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10/12/2001 - 20h20

Faculdade do Rio aprova semi-analfabeto

Free-lance para a Folha de S.Paulo

O padeiro Severino da Silva, que ainda está aprendendo a ler, foi aprovado em nono lugar no vestibular de direito da Universidade Estácio de Sá, no Rio.

Reportagem exibida no domingo pelo programa "Fantástico" (Rede Globo) mostrou que Silva não fez a redação e apenas marcou respostas A e B na prova de múltipla escolha.

O diretor da Estácio de Sá, Marcelo Campos, disse ontem que o padeiro foi aprovado no vestibular porque "contou com o aspecto sorte". Para Campos, o candidato teve sorte não só na prova de múltipla escolha - na qual as letras A e B, escolhidas por ele, "constituíam a maioria das opções".

Para o diretor, Silva foi beneficiado também na hora em que optou por prestar vestibular para direito, no turno da tarde do campus do Méier (bairro da zona norte carioca). "Tínhamos 20 vagas disponíveis e nove candidatos. Ele ficou em nono lugar, que, nesse caso, equivale à última colocação", afirmou Campos.

Quanto ao fato de Silva ter sido aprovado mesmo sem ter feito a prova de redação, Campos disse que a nota final é obtida por meio de uma média aritmética entre a nota da prova de múltipla escolha e a redação. "E ele foi muito bem na prova", afirmou.

Um dia após a reportagem do "Fantástico" (Rede Globo) ter divulgado a classificação do candidato analfabeto, o clima entre os alunos da Estácio de Sá era de revolta e constrangimento.

"Agora todo mundo me chama de analfabeta, inclusive meu namorado", disse a caloura Marta Siniscalchi, de educação física. Ela afirmou estar "morrendo de vergonha" de dizer para os amigos que estuda na Estácio de Sá.

Menos resignada, a fotógrafa Cecília Junqueira preferiu trancar a matrícula do curso de cinema. "O curso é muito fraco. Não aprendi nada e ainda paguei caro. É constrangedor dizer que estudei na Estácio. Ainda bem que estou trancando, porque meu diploma não valeria nada mesmo", disse.

O deputado estadual Chico Alencar (PT) disse ontem que pedirá um parecer do Conselho Estadual de Comunicação. "Chegamos ao ponto limite do ensino mercantilista", disse.

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