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07/05/2003
-
06h06
CLÁUDIA COLLUCCI
da Folha de S.Paulo
O hospital Albert Einstein realizou o primeiro transplante de cartilagem da América Latina, a partir de células da própria paciente, que havia sofrido uma lesão no joelho. O procedimento, feito pela equipe do ortopedista Moisés Cohen em parceria com Instituto Biológico, de Campinas, deve ser repetido em outras três pessoas ainda neste semestre.
A técnica consiste em retirar células de cartilagem (condrócitos) de uma região não-lesionada do joelho do paciente e multiplicá-las em laboratório. Um mês depois, essas células são injetadas na área afetada. A vantagem do método em relação aos demais, diz Cohen, é a formação de uma cartilagem igual à original.
A cartilagem é um tecido elástico, encontrado nas articulações, que serve de sustentação e dá mobilidade aos membros. Por ser flexível, ela impede que os ossos se desgastem, o que provoca dor.
Em seis meses, afirma Cohen, espera-se que o tecido enxertado esteja integrado à cartilagem ao redor da lesão. Durante esse período, a comissária de bordo Lucille Kanzawa, 39, que se submeteu ao transplante, continuará fazendo fisioterapia para fortalecer a região operada. Ela diz ter sofrido a primeira lesão no joelho há quatro anos, jogando basquete.
Um ano depois, voltou a sentir fortes dores no joelho durante uma escalada. Há dois anos, uma queda no banheiro do avião afastou-a do trabalho. "Não vejo a hora de largar essas muletas e não sentir mais dor", afirma Kanzawa.
Segundo o ortopedista Cohen, o transplante é indicado para traumas, como o de Kanzawa, ou fraturas do joelho. Em 40% das lesões nos joelhos, afirma o ortopedista, a cartilagem é afetada.
O transplante, que já é realizado nos EUA e na Suécia, tem indicações específicas. A lesão deve ser limitada e rodeada por uma boa quantidade de cartilagem para que, após o implante, haja capacidade de regeneração do tecido.
O tratamento, segundo o ortopedista, é indicado para pessoas de até 50 anos e não funciona para casos em que a lesão está disseminada por toda a região ou o tecido é muito fino, como na artrose e osteoporose, por exemplo.
Cohen afirma que os tratamentos convencionais -como remédios, suplementos alimentares e injeções, além de técnicas como a enxerto osteocondral (mosaicoplastia), em que se retira pedacinhos de osso e cartilagem de outro local para preencher a lesão- não têm efeito duradouro.
O Hospital Universitário da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e o HTO (Hospital de Traumato-Ortopedia) também estão realizando pesquisas com células de cartilagem e devem fazer o primeiro transplante dentro de duas semanas.
Segundo Lais Turqueto, 66, chefe do setor de cirurgia de joelho do HTO, 15 pessoas estão inscritas para se submeter ao transplante nos próximos meses.
SP faz primeiro transplante de cartilagem
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da Folha de S.Paulo
O hospital Albert Einstein realizou o primeiro transplante de cartilagem da América Latina, a partir de células da própria paciente, que havia sofrido uma lesão no joelho. O procedimento, feito pela equipe do ortopedista Moisés Cohen em parceria com Instituto Biológico, de Campinas, deve ser repetido em outras três pessoas ainda neste semestre.
A técnica consiste em retirar células de cartilagem (condrócitos) de uma região não-lesionada do joelho do paciente e multiplicá-las em laboratório. Um mês depois, essas células são injetadas na área afetada. A vantagem do método em relação aos demais, diz Cohen, é a formação de uma cartilagem igual à original.
A cartilagem é um tecido elástico, encontrado nas articulações, que serve de sustentação e dá mobilidade aos membros. Por ser flexível, ela impede que os ossos se desgastem, o que provoca dor.
Em seis meses, afirma Cohen, espera-se que o tecido enxertado esteja integrado à cartilagem ao redor da lesão. Durante esse período, a comissária de bordo Lucille Kanzawa, 39, que se submeteu ao transplante, continuará fazendo fisioterapia para fortalecer a região operada. Ela diz ter sofrido a primeira lesão no joelho há quatro anos, jogando basquete.
Um ano depois, voltou a sentir fortes dores no joelho durante uma escalada. Há dois anos, uma queda no banheiro do avião afastou-a do trabalho. "Não vejo a hora de largar essas muletas e não sentir mais dor", afirma Kanzawa.
Segundo o ortopedista Cohen, o transplante é indicado para traumas, como o de Kanzawa, ou fraturas do joelho. Em 40% das lesões nos joelhos, afirma o ortopedista, a cartilagem é afetada.
O transplante, que já é realizado nos EUA e na Suécia, tem indicações específicas. A lesão deve ser limitada e rodeada por uma boa quantidade de cartilagem para que, após o implante, haja capacidade de regeneração do tecido.
O tratamento, segundo o ortopedista, é indicado para pessoas de até 50 anos e não funciona para casos em que a lesão está disseminada por toda a região ou o tecido é muito fino, como na artrose e osteoporose, por exemplo.
Cohen afirma que os tratamentos convencionais -como remédios, suplementos alimentares e injeções, além de técnicas como a enxerto osteocondral (mosaicoplastia), em que se retira pedacinhos de osso e cartilagem de outro local para preencher a lesão- não têm efeito duradouro.
O Hospital Universitário da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e o HTO (Hospital de Traumato-Ortopedia) também estão realizando pesquisas com células de cartilagem e devem fazer o primeiro transplante dentro de duas semanas.
Segundo Lais Turqueto, 66, chefe do setor de cirurgia de joelho do HTO, 15 pessoas estão inscritas para se submeter ao transplante nos próximos meses.
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