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26/10/2003 - 06h55

Melhor dieta é o "arroz com feijão"

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AURELIANO BIANCARELLI
da Folha de S.Paulo

Arroz, feijão, salada e um bife costumam ser o prato do dia mais barato no boteco da esquina. A receita é também a melhor para quem quer perder ou manter o peso e cuidar da saúde. A combinação é tão adequada que a Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) está encaminhando ao Ministério da Agricultura um pedido de socorro: "Salvem nosso arroz com feijão".

A dieta brasileira está sendo ameaçada por uma enxurrada de fórmulas para emagrecer depressa. "O Brasil tem a maior variação de frutas, verduras, legumes e cereais do mundo. Se nada for feito, em 30 anos, nossa prática alimentar estará deformada, desperdiçando o que temos de melhor."

O alerta é da endocrinologista Valéria Guimarães, presidente da Sbem, que há um mês chamou a atenção do presidente Lula e do primeiro escalão do governo para os riscos que corriam ao adotar a dieta de Robert Atkins, baseada em proteínas, ovos, bacon e carne vermelha. "Há 53 anos a Sbem repete que não há dieta milagrosa nem medicamento para a obesidade", diz Guimarães.

É sobretudo no início do verão, quando as pessoas redescobrem o corpo, que as dietas da moda reaparecem. Dieta das sopas, da lua, do grupo sanguíneo, dos hormônios, dos pontos, das proteínas, do abacaxi, do Mediterrâneo.

Nunca o consumidor se viu tão tentado e abordado por tantas fórmulas para perder peso. E nunca os riscos do excesso de peso foram tão lembrados. Só para recordar --ou assustar: 70% dos brasileiros vivem acima do peso, 80 mil morrem por ano de enfermidades decorrentes da obesidade e o país gasta mais de R$ 1 bilhão por ano com essas doenças.

Há também as vítimas do falso excesso de peso, que se acham mais gordas do que são. Pesquisa com 3.152 estudantes de dez escolas particulares cariocas de ensino médio revelou que 75% estão insatisfeitos com o próprio corpo. "Ainda impera a crença de que ser magro significa ter sucesso", diz a médica Paula Melin, autora da pesquisa e do Núcleo de Tratamento de Transtornos Alimentares e Obesidade (Nuttra) da Santa Casa do Rio.

Começa, então, a corrida às "dietas da moda", fórmulas que prometem resultados rápidos e que, além de riscos para a saúde, desaparecem no verão seguinte. "O brasileiro está trocando o hábito saudável do feijão com arroz pelo hambúrguer, salsicha e fritas", diz o médico Walmir Coutinho, vice-presidente da Flaso (Federação Latino-Americana de Sociedades de Obesidade). "A obesidade vem crescendo mais entre crianças e pobres."

Apelo mundial

A preocupação com a "transição nutricional" é tão grande que a Organização Mundial da Saúde coordenará, em novembro, no Rio, o Fórum Global para Doenças Crônicas Não Transmissíveis. "O fórum lançará uma campanha mundial para o consumo de frutas e verduras", diz Anelise Rizollo, da área de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde.

Para quem assalta geladeiras, já tentou todas as dietas e não "consegue fechar a boca", como sugeriam nossas avós, a esperança está nas pesquisas. Na longa lista de fórmulas, uma delas se apresenta como a mais antiga desenvolvida em laboratório.

Trata-se do programa de reeducação alimentar Sanavita, desenvolvido há 20 anos pela equipe da professora Jocelem Mastrodi Salgado, titular de nutrição humana da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), da USP, em Piracicaba.

A diferença --diz sua criadora-- é que a adesão é facilitada por um complemento alimentar de baixas calorias que garante a sensação de saciedade e complementa as necessidades do organismo. "Há uma redução do peso, diminuição do colesterol, uma melhora na pele, no sono e na disposição física", diz Jocelem Salgado. O complemento, à base de proteínas vegetais, é adicionado a uma variedade de receitas. "A fome é a maior responsável pelo abandono dos regimes", diz a pesquisadora.

Para testar seus benefícios como alimento funcional -contra a osteoporose, distúrbios da menopausa e doenças cardiovasculares-, o Sanavita deverá em breve ser submetido a ensaios clínicos em universidades.
 

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