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13/02/2003
-
07h53
VINICIUS CARRASCO
free-lance para a Folha
Até os seis meses, é fácil: o melhor leite é o da mãe. Mas, quando se trata de alimentar pessoas de qualquer outra idade, a escolha é bem difícil: as gôndolas e os refrigeradores dos supermercados exibem uma quantidade cada vez maior de leites diferenciados.
Esses leites se dividem em dois grandes grupos. Os enriquecidos são turbinados com a adição de vitaminas (A, complexo B, C, D e E), minerais (ferro e cálcio) e fibras. Já os funcionais são formulados com substâncias que possuem propriedades específicas, como os ácidos ômega 3 e 6, que atuam sobre os sistemas imunológico e cardiovascular.
Em um país com grande incidência de anemia infantil provocada por deficiência de ferro, um leite enriquecido com esse mineral é bem-vindo. Mas não obrigatório. "É possível suprir a necessidade de ferro com a alimentação sem fazer uso desse leite", afirma o pediatra Marcelo Silber, do hospital Albert Einstein (SP).
O mesmo raciocínio vale para os demais leites enriquecidos: eles são uma fonte a mais de nutrientes, mas não são a única opção.
O leite enriquecido com cálcio, por exemplo, é indicado principalmente para pessoas com deficiência desse mineral e para quem sofre de osteoporose. Não é possível, porém, fazer a suplementação de cálcio somente bebendo esse leite, afirma Jamil Natour, reumatologista da Unifesp e presidente da Sociedade Paulista de Reumatologia.
"A quantidade de cálcio do leite enriquecido é insuficiente para a complementação. Além do leite e de remédios específicos, essas pessoas devem recorrer a derivados como o queijo, que possuem maior concentração do cálcio", explica o médico.
O leite enriquecido com fibra ajuda bastante quem sofre de constipação. "Ele aumenta a proliferação de bactérias no intestino e, por isso, ajuda a regular o funcionamento desse órgão", afirma Daniel Magnoni, cardiologista e nutrólogo do Hospital do Coração (SP) e presidente da Sociedade Brasileira de Nutrição Clínica.
Indo além da nutrição, os leites funcionais chegaram ao mercado há cerca de cinco anos com objetivos mais ambiciosos: auxiliar na prevenção de doenças ou ser uma opção em casos de alterações no metabolismo.
O leite com lactose reduzida enquadra-se no segundo grupo. De acordo com Magnoni, 40% da população brasileira apresenta intolerância à lactose -o açúcar do leite. Vômitos e diarréias são alguns dos sintomas desse problema, que ocorre quando o organismo não produz quantidades suficientes de lactase, enzima secretada pela mucosa intestinal que "quebra" as moléculas do açúcar do leite.
Outras opções para quem sofre dessa intolerância são o leite-de-soja, que não contém lactose, e, em alguns casos, o leite de cabra, mais fácil de ser digerido porque possui menos açúcar que o leite de vaca.
Já para usufruir dos benefícios do outro leite funcional disponível no mercado, que contém ômega 3 e 6, é preciso ter muita sede. A ciência já provou que esses ácidos graxos poliinsaturados atuam na prevenção de doenças cardiovasculares. Mas os leites acrescidos de ômega 3 e 6 apresentam baixa eficácia, afirma Magnoni. Para atingir a quantidade recomendada de ômega 3 e 6, a pessoa precisa beber cerca de dois litros de leite funcional por dia. Mas ele ajuda a complementar a ingestão dessas substâncias.
Deixando de lado as adições, entra em cena uma classificação bem mais antiga, que se refere ao teor de gordura do leite. O leite integral, por exemplo, contém 3% de gordura, no mínimo. "Ele é rico em vitaminas e minerais importantes principalmente para crianças e adolescentes em período de crescimento", afirma Franco Maria Lajolo, professor do Departamento de Alimentos e Nutrição da USP.
Lajolo explica que pessoas com excesso de peso ou com níveis elevados de colesterol devem recorrer ao leite semidesnatado (de 0,6% a 2,9% de gordura) ou desnatado (até 0,5% de gordura). Embora tenham menos gordura, eles contêm praticamente a mesma quantidade de nutrientes do leite integral. ,
Colaborou Iva Oliveira
Leia mais:
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free-lance para a Folha
Até os seis meses, é fácil: o melhor leite é o da mãe. Mas, quando se trata de alimentar pessoas de qualquer outra idade, a escolha é bem difícil: as gôndolas e os refrigeradores dos supermercados exibem uma quantidade cada vez maior de leites diferenciados.
Esses leites se dividem em dois grandes grupos. Os enriquecidos são turbinados com a adição de vitaminas (A, complexo B, C, D e E), minerais (ferro e cálcio) e fibras. Já os funcionais são formulados com substâncias que possuem propriedades específicas, como os ácidos ômega 3 e 6, que atuam sobre os sistemas imunológico e cardiovascular.
Em um país com grande incidência de anemia infantil provocada por deficiência de ferro, um leite enriquecido com esse mineral é bem-vindo. Mas não obrigatório. "É possível suprir a necessidade de ferro com a alimentação sem fazer uso desse leite", afirma o pediatra Marcelo Silber, do hospital Albert Einstein (SP).
O mesmo raciocínio vale para os demais leites enriquecidos: eles são uma fonte a mais de nutrientes, mas não são a única opção.
O leite enriquecido com cálcio, por exemplo, é indicado principalmente para pessoas com deficiência desse mineral e para quem sofre de osteoporose. Não é possível, porém, fazer a suplementação de cálcio somente bebendo esse leite, afirma Jamil Natour, reumatologista da Unifesp e presidente da Sociedade Paulista de Reumatologia.
"A quantidade de cálcio do leite enriquecido é insuficiente para a complementação. Além do leite e de remédios específicos, essas pessoas devem recorrer a derivados como o queijo, que possuem maior concentração do cálcio", explica o médico.
O leite enriquecido com fibra ajuda bastante quem sofre de constipação. "Ele aumenta a proliferação de bactérias no intestino e, por isso, ajuda a regular o funcionamento desse órgão", afirma Daniel Magnoni, cardiologista e nutrólogo do Hospital do Coração (SP) e presidente da Sociedade Brasileira de Nutrição Clínica.
Indo além da nutrição, os leites funcionais chegaram ao mercado há cerca de cinco anos com objetivos mais ambiciosos: auxiliar na prevenção de doenças ou ser uma opção em casos de alterações no metabolismo.
O leite com lactose reduzida enquadra-se no segundo grupo. De acordo com Magnoni, 40% da população brasileira apresenta intolerância à lactose -o açúcar do leite. Vômitos e diarréias são alguns dos sintomas desse problema, que ocorre quando o organismo não produz quantidades suficientes de lactase, enzima secretada pela mucosa intestinal que "quebra" as moléculas do açúcar do leite.
Outras opções para quem sofre dessa intolerância são o leite-de-soja, que não contém lactose, e, em alguns casos, o leite de cabra, mais fácil de ser digerido porque possui menos açúcar que o leite de vaca.
Já para usufruir dos benefícios do outro leite funcional disponível no mercado, que contém ômega 3 e 6, é preciso ter muita sede. A ciência já provou que esses ácidos graxos poliinsaturados atuam na prevenção de doenças cardiovasculares. Mas os leites acrescidos de ômega 3 e 6 apresentam baixa eficácia, afirma Magnoni. Para atingir a quantidade recomendada de ômega 3 e 6, a pessoa precisa beber cerca de dois litros de leite funcional por dia. Mas ele ajuda a complementar a ingestão dessas substâncias.
Deixando de lado as adições, entra em cena uma classificação bem mais antiga, que se refere ao teor de gordura do leite. O leite integral, por exemplo, contém 3% de gordura, no mínimo. "Ele é rico em vitaminas e minerais importantes principalmente para crianças e adolescentes em período de crescimento", afirma Franco Maria Lajolo, professor do Departamento de Alimentos e Nutrição da USP.
Lajolo explica que pessoas com excesso de peso ou com níveis elevados de colesterol devem recorrer ao leite semidesnatado (de 0,6% a 2,9% de gordura) ou desnatado (até 0,5% de gordura). Embora tenham menos gordura, eles contêm praticamente a mesma quantidade de nutrientes do leite integral. ,
Colaborou Iva Oliveira
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