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02/06/2002 - 04h54

Bar de ex-PM tem até serviço vip para clientes gays

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da Folha de S.Paulo

Em uma pequena rua residencial do Itaim Paulista, periferia da zona leste de São Paulo, o ex-PM Irineu Ribeiro, 40, abriu um discreto bar para o público gay. Sem letreiro, o Berdaches (nome dado pelos europeus a índios americanos que assumiam o papel do sexo oposto) é um sucesso entre o público gay da região. Tem até um serviço vip para alguns clientes, que são buscados em casa.

Ribeiro faz as contas: para ir aos bares gays do centro da cidade, um morador da região não gasta menos do que R$ 15 -isso se ficar a seco, sem tomar um refrigerante. "Os lugares aqui nos aceitavam, mas, na hora do beijo, vinha a censura", conta.

Ribeiro lembra que recebeu "um balde de água fria" do irmão quando teve a idéia do bar. "Hoje ele é meu sócio."

É na rua do bar que o Itaim Paulista fará seu primeiro manifesto gay na próxima semana.

"Nunca houve um evento aqui para dizermos somos gays, nós existimos, queremos respeito", diz Josué Paulino de Farias Filho, 32, um dos organizadores.

Os comerciantes não quiseram, ainda, patrocinar a decoração do evento. Com isso, a festa, afirma Farias, não deverá ter as cores do arco-íris que são o símbolo do movimento gay.

"Sabemos que depois da festa a concepção das pessoas será diferente", afirma. Estão programados shows de drag queens, palestras com lideranças do movimento, distribuição de camisinhas e panfletos sobre prevenção à Aids.

Além de oferecer diversão e educação, o núcleo gay do Itaim Paulista tem ajudado a orientar pais de jovens homossexuais que vivem na região.

Na escola

"Dei uma respirada depois que conheci os dois", diz uma dona-de-casa cujo filho, de 13 anos, homossexual, não quer ir à escola ou conversar sobre o assunto. Ribeiro e Farias acompanham o caso do menino. Informam a mãe sobre os seus passos e intermediaram uma reunião na escola para a discussão do caso do garoto.

Foi a luta dos dois organizadores que também garantiu uma quadra em uma escola do distrito para lésbicas poderem disputar um campeonato de futebol.

"Muitos aqui não têm acesso a nada do que é oferecido pelo governo. Nós tentamos arrumar emprego, reciclagem profissional e passar alguma coisa sobre cidadania nas reuniões", afirma Roberto Bartolomeu, um dos fundadores da Associação de Gays, Lésbicas e Simpatizantes de Itaquera-São Miguel, também na periferia da zona leste.

Um dos últimos acolhidos foi um rapaz de 21 anos, expulso de casa pelos pais por ser homossexual. Bartolomeu conseguiu um emprego para o rapaz na loja de um comerciante gay.

O núcleo gay da favela Vila Dalva recebe denúncias de preconceito e chega a interferir em algumas situações. Uma das piores foi a briga entre um homossexual e um usuário de drogas, que ameaçava jogar o oponente em uma fogueira. "Ele só não fez nada em respeito a mim", diz o líder Jucinério Felix Filho.

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