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25/07/2002 - 10h03

No Carandiru, ratos e pombos não vão à panela

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IVAN FINOTTI
da Folha de S.Paulo

O médico Drauzio Varella, que iniciou um trabalho na Casa de Detenção, no Carandiru, em 1989, conta que nunca ouviu falar de presos cozinhando ratos ou pombos. "No Carandiru não tem coisas desse tipo", afirma.

"O que existe, e muito, é o chamado "recorte'", conta Varella. "Recorte" é uma espécie de re-preparação dos pratos. "Os presos pegavam o bife e faziam daquilo uma carne ensopada, com molho de tomate e cebolas."

No início dos anos 90, quem cuidava da cozinha do Carandiru eram os próprios presos. Para fazer comida para mais de 7.000 detentos, trabalhavam cerca de 70 cozinheiros, liderados pelo trio Zelão, Flavinho e Capote.

Em seu best-seller "Estação Carandiru", Varella conta que, certa vez, sumiu da cozinha um facão de cortar carne. O trio de chefs procurou, e nada.

"Às duas da tarde, Capote proferiu o ultimato.

-A partir das cinco horas, vai morrer um cozinheiro por dia até o facão aparecer!

Quinze minutos depois, misteriosamente, o facão despencou de uma janela do pavilhão nove e retornou ao devido lugar."

Em 95, a direção do presídio contratou uma empresa para fornecer as refeições, o que desagradou os presos, segundo Varella. "O "recorte" continuou, mesmo com a chegada das quentinhas prontas", conta o médico.

Nutricionista

A nutricionista Janete Maculevicius, diretora da nutrição do Hospital das Clínicas, não se lembra de ter internado ninguém por ter comido ratos ou pombos, mas definitivamente não recomenda o hábito.

"No Brasil, existe uma parcela da população que come preá, que também é um roedor. Da mesma forma, tem quem coma pombo."

"Mas esses animais são normalmente consumidos no campo. Ratos e pombos urbanos transmitem doenças graves. Alimentam-se de detritos e água contaminada e são portadores de doenças", diz a nutricionista.



 

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