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04/10/2002
-
15h56
MARIANA TIMÓTEO DA COSTA
da BBC
O Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos anunciou nesta sexta-feira uma verba de US$ 10 milhões para que cientistas de dez centros americanos e europeus identifiquem as causas genéticas da anorexia nervosa.
O estudo, que será coordenado pela Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, será o maior já realizado sobre a doença no mundo - com a participação de 400 famílias que têm pelo menos duas pessoas com o problema.
O transtorno alimentar, que atinge 0,5% da população e 2% das mulheres, é considerado uma doença psiquiátrica altamente incapacitante, que pode até matar caso não seja tratada a tempo. Quem sofre do mal geralmente perde bastante peso porque simplesmente se recusa a comer, com medo de engordar.
Em entrevista à BBC Brasil, o médico Ian Jones, da Universidade de Birmingham, na Grã-Bretanha, um dos centros que vão participar do estudo, diz que a pesquisa pode trazer boas alternativas para o combate à doença.
Sem tratamento
"A anorexia afeta principalmente adolescentes e mulheres de até 30 anos e prejudica profundamente a vida dessas pessoas. Descobrindo as origens genéticas do problema, podemos definir uma linha de tratamento. Hoje, nenhum medicamento ou terapia é considerado eficaz contra a anorexia", explica Jones.
O cientista conta que há uma forte suspeita entre os centros psiquiátricos internacionais de que a anorexia tem uma forte base nos genes. Uma mutação (ou pequena alteração) em um ou mais genes tornaria a pessoa mais suscetível ao problema.
"Vamos verificar não só a região do cromossomo onde estão genes possivelmente associados à doença, como também se essas alterações são passadas de pais para filhos", diz Jones.
A região do DNA onde suspeita-se que esses genes estejam é o cromossomo 1, já previamente associado a outras doenças mentais.
Ian Jones vê dois benefícios futuros da pesquisa. O primeiro é poder detectar, ainda cedo, se uma pessoa irá sofrer de anorexia no futuro - podendo tratá-la antes de os sintomas aparecerem.
O segundo é a possibilidade de a descoberta dos genes tornar os cientistas capazes de desenvolver medicamentos que poderiam "corrigir" o defeito genético.
Genes e meio ambiente
No entanto, o pesquisador lembra que - assim como qualquer outra doença mental como depressão ou ansiedade - a anorexia também tem relação com o meio ambiente em que a sua vítima vive.
Um dos objetivos da pesquisa também é descobrir até que ponto os genes provocam a doença, ou até que ponto o meio ambiente influencia seu aparecimento.
"Sabemos que jovens com problemas familiares, ou muito inseguros, correspondem normalmente ao perfil do anoréxico. Resta saber os motivos que levam alguns desses jovens a desenvolver o problema, e outros não. Para mim, a explicação está nos genes", conta Jones.
Os médicos consideram anoréxica uma pessoa que pesa menos de 85% do peso considerado normal para a idade e altura.
Origem genética da anorexia será estudada nos EUA
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da BBC
O Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos anunciou nesta sexta-feira uma verba de US$ 10 milhões para que cientistas de dez centros americanos e europeus identifiquem as causas genéticas da anorexia nervosa.
O estudo, que será coordenado pela Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, será o maior já realizado sobre a doença no mundo - com a participação de 400 famílias que têm pelo menos duas pessoas com o problema.
O transtorno alimentar, que atinge 0,5% da população e 2% das mulheres, é considerado uma doença psiquiátrica altamente incapacitante, que pode até matar caso não seja tratada a tempo. Quem sofre do mal geralmente perde bastante peso porque simplesmente se recusa a comer, com medo de engordar.
Em entrevista à BBC Brasil, o médico Ian Jones, da Universidade de Birmingham, na Grã-Bretanha, um dos centros que vão participar do estudo, diz que a pesquisa pode trazer boas alternativas para o combate à doença.
Sem tratamento
"A anorexia afeta principalmente adolescentes e mulheres de até 30 anos e prejudica profundamente a vida dessas pessoas. Descobrindo as origens genéticas do problema, podemos definir uma linha de tratamento. Hoje, nenhum medicamento ou terapia é considerado eficaz contra a anorexia", explica Jones.
O cientista conta que há uma forte suspeita entre os centros psiquiátricos internacionais de que a anorexia tem uma forte base nos genes. Uma mutação (ou pequena alteração) em um ou mais genes tornaria a pessoa mais suscetível ao problema.
"Vamos verificar não só a região do cromossomo onde estão genes possivelmente associados à doença, como também se essas alterações são passadas de pais para filhos", diz Jones.
A região do DNA onde suspeita-se que esses genes estejam é o cromossomo 1, já previamente associado a outras doenças mentais.
Ian Jones vê dois benefícios futuros da pesquisa. O primeiro é poder detectar, ainda cedo, se uma pessoa irá sofrer de anorexia no futuro - podendo tratá-la antes de os sintomas aparecerem.
O segundo é a possibilidade de a descoberta dos genes tornar os cientistas capazes de desenvolver medicamentos que poderiam "corrigir" o defeito genético.
Genes e meio ambiente
No entanto, o pesquisador lembra que - assim como qualquer outra doença mental como depressão ou ansiedade - a anorexia também tem relação com o meio ambiente em que a sua vítima vive.
Um dos objetivos da pesquisa também é descobrir até que ponto os genes provocam a doença, ou até que ponto o meio ambiente influencia seu aparecimento.
"Sabemos que jovens com problemas familiares, ou muito inseguros, correspondem normalmente ao perfil do anoréxico. Resta saber os motivos que levam alguns desses jovens a desenvolver o problema, e outros não. Para mim, a explicação está nos genes", conta Jones.
Os médicos consideram anoréxica uma pessoa que pesa menos de 85% do peso considerado normal para a idade e altura.
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