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11/10/2002 - 14h38

Novo tratamento contra aneurisma é alternativa à cirurgia convencional

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KÁTIA FERRAZ
free-lance para a Folha Online

A costureira Francisca Bezerra dos Santos, 57, é uma das primeiras pacientes a se submeter ao novo tratamento contra aneurisma. Uma substância líquida, um polímero chamado Onyx, vem sendo aplicada em três hospitais brasileiros: Beneficência Portuguesa, Hospital São Paulo (da Unifesp) e Hospital Santa Rita.

"Durante quase vinte anos percorri inúmeros médicos e hospitais e nunca havia obtido resposta para o meu problema. Cheguei até a ser internada como louca em hospitais psiquiátricos e o meu sofrimento parecia não ter fim. Quando finalmente resolveram fazer uma tomografia, no início deste ano, foram detectados dois aneurismas cerebrais, sendo que um deles estava prestes a explodir e causar uma hemorragia. Então decidi me submeter a esse novo tratamento, e é como se tivesse uma nova vida agora", diz Francisca.

Segundo Francisca, a recuperação foi rápida e ela voltou às suas atividades na mesma semana. "Não só estou fazendo tudo o que fazia, como a minha vista melhorou e não sinto nenhum efeito colateral", diz.

O neuroradiologista Ronie Leo Piske, do Hospital Beneficência Portuguesa, explica que o tratamento com Onyx preenche 100% do aneurisma contra 40% da técnica anterior, em que são colocados espirais de platina no espaço do aneurisma, além de o risco ser bem menor do que em uma cirurgia convencional no crânio. "Outra vantagem é que conseguimos 'encapar' aneurismas grandes, de até 2,5 cm e o risco de reabrir o local é mínimo", afirma.

Por enquanto a técnica só está sendo utilizada nesses três hospitais, mas a partir deste mês o neurologista vai encabeçar um projeto de treinamento médico em toda a América Latina, visando capacitar novos profissionais e hospitais porque o procedimento é delicado e exige boa aparelhagem de angiografia -aparelho pelo qual a substância é monitorada até atingir o local.

"Este é um grande avanço da medicina, já que o aneurisma é um problema sério que afeta de 2% a 5% da população mundial. Quando ocorre a hemorragia cerebral, um terço dos pacientes morre, um terço tem sequelas e apenas um terço retorna à sua atividade normal. O avanço pode ser explicado porque com essa técnica você trata aneurismas complexos remodelando a artéria. Além disso, quando aplicamos o Onyx, a recuperação é rápida e os pacientes retomam sua vida normal, sem a necessidade de medicamentos", diz o médico.

O especialista acrescenta ainda que esse tipo de intervenção endovascular tem apresentado grandes vantagens em relação às intervenções convencionais, com índice de sucesso e redução de riscos e efeitos colaterais. Tanto que a idéia é de que, em um futuro próximo, a técnica também seja usada para tratamento de alguns tipos de tumores e derrame cerebral, entre outros.
 

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