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04/12/2001 - 18h09

Alunos brasileiros ficam em último lugar em ranking de educação

da Folha Online

Os estudantes brasileiros que participaram no ano passado do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) ficaram em último lugar na avaliação, que analisou pela primeira vez, o desempenho de estudantes com 15 anos nas redes pública e particular de ensino de 32 países.

O resultado do Pisa, organizado pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), foi divulgado hoje pelo Ministério da Educação. O Brasil fica em último tanto no ranking geral quanto no que leva em consideração índices socioeconômicos.

Na classificação geral os estudantes da Finlândia e do Canadá foram os primeiros colocados.

Cerca de 265 mil alunos de escolas públicas e privadas de 32 países fizeram no ano passado uma prova que enfatizava a leitura. No Brasil, 4.800 adolescentes participaram da amostra representativa dos estudantes de 15 anos matriculados nas 7ª e 8ª séries do ensino fundamental e nas 1ª e 2ª séries do ensino médio.

O objetivo do exame era verificar como as escolas estão preparando os jovens para os desafios futuros e detectar até que ponto os estudantes adquiriram conhecimentos e desenvolveram habilidades essenciais para a participação efetiva na sociedade.

A prova avaliou o desempenho dos alunos nas áreas de matemática, leitura e ciências. A leitura foi o item mais enfatizado. O Brasil ficou em último lugar nas três provas.

O Ministério da Educação atribui o mal desempenho do Brasil à defasagem da idade/série dos alunos da rede pública. "O atraso escolar é o grande problema da educação no Brasil", disse o ministro da Educação, Paulo Renato Souza.

Entre os estudantes com nove ou mais anos de escolarização, ou seja, sem atraso escolar, a média nacional chega a 431, numa escala que vai de zero a 625. Quando eles têm oito anos de estudo, a pontuação cai para 368 e com sete anos de estudo, é ainda menor, de 322.

Na média o Brasil ficou nota 396, caindo para o último lugar na lista da avaliação, que envolve 28 nações desenvolvidas e quatro emergentes: Brasil, Letônia, México e Rússia. Os estudantes da Finlândia atingiram 546 pontos.

De acordo com o MEC, se fosse considerado somente o desempenho dos estudantes brasileiros com nove anos ou mais, o país estaria no mesmo nível dos estudantes da Polônia, Grécia, Letônia, Rússia, Luxemburgo e México. Mas como a representatividade dos adolescentes na série correta para a idade é pequena em relação ao total, há pouca interferência na média geral.

A prova exigiu dos alunos, principalmente, a compreensão de leitura, a partir da identificação e recuperação de informações, interpretação e reflexão. Foram apresentadas várias situações cotidianas e uma série de questões para serem respondidas de acordo com os textos.

Os resultados mostram que a tendência do estudante brasileiro é "responder pelo que acham e não pelo que efetivamente está escrito", de acordo com analistas do Pisa.

A partir de um texto que informava que "uma enfermeira virá administrar a vacina", foram oferecidas quatro opções de resposta. Apesar de a metade dos alunos ter acertado a questão, 27% erraram pois marcaram como certa a alternativa com o enunciado: "um médico aplicará as vacinas".

Para o economista Cláudio de Moura Castro, um dos analistas do resultado do Pisa, "a resposta mostra que os alunos associam vacinação com médico e não foram preparados realmente a ater-se ao que diz o texto".

Para Castro, é possível identificar que os alunos respondem de acordo com suas opiniões e preconceitos mesmo quando a pergunta é objetiva e remete ao que está escrito no texto. "Tal forma primitiva de leitura não é compatível com a vida produtiva em uma sociedade moderna. Receitas de remédio, contratos e instruções de uso de programas de computador requerem uma interpretação fiel do texto."

O programa mostra, segundo o economista, que a escola brasileira não está ensinando seus alunos a ler um texto escrito e a retirar dele as conclusões e reflexões logicamente permitidas. "Das mil coisas e conteúdos que a escola faz ou tenta fazer, o Pisa está nos mostrando que ela se esquece da mais essencial: dar ao aluno o domínio da linguagem."

Com informações da Reuters, do MEC e da Folha de S.Paulo

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