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23/08/2001 - 13h20

Enem perde força em vestibulares de universidades públicas

RAFAEL GARCIA
da Folha Online

O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) chega neste ano a sua quarta edição ganhando espaço entre os vestibulares das universidades particulares, mas perdendo força nos processos seletivos das universidades públicas.

Neste ano, o exame teve recorde de inscritos (1,6 milhão) e será aceito em 20% das instituições de ensino superior, segundo levantamento do MEC. Mas entre as 190 faculdades e universidades públicas listadas no último censo do ensino superior (1999), somente 38 vão usar o Enem no vestibular e a maioria das grandes universidades federais ainda está fora.

Apenas 17 das 52 Ifes (Instituições Federais de Ensino Superior) usam a nota do exame em seus vestibulares. Universidades tradicionais como UFRJ (Rio de Janeiro), UnB (Brasília), UFMG (Minas Gerais) e UFRGS (Rio Grande do Sul) deixaram o exame de lado até agora.

Segunda a professora Maria Inês Fini, coordenadora nacional do Enem, não é por falta de esforço do Inep que o exame deixa de ter importância maior. "Estamos mantendo um diálogo constante. Chamamos, apresentamos o Enem, fazemos seminário e discutimos com bases acadêmicas. Mas as universidades têm autonomia para decidir", diz.

Até agora, porém, nenhuma das grandes federais deu sinal de que poderá aderir ao Enem, segundo a professora.

Neste ano, além disso, o exame perdeu a importância nas federais de pelo menos dois Estados. Na UFPR (Universidade Federal do Paraná), a nota do Enem deixou de ter peso e será usada apenas como critério de desempate.

No Ceará, a universidade federal queria eliminar do vestibular os candidatos que tirassem zero no Enem, mas a regra foi anulada pela Justiça com a concessão de uma liminar a ação do procurador da República Adonis Callou. Segundo ele, isso tornaria obrigatório o comparecimento ao Enem, um exame que é facultativo. Com isso, a faculdade não usará mais o Enem como nota complementar no processo seletivo.

"Nós estamos acompanhando esse caso e achamos que a universidade vai conseguir derrubar a liminar. A universidade pode usar o critério que quiser para aproveitar o Enem", diz Maria Inês.

São Paulo

Grande parte da importância que o Enem ganhou em seus quatro anos de existência se deve a São Paulo, onde as três universidades públicas estaduais (USP, Unesp e Unicamp) aderiram ao exame.

Neste ano, porém, um estudo realizado pela USP mostrou que o Enem muda pouca coisa na hora de dizer quem passa ou não no vestibular vestibular da Fuvest, o maior do país. O fato de ter feito o exame do MEC só foi significativo para 1,5% dos candidatos.

Entre os outros 98,5%, aqueles que conseguiram passar na Fuvest teriam conseguido mesmo sem a "ajuda" do Enem, que vale um quinto da nota de primeira fase.

"Que poder o Enem tem de alteração valendo apenas 20% de 50%, que é a nota de primeira fase da Fuvest. (...) Nós estamos brigando para que o Enem seja a primeira fase", diz Maria Inês.

O estudo da USP aponta também que o efeito do Enem para a finalidade de inclusão social na universidade tem sido pequeno. O número de alunos aprovados que são egressos de escolas públicas, que em 2000 foi de 22%, aumentaria menos de um ponto percentual com o Enem.

Para Maria Inês, apesar de pequeno, o número é significativo e reflete uma tendência de mudar a composição dos alunos no ensino superior público. "É importante salientar o encorajamento ao aluno das escolas públicas de tentar os grandes vestibulares".

Se a prova da Fuvest fosse totalmente substituída pela do Enem, a porcentagem de alunos de escolas públicas na USP pularia para de 22% para 27%.

Saiba mais sobre o Enem
 

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