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18/05/2003 - 06h51

Tatuagem vira "aliança de compromisso"

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CLÁUDIA COLLUCCI
da Folha de S.Paulo

Casais de namorados estão trocando a aliança por tatuagem como símbolo de compromisso. A prática é mais frequente entre os pares até 25 anos e com menos de seis meses de namoro, o que, não raro, leva ao arrependimento.

Segundo os tatuadores, é comum os jovens retornarem ao ateliê relatando o fim do relacionamento e pedindo para que a tatuagem seja refeita na tentativa de atenuar os vestígios do amor que não deu certo.

Nessa situação, há duas opções: ou os traços do desenho anterior são aproveitados para fazer uma nova figura ou é preciso preencher a primeira tatuagem e desenhar outra por cima.

Outra solução, mais cara, mais demorada e que nem sempre apaga por completo as marcas da paixão fracassada é o tratamento a laser, igual ao que está fazendo a cantora Kelly Key para apagar a tatuagem do ex-marido, o cantor Latino, na panturrilha.

Já prevendo que muitos amores podem não ser tão eternos assim, muitos tatuadores desaconselham a gravação de nomes ou de fotos dos parceiros.

Quando não consegue dissuadir o casal da gravação do nome, o tatuador Alessandro dell'Arno, 30, sugere que a dupla escolha letras estrangeiras (japonesas, chinesas ou árabes) ou que faça algo pequeno, que dê para cobrir facilmente com outra tatuagem em caso de arrependimento.

O alerta, porém, não convenceu os estudantes Bruno Franco de Oliveira, 21, e Fabiana Rodrigues de Sousa, 24, que namoram há um ano. Em novembro, quando completaram seis meses de namoro, eles decidiram tatuar um sagrado coração na costela esquerda de cada um. "É um lugar discreto e fica perto coração", justifica Fabiana.

Não bastasse o coração, que demorou três horas para ser tatuado, a estudante gravou dentro dele o nome do namorado. O mesmo fez Oliveira com o nome dela.

A idéia da tatuagem como sinal de compromisso surgiu logo após Fabiana voltar de uma viagem de um mês a Portugal, em julho do ano passado. "Ficar longe foi horrível. Descobrimos que não vivíamos mais um sem o outro", diz a quintanista de arquitetura da USP (Universidade de São Paulo).

Segundo Oliveira, o casal preferiu a tatuagem a uma aliança porque o desenho "é mais forte" para selar, simbolicamente, a união. "A gente queria mesmo era se casar, mas não temos condições financeiras para isso agora", diz Oliveira, que está no primeiro ano de administração, no Mackenzie.

Ambos moram com os pais, que só ficaram sabendo da tatuagem dias depois, quando o desenho já estava cicatrizado. "Minha mãe achou bonito. Meu pai não gosta de tatuagem, mas também não reclamou", conta Tatiana.

Na opinião do tatuador Dell'Arno, as pessoas devem optar por um desenho que não comprometa tanto em casos de rompimento.

É o caso da historiadora Mariana Gonçalves, 24, que, com um mês de namoro, gravou nas costas uma estrela de quatro pontas, igual à do ex-namorado. "Estava apaixonada, mas fiz por mim, para marcar um momento especial na minha vida, o momento em que aprendi a amar."

O namoro acabou oito meses depois, mas Gonçalves diz que não se arrepende. Depois da estrela, seu corpo já ganhou o desenho de um peixe e o símbolo da reciclagem (três setas apontando uma única direção). O peixe é para selar a amizade entre ela e dois amigos, e as setas simbolizam a união dela com seus dois irmãos.

Ideogramas

O casamento da tatuadora Marianne Macedo, 25, e do gerente de call center Remo Lyra Signorini, 27, está duplamente simbolizado em duas tatuagens-uma estrela e uma outra com os nomes de ambos em letras árabes.

Logo no início do namoro, tatuaram os nomes. Depois do casamento e com a chegada da filha, Bruna, o casal resolveu gravar duas estrelas cada um. A maior carrega a primeira letra do nome do parceiro, e a menor traz a letra B, de Bruna. "Já nos separamos uma vez, mas nunca pensei em cobrir a tatuagem. Nada vai apagar o que passamos", diz ela.

Aos marinheiros e marinheiras de primeira viagem, Marianne sempre aconselha a opção por um símbolo discreto. "Se querem tatuar os nomes, orientamos para que escolham letras japonesas, chinesas ou árabes. São bonitas e passam por ideogramas."
 

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