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16/06/2002
-
09h56
ROBERTO DE OLIVEIRA
da Folha de S.Paulo
Chiquinha grita e se agita ao perceber a aproximação humana. Até se dar conta de que é gente "do bem", a macaca-prego fica histérica. Tal agitação e insegurança têm suas razões. Há oito anos, ela vivia acorrentada em uma oficina mecânica na periferia de São Paulo, onde sofria, entre outros maus-tratos, violência sexual.
Tanto tempo depois, Chiquinha ainda guarda traumas. Não é a única. Cerca de 300 animais, todos vítimas de mutilação, abandono e tráfico vivem situação semelhante na Associação Santuário Ecológico Rancho dos Gnomos, em Cotia (Grande São Paulo).
Uma das vedetes do espaço ecológico, a veada-catingueira Bambina, de sete anos, por exemplo, foi encontrada recém-nascida, num saco de lixo. Três corujas não podem voar porque perderam uma das asas em disputa de tiro ao alvo e hoje não sobreviveriam na natureza. Três leões chegaram de um circo subnutridos, doentes e -os dois filhotes- banguelas.
O santuário abriga aves, um tigre-de-bengala, macacos, cavalos, vaca, cabras, 75 gatos e 72 cães, numa área de 35 mil m2. Os animais silvestres foram capturados pelas polícias Civil e Ambiental e pelo Ibama. Os domésticos, recolhidos pelos donos do santuário.
Alimentação não é problema. Redes como Carrefour e Pão de Açúcar ajudam a engrossar as 2,5 toneladas de ração consumidas mensalmente fornecendo carne, fruta e legumes. A dificuldade é o alojamento. Seria necessário construir abrigos para os animais silvestres, adaptando o habitat natural, e canis para os domésticos. Hoje, os filhotes de leões estão abrigados provisoriamente em apertados caminhões-jaulas, enquanto aguardam um espaço adequado. A Secretaria de Educação, Esporte e Turismo de Cotia criou um projeto para transformar o santuário em uma área permanente de educação ambiental, mas falta dinheiro para a reforma.
Sem recursos, os fundadores do rancho, o casal Silvia, 40, e Marcos Pompeu, 36, que já arcam com os custos da infra-estrutura, estão lançando uma campanha do tipo "pague, mas não leve". Qualquer pessoa pode "adotar" um animal, doando ração, alimentos, remédios e dinheiro para a construção dos abrigos. Os principais colaboradores terão seus nomes numa placa, ao lado dos recintos dos bichos, que continuarão no santuário.
Se a campanha for bem-sucedida, o santuário poderá voltar a receber animais, como elefantes, ursos e girafas que estão na lista de espera, e ser aberto para visitas monitoradas de educação ambiental. "Só assim, poderemos reverter um pouco a violência contra os animais", diz Silvia.
como ajudar
Santuário Rancho dos Gnomos (www.ranchodosgnomos.org.br), tel. 4616-2703. Doação: qualquer quantia em dinheiro ou entrega de ração, alimentos e remédios
Animais vítimas de maus-tratos podem ganhar alojamento em rancho
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da Folha de S.Paulo
Chiquinha grita e se agita ao perceber a aproximação humana. Até se dar conta de que é gente "do bem", a macaca-prego fica histérica. Tal agitação e insegurança têm suas razões. Há oito anos, ela vivia acorrentada em uma oficina mecânica na periferia de São Paulo, onde sofria, entre outros maus-tratos, violência sexual.
Tanto tempo depois, Chiquinha ainda guarda traumas. Não é a única. Cerca de 300 animais, todos vítimas de mutilação, abandono e tráfico vivem situação semelhante na Associação Santuário Ecológico Rancho dos Gnomos, em Cotia (Grande São Paulo).
Uma das vedetes do espaço ecológico, a veada-catingueira Bambina, de sete anos, por exemplo, foi encontrada recém-nascida, num saco de lixo. Três corujas não podem voar porque perderam uma das asas em disputa de tiro ao alvo e hoje não sobreviveriam na natureza. Três leões chegaram de um circo subnutridos, doentes e -os dois filhotes- banguelas.
O santuário abriga aves, um tigre-de-bengala, macacos, cavalos, vaca, cabras, 75 gatos e 72 cães, numa área de 35 mil m2. Os animais silvestres foram capturados pelas polícias Civil e Ambiental e pelo Ibama. Os domésticos, recolhidos pelos donos do santuário.
Alimentação não é problema. Redes como Carrefour e Pão de Açúcar ajudam a engrossar as 2,5 toneladas de ração consumidas mensalmente fornecendo carne, fruta e legumes. A dificuldade é o alojamento. Seria necessário construir abrigos para os animais silvestres, adaptando o habitat natural, e canis para os domésticos. Hoje, os filhotes de leões estão abrigados provisoriamente em apertados caminhões-jaulas, enquanto aguardam um espaço adequado. A Secretaria de Educação, Esporte e Turismo de Cotia criou um projeto para transformar o santuário em uma área permanente de educação ambiental, mas falta dinheiro para a reforma.
Sem recursos, os fundadores do rancho, o casal Silvia, 40, e Marcos Pompeu, 36, que já arcam com os custos da infra-estrutura, estão lançando uma campanha do tipo "pague, mas não leve". Qualquer pessoa pode "adotar" um animal, doando ração, alimentos, remédios e dinheiro para a construção dos abrigos. Os principais colaboradores terão seus nomes numa placa, ao lado dos recintos dos bichos, que continuarão no santuário.
Se a campanha for bem-sucedida, o santuário poderá voltar a receber animais, como elefantes, ursos e girafas que estão na lista de espera, e ser aberto para visitas monitoradas de educação ambiental. "Só assim, poderemos reverter um pouco a violência contra os animais", diz Silvia.
como ajudar
Santuário Rancho dos Gnomos (www.ranchodosgnomos.org.br), tel. 4616-2703. Doação: qualquer quantia em dinheiro ou entrega de ração, alimentos e remédios
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