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16/08/2001
-
13h11
MARIA LUÍSA CAVALCANTI
free-lance para a Folha de S.Paulo
Os bate-bocas, xingamentos, sustos, retrovisores quebrados e arranhões na lataria não entram em nenhuma estatística dos órgãos de controle do trânsito. Mas são um fator estressante a mais, além das buzinas, dos engarrafamentos, flanelinhas e assaltos no trânsito paulistano.
Um embate diário acontece entre motoristas de carro e motoboys, que, em geral, surgem em torno dos carros em pencas e desembestadamente. A recente morte do músico Marcelo Fromer, atropelado por uma moto, só veio inflamar ainda mais a "guerra" travada nas ruas.
De um lado, há motoristas como o gerente de marketing Thiago Camargo, 21, que diz ter sofrido dois acidentes causados por motoboys.
"Um arranhou todo o lado direito do carro, e outro amassou uma porta. Tive que pagar os consertos e ainda banquei o hospital de um deles, que ficou machucado. Eles pensam e agem como se fossem donos da rua", reclama.
Ou como a empresária Mônica Hial, 32: "Fico sempre tensa porque não sei se eles vão conseguir passar, se vão arranhar o carro ou quebrar o retrovisor".
Os office-boys motorizados alegam sofrer preconceito e desrespeito. "Existe uma minoria de profissionais que atrapalha a nossa imagem.
São caras que chutam pneu, arranham carro, fazem barbeiragem e xingam", diz Aldemir Martins de Freitas, o "Alemão", 28, presidente da União dos Motociclistas e Afins do Brasil.
"Mas a maioria de nós só quer trabalhar com segurança. Temos a prestação da moto para pagar e família para sustentar." Os números confirmam: conforme a CET, 65% dos motociclistas da cidade são entregadores de mercadorias, e, segundo a Associação Brasileira de Motociclistas (Abram), 70% deles são casados e têm até dois filhos.
Um motoboy ganha cerca de R$ 5 a R$ 8 por hora de trabalho e ainda arca com as despesas com a moto, incluindo combustível. Para compensar a baixa remuneração, as empresas de entrega pagam sempre duas horas por saída.
"Isso acabou se virando contra os próprios motoqueiros, que tentam completar o serviço em menos tempo para gerar mais saídas, mas aí correm mais e acabam sofrendo acidentes", explica Lucas Pimentel, 32, presidente da Abram e ex-motoboy.
Na falta de tempo e de faixa exclusiva, eles andam entre uma pista e outra, os chamados corredores. A maioria dos incidentes com os motoristas de carro ocorre na disputa desse espaço.
"Os carros ficam deslizando entre uma pista e outra, principalmente quando o motorista está no celular", reclama o entregador Marcelo Monteiro, 30, que há três semanas quebrou um dedo da mão direita depois de uma fechada na av. 23 de Maio. Outra razão de briga: parar o carro entre as pistas em um congestionamento, fechando o "corredor". "Nessa hora, eu reclamo mesmo: buzino e chego junto", conta Renato Viana.
Mas a maior parte dos choques graves acontece nas conversões, as famosas fechadas. "Todo carro tem um ponto morto de visão, e a moto é muito mais vulnerável.
Por isso quem está ao volante tem que sinalizar com bastante antecedência o que pretende fazer, mesmo se aparentemente não houver ninguém atrás", ensina Maurício Régio, engenheiro da CET.
Para melhorar a visibilidade dos motociclistas, o novo Código Nacional de Trânsito determina que motos circulem com farol aceso sempre, mas apenas 82% deles respeitam a lei. Para Régio, a falta de fiscalização ainda é a maior vilã nessa guerra, que, segundo a CET, mata um motoqueiro a cada 36 horas.
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free-lance para a Folha de S.Paulo
Os bate-bocas, xingamentos, sustos, retrovisores quebrados e arranhões na lataria não entram em nenhuma estatística dos órgãos de controle do trânsito. Mas são um fator estressante a mais, além das buzinas, dos engarrafamentos, flanelinhas e assaltos no trânsito paulistano.
Um embate diário acontece entre motoristas de carro e motoboys, que, em geral, surgem em torno dos carros em pencas e desembestadamente. A recente morte do músico Marcelo Fromer, atropelado por uma moto, só veio inflamar ainda mais a "guerra" travada nas ruas.
De um lado, há motoristas como o gerente de marketing Thiago Camargo, 21, que diz ter sofrido dois acidentes causados por motoboys.
"Um arranhou todo o lado direito do carro, e outro amassou uma porta. Tive que pagar os consertos e ainda banquei o hospital de um deles, que ficou machucado. Eles pensam e agem como se fossem donos da rua", reclama.
Ou como a empresária Mônica Hial, 32: "Fico sempre tensa porque não sei se eles vão conseguir passar, se vão arranhar o carro ou quebrar o retrovisor".
Os office-boys motorizados alegam sofrer preconceito e desrespeito. "Existe uma minoria de profissionais que atrapalha a nossa imagem.
São caras que chutam pneu, arranham carro, fazem barbeiragem e xingam", diz Aldemir Martins de Freitas, o "Alemão", 28, presidente da União dos Motociclistas e Afins do Brasil.
"Mas a maioria de nós só quer trabalhar com segurança. Temos a prestação da moto para pagar e família para sustentar." Os números confirmam: conforme a CET, 65% dos motociclistas da cidade são entregadores de mercadorias, e, segundo a Associação Brasileira de Motociclistas (Abram), 70% deles são casados e têm até dois filhos.
Um motoboy ganha cerca de R$ 5 a R$ 8 por hora de trabalho e ainda arca com as despesas com a moto, incluindo combustível. Para compensar a baixa remuneração, as empresas de entrega pagam sempre duas horas por saída.
"Isso acabou se virando contra os próprios motoqueiros, que tentam completar o serviço em menos tempo para gerar mais saídas, mas aí correm mais e acabam sofrendo acidentes", explica Lucas Pimentel, 32, presidente da Abram e ex-motoboy.
Na falta de tempo e de faixa exclusiva, eles andam entre uma pista e outra, os chamados corredores. A maioria dos incidentes com os motoristas de carro ocorre na disputa desse espaço.
"Os carros ficam deslizando entre uma pista e outra, principalmente quando o motorista está no celular", reclama o entregador Marcelo Monteiro, 30, que há três semanas quebrou um dedo da mão direita depois de uma fechada na av. 23 de Maio. Outra razão de briga: parar o carro entre as pistas em um congestionamento, fechando o "corredor". "Nessa hora, eu reclamo mesmo: buzino e chego junto", conta Renato Viana.
Mas a maior parte dos choques graves acontece nas conversões, as famosas fechadas. "Todo carro tem um ponto morto de visão, e a moto é muito mais vulnerável.
Por isso quem está ao volante tem que sinalizar com bastante antecedência o que pretende fazer, mesmo se aparentemente não houver ninguém atrás", ensina Maurício Régio, engenheiro da CET.
Para melhorar a visibilidade dos motociclistas, o novo Código Nacional de Trânsito determina que motos circulem com farol aceso sempre, mas apenas 82% deles respeitam a lei. Para Régio, a falta de fiscalização ainda é a maior vilã nessa guerra, que, segundo a CET, mata um motoqueiro a cada 36 horas.
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