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17/10/2000
-
08h50
especial para a Folha de S.Paulo
Como vimos na semana passada, as palavras sofrem alterações de forma e de significado no decorrer do tempo. Existem vários processos que dão origem a novos termos. Resultado da lei do menor esforço, a abreviação ou redução é um dos mais comuns entre eles.
É raro ouvirmos alguém dizer "pneumático" em vez de "pneu" ou "cinematógrafo" em lugar de "cinema", embora sejam as formas originais. Afinal, "pneu" é o que se refere ao ar, e "cinema" quer dizer movimento.
"Metrô", de origem francesa, é redução de "chemin de fer métropolitain" (estrada de ferro metropolitana). "Quilo" vem de "quilograma"; "pólio", de "poliomielite"; "pornô", de "pornográfico"; "extra", de "extraordinário"; "Pinda", de "Pindamonhangaba". "Kombi", de origem alemã, é redução de "kombinationsfahrzeug" (veículo combinado para carga e passageiros). "Automóvel" convive com sua abreviação "auto", que deu origem à palavra "auto-escola". Vale lembrar que "auto" (prefixo latino) significa "a si mesmo", mas, em "auto-escola", é a redução de "automóvel".
Caso semelhante ocorre com "motoboy", também formado a partir da abreviação de "motocicleta" ("moto"), à qual se prendeu a redução do estrangeirismo "office boy" ("boy"), vigente entre nós há bastante tempo.
Em "motoboy", existe a concorrência de elementos de línguas diferentes (português e inglês), o que faz da palavra um vocábulo híbrido. Embora malvistos por alguns gramáticos, os híbridos, além de comuns, são úteis à língua. "Televisão" e "telescópio", etimologicamente, têm o mesmo significado, ou seja, aparelho para ver de longe.
A idéia de distância está contida no radical grego "tele"; "visão", de origem latina, equivale a "scop", de origem grega. "Sambódromo" mistura línguas africanas ("samba", que é "animação") ao grego ("dromo", que é "pista").
Em "burocracia", também ocorre hibridismo. Do francês "bureau" (escritório) e do grego "-cracia" (administração), o termo nomeia a administração da coisa pública por funcionários de repartições sujeitos a rígida hierarquia e disciplina. Burocrático não é sinônimo de lento, embora muitos usem a palavra com esse sentido; a lentidão é um efeito da tramitação burocrática.
Há palavras que, inventadas para registro comercial de uma marca, acabam adquirindo a força de substantivos comuns. Foi o que ocorreu com "isopor"(de poros iguais), nome do poliestireno celular rígido, e com "cotonete".
Siglas também podem converter-se em substantivos. "Ibope" é hoje sinônimo de índice de audiência e até de prestígio. Essas são provas do dinamismo da língua, sempre pronta para incorporar o novo.
Thaís Nicoleti de Camargo é consultora de língua portuguesa da Folha e apresentadora das aulas de gramática do programa "Vestibulando", da TV Cultura
Leia mais sobre vestibular no Fovest Online
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RESUMÃO/PORTUGUÊS: Ainda sobre a origem das palavras
THAÍS NICOLETI DE CAMARGOespecial para a Folha de S.Paulo
Como vimos na semana passada, as palavras sofrem alterações de forma e de significado no decorrer do tempo. Existem vários processos que dão origem a novos termos. Resultado da lei do menor esforço, a abreviação ou redução é um dos mais comuns entre eles.
É raro ouvirmos alguém dizer "pneumático" em vez de "pneu" ou "cinematógrafo" em lugar de "cinema", embora sejam as formas originais. Afinal, "pneu" é o que se refere ao ar, e "cinema" quer dizer movimento.
"Metrô", de origem francesa, é redução de "chemin de fer métropolitain" (estrada de ferro metropolitana). "Quilo" vem de "quilograma"; "pólio", de "poliomielite"; "pornô", de "pornográfico"; "extra", de "extraordinário"; "Pinda", de "Pindamonhangaba". "Kombi", de origem alemã, é redução de "kombinationsfahrzeug" (veículo combinado para carga e passageiros). "Automóvel" convive com sua abreviação "auto", que deu origem à palavra "auto-escola". Vale lembrar que "auto" (prefixo latino) significa "a si mesmo", mas, em "auto-escola", é a redução de "automóvel".
Caso semelhante ocorre com "motoboy", também formado a partir da abreviação de "motocicleta" ("moto"), à qual se prendeu a redução do estrangeirismo "office boy" ("boy"), vigente entre nós há bastante tempo.
Em "motoboy", existe a concorrência de elementos de línguas diferentes (português e inglês), o que faz da palavra um vocábulo híbrido. Embora malvistos por alguns gramáticos, os híbridos, além de comuns, são úteis à língua. "Televisão" e "telescópio", etimologicamente, têm o mesmo significado, ou seja, aparelho para ver de longe.
A idéia de distância está contida no radical grego "tele"; "visão", de origem latina, equivale a "scop", de origem grega. "Sambódromo" mistura línguas africanas ("samba", que é "animação") ao grego ("dromo", que é "pista").
Em "burocracia", também ocorre hibridismo. Do francês "bureau" (escritório) e do grego "-cracia" (administração), o termo nomeia a administração da coisa pública por funcionários de repartições sujeitos a rígida hierarquia e disciplina. Burocrático não é sinônimo de lento, embora muitos usem a palavra com esse sentido; a lentidão é um efeito da tramitação burocrática.
Há palavras que, inventadas para registro comercial de uma marca, acabam adquirindo a força de substantivos comuns. Foi o que ocorreu com "isopor"(de poros iguais), nome do poliestireno celular rígido, e com "cotonete".
Siglas também podem converter-se em substantivos. "Ibope" é hoje sinônimo de índice de audiência e até de prestígio. Essas são provas do dinamismo da língua, sempre pronta para incorporar o novo.
Thaís Nicoleti de Camargo é consultora de língua portuguesa da Folha e apresentadora das aulas de gramática do programa "Vestibulando", da TV Cultura
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