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06/09/2001
-
06h21
especial para a Folha
É com esse nome que o povo do Timor Leste pretende batizar a sua futura pátria. No idioma dos nativos, o tetum, Lorosae significa "de onde surge o Sol". Tudo indica que as trevas da colonização e da ocupação territorial indonésia chegaram ao fim.
Em 30 de agosto último, o povo foi às urnas para escolher a primeira Assembléia Constituinte, que terá como missão redigir a Carta Magna da nova nação e encaminhar o processo de transição até 2002, quando ocorrerão as eleições presidenciais. Participaram do pleito 16 partidos que disputaram os votos de 400 mil eleitores para eleger 88 representantes. Segundo sondagens, a Fretilin (Frente Revolucionária de Timor Leste Independente) deverá ficar com 80% das cadeiras do Parlamento.
Até meados de 1996, quando José Ramos Horta e Carlos Ximenes Belo foram agraciados com o Prêmio Nobel da Paz, pouco se sabia desse longínquo território sob administração portuguesa.
A Revolução dos Cravos de abril de 1974, que restaurou a democracia em Portugal, possibilitou aos timorenses sonhar com uma pátria livre, mas tropas da Indonésia tomaram a parte leste da ilha em dezembro de 1975. Seguiram-se mais de duas décadas de ocupação. O saldo desses tempos sombrios foi de aproximadamente 300 mil mortos, milhares de refugiados e o temor permanente de que as milícias pró-Indonésia voltem a usar a violência.
O primeiro passo em direção à independência ocorreu com um plebiscito realizado em agosto de 1999, quando 78,5% da população derrotou a proposta de autonomia política na forma de uma federação controlada pela Indonésia. O fim da hegemonia de Jacarta sobre a antiga colônia de Portugal deu lugar a Untaet (Administração Transitória de Timor Leste), sob o comando do diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello, nomeado pelas Nações Unidas.
O plebiscito marcou o fim da ocupação, e as eleições de agora representam o início de uma nova etapa na trajetória desse povo: a construção de uma nação. Segundo a imprensa, mais de 90% dos timorenses votaram, mesmo o voto não sendo obrigatório.
À espera das eleições presidenciais de 2002, o povo aponta seu eleito: José Alexandre Gusmão ou apenas Xanana Gusmão. Ex-chefe guerrilheiro, líder da resistência à ocupação militar indonésia, capturado em 1992 pelos militares de Jacarta e prisioneiro durante sete anos. Pressionado, finalmente admitiu candidatar-se à Presidência.
Xanana é muito popular, um orador carismático e incansável defensor da reconciliação. Seu nome aparece no Pacto de Unidade Nacional, assinado por 14 partidos, como o futuro presidente da futura nação livre e soberana: Timor Lorosae.
Roberto Candelori é coordenador da Cia. de Ética, professor da Escola Móbile e do Objetivo
RESUMÃO-ATUALIDADES: Timor Lorosae
ROBERTO CANDELORIespecial para a Folha
É com esse nome que o povo do Timor Leste pretende batizar a sua futura pátria. No idioma dos nativos, o tetum, Lorosae significa "de onde surge o Sol". Tudo indica que as trevas da colonização e da ocupação territorial indonésia chegaram ao fim.
Em 30 de agosto último, o povo foi às urnas para escolher a primeira Assembléia Constituinte, que terá como missão redigir a Carta Magna da nova nação e encaminhar o processo de transição até 2002, quando ocorrerão as eleições presidenciais. Participaram do pleito 16 partidos que disputaram os votos de 400 mil eleitores para eleger 88 representantes. Segundo sondagens, a Fretilin (Frente Revolucionária de Timor Leste Independente) deverá ficar com 80% das cadeiras do Parlamento.
Até meados de 1996, quando José Ramos Horta e Carlos Ximenes Belo foram agraciados com o Prêmio Nobel da Paz, pouco se sabia desse longínquo território sob administração portuguesa.
A Revolução dos Cravos de abril de 1974, que restaurou a democracia em Portugal, possibilitou aos timorenses sonhar com uma pátria livre, mas tropas da Indonésia tomaram a parte leste da ilha em dezembro de 1975. Seguiram-se mais de duas décadas de ocupação. O saldo desses tempos sombrios foi de aproximadamente 300 mil mortos, milhares de refugiados e o temor permanente de que as milícias pró-Indonésia voltem a usar a violência.
O primeiro passo em direção à independência ocorreu com um plebiscito realizado em agosto de 1999, quando 78,5% da população derrotou a proposta de autonomia política na forma de uma federação controlada pela Indonésia. O fim da hegemonia de Jacarta sobre a antiga colônia de Portugal deu lugar a Untaet (Administração Transitória de Timor Leste), sob o comando do diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello, nomeado pelas Nações Unidas.
O plebiscito marcou o fim da ocupação, e as eleições de agora representam o início de uma nova etapa na trajetória desse povo: a construção de uma nação. Segundo a imprensa, mais de 90% dos timorenses votaram, mesmo o voto não sendo obrigatório.
À espera das eleições presidenciais de 2002, o povo aponta seu eleito: José Alexandre Gusmão ou apenas Xanana Gusmão. Ex-chefe guerrilheiro, líder da resistência à ocupação militar indonésia, capturado em 1992 pelos militares de Jacarta e prisioneiro durante sete anos. Pressionado, finalmente admitiu candidatar-se à Presidência.
Xanana é muito popular, um orador carismático e incansável defensor da reconciliação. Seu nome aparece no Pacto de Unidade Nacional, assinado por 14 partidos, como o futuro presidente da futura nação livre e soberana: Timor Lorosae.
Roberto Candelori é coordenador da Cia. de Ética, professor da Escola Móbile e do Objetivo
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