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04/04/2002 - 10h56

Apenas 1,7% dos isentos são aprovados na Fuvest

da Folha de S.Paulo

Apenas 1,7% dos 7.848 candidatos que prestaram Fuvest no ano passado sem pagar a taxa de inscrição foram aprovados nas três primeiras listas de chamada da USP. Apenas 131 isentos passaram no processo seletivo, sendo 104 em primeira chamada.

As informações fazem parte de um estudo do Naeg (Núcleo de Apoio aos Estudos de Graduação) com dados da Fuvest e do Coseas (Coordenadoria de Assistência Social da USP). Não foram computados os aprovados em outras instituições que também escolhem seus estudantes pela Fuvest.

O curso com mais isentos aprovados foi letras, com 47 nas três chamadas realizadas pela USP.
A inscrição no ano passado custou R$ 56, além dos R$ 7 do manual. Para conseguir a isenção, o candidato deveria ter renda familiar de no máximo R$ 275 e ter cursado o ensino fundamental e médio em escolas públicas.

Para a vice-diretora-executiva da Fuvest e professora da Faculdade de Educação da USP, Maria Thereza Fraga Rocco, um dos possíveis motivos para o baixo índice de aprovação dos isentos é a qualidade do ensino médio e fundamental recebidos pelos estudantes da rede pública. "Na Fuvest, ficam explícitas as deficiências do ensino público", disse ela.

Maria Thereza ressalta, entretanto, que a porcentagem total de aprovados vindos do ensino público é bem maior do que a dos isentos. Segundo dados do Naeg, no ano passado, 19% dos convocados para matrícula na USP em primeira chamada estudaram em escolas públicas.

A falta de condição financeira para pagar um cursinho que compense as deficiências do ensino médio não é uma explicação para a baixa taxa de aprovação, segundo Maria Thereza. "A imensa maioria dos pedidos de isenção é feita por meio de cursinhos populares. São raros os estudantes que fazem isso sozinhos."

Para o diretor-executivo do cursinho popular Educafro, frei David, a não-concessão de isenções para treineiros é um dos fatores que explicam o baixo aproveitamento. "Quem presta pela vestibular pela primeira vez costuma errar parte das questões por causa do nervosismo e da falta de experiência", diz ele, que afirmou ter enviado carta à USP, reivindicando a isenção para os treineiros.

Segundo Maria Thereza, a carta ainda não chegou ao conhecimento da Fuvest. Ela afirmou que a instituição pretende ampliar a política de isenções, "desde que as pessoas provem que são carentes". O número máximo de candidatos que poderiam deixar de pagar a inscrição, entretanto, não poderia ser muito grande. "A Fuvest depende financeiramente do dinheiro das inscrições, que banca todo o nosso funcionamento."

Evasão

As bolsas surgem como uma tentativa da universidade de evitar que os estudantes de baixa renda aumentem as já altas taxas de evasão registradas pela USP (no ano passado, dos 7.354 aprovados, cerca de 1.800 desistiram).

"Nosso atendimento aos isentos é o mesmo oferecido aos outros estudantes, mas, como os critérios usados para determinar quem não paga a inscrição são os mesmos utilizados para conceder bolsas, é natural que eles recebam os benefícios", disse diretora da divisão de promoção social do Coseas, Marisa Lupe.

O Coseas, segundo Marisa, oferece atualmente 1.400 bolsas-moradia, 500 hospedagens de curta duração, 1.100 bolsas-alimentação e 600 bolsas-trabalho.

O segundo curso com mais isentos aprovados foi licenciatura em matemática e física, com 12, e depois geografia, com sete. Esses estudantes também conquistaram vagas cursos mais concorridos como veterinária e economia. (ANDRÉ NICOLETTI)
 

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