contra o provão, o Exame Nacional de Cursos.

Este será o primeiro ano em que os pedagogos formandos serão avaliados. As entidades estudantis ligadas às faculdades de pedagogia preparam reações que vão desde cartas com moções de repúdio ao boicote à prova no dia 10.

As críticas ao formato do exame são inúmeras. "O provão é um sistema que pressupõe a avaliação dos cursos por meio da avaliação dos alunos, mas essa relação não é tão direta", diz Samantha Neves, aluna de pedagogia da USP (Universidade de São Paulo).

O Diretório Central dos Estudantes da USP tenta realizar neste ano uma campanha conjunta de boicote ao exame do MEC. Mas não será fácil.

A campanha pela entrega das provas em branco vem perdendo força ao longo dos anos, e no ano passado apenas os alunos de jornalismo, psicologia e biologia fizeram boicotes significativos o suficiente para tirar nota "E". Em cursos mais tradicionais, como medicina e direito, a nota foi o "A".

No mês passado, o conselho da universidade fez uma reunião para discutir se a instituição deveria se "desligar" do provão. Uma votação apertada decidiu que a USP não deveria enfrentar o MEC.

Os estudantes acreditam que campanha pelo boicote entre os alunos de pedagogia, porém, pode surtir mais efeito, já que a visão crítica sobre os sistemas de avaliação é uma das lições do curso.

Na opinião de Samantha, um dos problemas da aplicação do provão na área de pedagogia é que um prova única não daria conta de avaliar as inúmeras variedades de ensino que o curso oferece. "O próprio Inep reconhece que é um curso difícil de se avaliar porque possui diversas habilitações", diz.

Para a estudante Gisele Alba Natali, da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), o provão de pedagogia também terá de lidar com diferenças regionais. "O processo de avaliação é fragmentado porque não leva em conta o local do curso. Os programas nas diversas regiões do país são diferentes porque a realidade local é diferente. Não há como uniformizar tudo", afirma.

No curso de pedagogia da PUC, a opção pelo boicote geral foi descartada, já que os alunos estão divididos sobre o que fazer. O centro acadêmico da faculdade está elaborando uma carta com críticas ao provão, que deverá ser grampeada na folha de respostas, no dia 10.

Neste ano, estudantes reunidos no Fonep (Fórum Nacional de Entidades de Pedagogia) decidiram em assembléia recomendar o boicote à prova. Alunos de pedagogia de outras universidades, como Unesp, Metodista e Unicamp também estão debatendo formas de protesto.

Para Samantha, o protesto contra o provão pode ganhar em razão de medidas impopulares tomadas pelo governo federal na gestão da carreira.

"Há dois anos, o governo tentou descredenciar os pedagogos para aulas em ensino infantil e fundamental. Um decreto do presidente dizia que só quem estivesse formado no curso normal superior poderia dar aula, mas o governo acabou recuando (...) O curso normal superior tem só dois anos e exclui atividades de pesquisa e extensão. Achamos que a formação tem de ser mais completa", afirma.
 

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