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23/05/2003
-
02h56
AURELIANO BIANCARELLI
da Folha de S.Paulo
Quase 70% dos brasileiros, homens e mulheres, "transam quando dá vontade", "deixam rolar" e a relação acontece. Visto assim, pode parecer que o sexo ocorre com muita naturalidade.
Não é bem assim. Homens e mulheres têm apenas metade do número de relações semanais que gostariam de ter. Mesmo entre os jovens adultos, de 26 a 40 anos, em que predominam os casais, as mulheres têm em média 2,6 relações semanais, mas desejariam ter 4,4. Homens têm 3,4, mas gostariam de transar todos os dias.
Há algo que emperra ou impede o desejo, mesmo num país onde, das piadas às propagandas de cerveja, tudo é impregnado de sensualidade. Essa realidade e as possíveis explicações para ela aparecem na maior pesquisa sobre a vida sexual do brasileiro já feita no país, divulgada ontem. Foram ouvidos 7.103 pessoas, entre homens e mulheres de todas as classes sociais, com idade entre 18 e 70, em 13 Estados do país.
"Não ficamos apenas no aspecto sexual, perguntamos sobre questões afetivas e de vínculo", diz a psiquiatra Carmita Abdo, do Projeto Sexualidade, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, e coordenadora do estudo.
Três anos atrás, ela coordenou outra pesquisa, com um contingente menor e metade dos 87 itens levantados agora. Na época, foi financiada pela Pfizer, agora, pela Lilly. Não por acaso, os dois laboratórios -além da Bayer- têm no mercado drogas orais para disfunção erétil.
Alguns dados da pesquisa explicariam porque há mais gente querendo fazer sexo do que fazendo. Por exemplo, 45,1% dos homens têm algum grau de disfunção erétil. Entre aqueles acima de 70 anos, 12,3% nunca têm ereção. Um quarto deles tem ejaculação precoce, um terço das mulheres sofre de dificuldade para atingir o orgasmo, outro terço relata problemas para se excitar e 17% têm dor na relação.
Essas razões são agravadas pelos hábitos de vida. Cerca de um terço dos homens disse ter vida sedentária, comer mais do que o necessário ou trabalhar em excesso. Um quarto não descansa mesmo nas férias e dorme pouco.
O estudo constata que o desejo não diminui com a idade. As mulheres com mais de 60 anos desejariam ter 2,5 relações por semana, embora tenham 0,9. Entre os homens da mesma idade, as desejadas são 3,5 e as realizadas, 1,8.
Segundo estudo, brasileiro tem metade das relações sexuais que gostaria
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da Folha de S.Paulo
Quase 70% dos brasileiros, homens e mulheres, "transam quando dá vontade", "deixam rolar" e a relação acontece. Visto assim, pode parecer que o sexo ocorre com muita naturalidade.
Não é bem assim. Homens e mulheres têm apenas metade do número de relações semanais que gostariam de ter. Mesmo entre os jovens adultos, de 26 a 40 anos, em que predominam os casais, as mulheres têm em média 2,6 relações semanais, mas desejariam ter 4,4. Homens têm 3,4, mas gostariam de transar todos os dias.
Há algo que emperra ou impede o desejo, mesmo num país onde, das piadas às propagandas de cerveja, tudo é impregnado de sensualidade. Essa realidade e as possíveis explicações para ela aparecem na maior pesquisa sobre a vida sexual do brasileiro já feita no país, divulgada ontem. Foram ouvidos 7.103 pessoas, entre homens e mulheres de todas as classes sociais, com idade entre 18 e 70, em 13 Estados do país.
"Não ficamos apenas no aspecto sexual, perguntamos sobre questões afetivas e de vínculo", diz a psiquiatra Carmita Abdo, do Projeto Sexualidade, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, e coordenadora do estudo.
Três anos atrás, ela coordenou outra pesquisa, com um contingente menor e metade dos 87 itens levantados agora. Na época, foi financiada pela Pfizer, agora, pela Lilly. Não por acaso, os dois laboratórios -além da Bayer- têm no mercado drogas orais para disfunção erétil.
Alguns dados da pesquisa explicariam porque há mais gente querendo fazer sexo do que fazendo. Por exemplo, 45,1% dos homens têm algum grau de disfunção erétil. Entre aqueles acima de 70 anos, 12,3% nunca têm ereção. Um quarto deles tem ejaculação precoce, um terço das mulheres sofre de dificuldade para atingir o orgasmo, outro terço relata problemas para se excitar e 17% têm dor na relação.
Essas razões são agravadas pelos hábitos de vida. Cerca de um terço dos homens disse ter vida sedentária, comer mais do que o necessário ou trabalhar em excesso. Um quarto não descansa mesmo nas férias e dorme pouco.
O estudo constata que o desejo não diminui com a idade. As mulheres com mais de 60 anos desejariam ter 2,5 relações por semana, embora tenham 0,9. Entre os homens da mesma idade, as desejadas são 3,5 e as realizadas, 1,8.
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