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03/06/2002 - 16h18

Sexo inseguro é motivo de debate entre os jovens

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JAIRO BOUER
colunista da Folha

Por que deixar a camisinha de lado na hora H? Essa pergunta alimentou uma calorosa discussão nas últimas semanas entre os leitores da coluna "Sexo e Saúde" do Folhateen.

Embora os jovens tenham informação e saibam que a camisinha é fundamental, tem muita gente vacilando.

Além dos motivos óbvios: preço, falta de informação, dificuldade em encontrar o preservativo no momento da transa, o que será que passa na cabeça e no corpo dessa galera?

Os especialistas apontam que a atual geração de jovens, apesar de ser a mais informada sobre sexo de que se tem notícia, ficou mais distante da fase mais dura da epidemia da Aids e, portanto, enxerga menos risco na doença. Tratamentos mais eficazes para combater o HIV e a possibilidade (ainda que distante) de uma vacina acabaram contribuindo para que as pessoas se cuidassem menos.

Até uma população que foi muito trabalhada, como a comunidade homossexual, mostra hoje um comportamento de risco maior do que há uma década.

Um motivo que sempre preocupou a moçada é a gravidez indesejada. O medo de que um filho apareça antes da hora faz com que muitos casais adotem a camisinha. Mas os namoros amadurecem, as pílulas são adotadas, a intimidade aumenta e a camisinha vai para o espaço!

O que o jovem pensa? Resolvemos checar a opinião de mais leitores. A diminuição do prazer mexeu com um deles que namora há mais de dois anos e até hoje não dispensou o uso do preservativo: "Não adianta falar que é a mesma coisa, porque não é. Pode ser bom também, mas não tanto. Acho as campanhas pró-camisinha hipócritas e ineficientes".

Uma leitora reforça essa opinião: "Concordo com a importância da camisinha, mas não encontrei um modo de ter uma relação confortável com ela. Meu namorado também, mas ele supera melhor a situação."

Por outro lado, outra garota diz que a história da falta de sensibilidade é coisa de brasileiro: "Tive mais namorados europeus e esses nunca questionaram a presença do óbvio. Estou com um nórdico, e até hoje ele nunca veio com essa história de mais prazer e blablablá".

Outra desculpa é o medo de a camisinha piorar o desempenho nas primeiras transas. "Sabia que deveria usar, mas, como tinha medo de broxar, quando conseguia ficar excitado, queria fazer a penetração. Hoje, uso sempre. Mas isso rolou depois que transei mais de 200 vezes e ganhei confiança."

Em salas de bate-papo de jovens voltadas para pessoas que procuram o sexo casual, encontram-se sem dificuldades pessoas dispostas a correr esse tipo de risco. Leia alguns comentários: "A camisinha tira o tesão! Eu estou zerado! Quando confio na pessoa e acho que vale a pena, acabo topando sem camisinha". Ou ainda a informação incorreta: "Mesmo sem camisinha dá para fazer legal. É só gozar fora na hora H".

Circula pela internet até mesmo uma proposta de pessoas que procuram fazer sexo sem camisinha e encaram o risco como parte da experiência sexual e do prazer. Esse comportamento é conhecido como "bareback" (do inglês "bare", nu, e "back", atrás).

Descontando o exagero dos "barebackers" e do anonimato das salas de chat, o que se observa é que muita gente está pensando mais do que antes se deve ou não usar camisinha na hora da transa. Situação que deveria mudar rápido!

Mesmo admitindo uma possível diminuição de sensibilidade, o medo de a camisinha atrapalhar o desempenho ou o receio de que a pausa para a colocação possa esfriar o calor da hora, vale lembrar que essas sensações e temores podem ser ultrapassados com um pouco de prática, experiência, carinho e intimidade.

Viver com autonomia para a vida sexual sem ter de enfrentar fantasmas como gravidez indesejada, DSTs e Aids já deveria ser o melhor dos motivos para que todos usassem camisinha sempre. Se esse não é mais um bom motivo, é hora de começar a repensar o que está acontecendo.

Será que correr riscos tem de estar presente na busca do prazer? Será que esquecer o risco é o caminho mais saudável para ser feliz? Não precisa nada disso! Dá para ter prazer, e muito, sem correr riscos. E a camisinha está aí para garantir isso. Ela não deve e nem pode ir para o espaço.
 

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