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31/08/2003
-
05h57
da Folha de S.Paulo
Cerca de 40% das mulheres têm alguma disfunção sexual, e a principal delas costuma ser a falta de desejo. Esse cenário é comum a várias pesquisas internacionais, tanto em países como o Brasil quanto nos EUA e na Europa.
A grande maioria nem sequer procura ajuda médica, e muitas evitam até mesmo comentar com as amigas o problema.
Nem as que sofrem de problemas físicos, como a incontinência urinária por esforço -perda de urina ao tossir ou rir, por exemplo-, costumam falar sobre o assunto. "Elas pensam que isso é normal. Às vezes, aparecem no consultório por outras queixas e se espantam quando informamos que essa perda de urina precisa ser tratada", afirma a ginecologista Raquel Figueiredo.
Inibição
Um estudo realizado em 2001 entre as pacientes atendidas pelo Instituto Paulista de Sexualidade mostrou que 91% das mulheres que procuraram tratamento para disfunção sexual "tinham dificuldade de se expressar emocionalmente e de se afirmar".
Na clínica, 37% das queixas femininas têm a ver com inibição do desejo e outros 23% com falta de desejo e de orgasmo.
O psicoterapeuta sexual Oswaldo Rodrigues diz que, dez anos atrás, 80% das queixas eram a falta de orgasmo. "Não que o quadro tenha mudado, mas hoje elas estão mais atentas à questão do desejo", diz Rodrigues.
Por uma questão cultural, a mulher espera que o homem provoque o seu desejo, quando ela deveria erotizar o seu dia-a-dia, diz Rodrigues. No Instituto Paulista, a falta de desejo é tratada com sessões de psicoterapia.
"Tuas queixas são as tuas confissões." Essa é uma das frases que a psicóloga Silvia Cavicchioli utiliza no seu trabalho de terapia sexual com as mulheres.
Segundo ela, quando a mulher se queixa, por exemplo, de que o marido não olha mais para ela com o desejo de antes é porque, no fundo, ela também não está se olhando como deveria.
Medicamentos
No Prosex, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, disfunção sexual é tratada com terapia e medicamentos.
"O primeiro passo é saber a razão da falta do desejo. Geralmente há uma depressão escondida por trás", diz a psiquiatra Carmita Abdo, que dirige o Prosex. Nesses casos, são prescritos alguns antidepressivos que não reduzem a libido, como a bupropiona, a mirtazapina e o nefazodone.
Outra causa física pode ser hormonal, também corrigida com medicamentos.
Sobre os produtos eróticos, Abdo considera válido o uso, desde que haja um entendimento entre o casal. "Eles devem ser apenas coadjuvantes, e não o ponto central da relação", afirma.
Falta de desejo é o principal problema
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Cerca de 40% das mulheres têm alguma disfunção sexual, e a principal delas costuma ser a falta de desejo. Esse cenário é comum a várias pesquisas internacionais, tanto em países como o Brasil quanto nos EUA e na Europa.
A grande maioria nem sequer procura ajuda médica, e muitas evitam até mesmo comentar com as amigas o problema.
Nem as que sofrem de problemas físicos, como a incontinência urinária por esforço -perda de urina ao tossir ou rir, por exemplo-, costumam falar sobre o assunto. "Elas pensam que isso é normal. Às vezes, aparecem no consultório por outras queixas e se espantam quando informamos que essa perda de urina precisa ser tratada", afirma a ginecologista Raquel Figueiredo.
Inibição
Um estudo realizado em 2001 entre as pacientes atendidas pelo Instituto Paulista de Sexualidade mostrou que 91% das mulheres que procuraram tratamento para disfunção sexual "tinham dificuldade de se expressar emocionalmente e de se afirmar".
Na clínica, 37% das queixas femininas têm a ver com inibição do desejo e outros 23% com falta de desejo e de orgasmo.
O psicoterapeuta sexual Oswaldo Rodrigues diz que, dez anos atrás, 80% das queixas eram a falta de orgasmo. "Não que o quadro tenha mudado, mas hoje elas estão mais atentas à questão do desejo", diz Rodrigues.
Por uma questão cultural, a mulher espera que o homem provoque o seu desejo, quando ela deveria erotizar o seu dia-a-dia, diz Rodrigues. No Instituto Paulista, a falta de desejo é tratada com sessões de psicoterapia.
"Tuas queixas são as tuas confissões." Essa é uma das frases que a psicóloga Silvia Cavicchioli utiliza no seu trabalho de terapia sexual com as mulheres.
Segundo ela, quando a mulher se queixa, por exemplo, de que o marido não olha mais para ela com o desejo de antes é porque, no fundo, ela também não está se olhando como deveria.
Medicamentos
No Prosex, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, disfunção sexual é tratada com terapia e medicamentos.
"O primeiro passo é saber a razão da falta do desejo. Geralmente há uma depressão escondida por trás", diz a psiquiatra Carmita Abdo, que dirige o Prosex. Nesses casos, são prescritos alguns antidepressivos que não reduzem a libido, como a bupropiona, a mirtazapina e o nefazodone.
Outra causa física pode ser hormonal, também corrigida com medicamentos.
Sobre os produtos eróticos, Abdo considera válido o uso, desde que haja um entendimento entre o casal. "Eles devem ser apenas coadjuvantes, e não o ponto central da relação", afirma.
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