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23/05/2004 - 07h41

Estudo tenta provar relação entre alimento e volta de câncer de mama

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AURELIANO BIANCARELLI
da Folha de S.Paulo

Uma alimentação equilibrada, que resulte na manutenção do peso adequado, pode dar uma sobrevida maior e uma melhor qualidade de vida às mulheres que já tiveram câncer de mama.

O que não se sabe ainda, com precisão, é quanto uma alimentação saudável interfere numa recidiva --reaparecimento da doença--, especialmente nas mulheres na menopausa e pós-menopausa.

"Dois grandes estudos norte-americanos, envolvendo mais de 5.000 mulheres, vêm sendo realizados para avaliar essa relação", diz o mastologista Silvio Bromberg, do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo.

A relação entre melhor alimentação e saúde já é defendida por todos os especialistas. A professora Jocelem Mastrodi Salgado, titular de nutrição humana da Esalq-USP (Escola Superior de Agricultura Luis de Queiróz, de Piracicaba), estuda a relação alimento e saúde há cerca de 20 anos.

Em pelo menos dois dos seus quatro livros, e em muitas de suas conferências, ela defende que bons hábitos alimentares poderiam evitar mais da metade dos casos de câncer, além de grande parte das doenças crônicas.

Um estudo do qual participou a professora Angela Maggio, no Hospital das Clínicas de São Paulo, mostrou que um isolado protéico de soja, em forma de alimento, reduz os efeitos da menopausa.

Mas ainda não há estudos mostrando a influência da soja na prevenção e na recidiva do câncer de mama, ao menos no HC.

"O que se sabe é que mulheres obesas, que já tiveram câncer de mama, têm menor sobrevida e pior qualidade de vida", diz o médico Silvio Bromberg.

Abaixo, trechos da entrevista que concedeu à Folha:

Folha - Qual a diferença entre os dois estudos norte-americanos?

Silvio Bromberg
- O primeiro deles, o Wins (The Women's Intervention Nutrition Study), irá acompanhar 2.500 mulheres na pós-menopausa que já tiveram e trataram o câncer de mama há cerca de um ano. Elas serão acompanhadas por um período de seis anos, mas alguns resultados serão antecipados no ano vem. As mulheres serão divididas aleatoriamente em dois grupos, que, em comum, terão uma alimentação pobre em gordura animal. Os dados serão posteriormente comparados com os de mulheres na mesma situação com hábitos alimentares de diversos países. A cultura de células permitirá identificar possíveis fatores alimentares envolvidos na progressão desse tipo de câncer, o de mama.

Folha - E o segundo estudo?

Bromberg
- Chama-se Whel (Women's Healthy Eating and Living) e envolverá 3.109 mulheres na pré e na pós-menopausa que foram diagnosticadas e tratadas nos últimos anos. Serão igualmente divididas em dois grupos, mas o grupo de estudo deverá ingerir diariamente duas vezes mais frutas e vegetais do que consumia regularmente. O outro grupo, por sua vez, continuará se alimentando normalmente. A intenção, nessa pesquisa, é analisar a correlação das substâncias presentes nos vegetais e nas frutas com a capacidade de influir na recidiva e na sobrevida da paciente.

Folha - O que se sabe sobre a relação entre alimento e o desenvolvimento de doença crônica e câncer?

Bromberg
- Há muitos estudos já fechados, outros observacionais, que acompanharam populações por seis ou mais anos. Há um consenso de que substâncias antioxidantes -presentes nas frutas, legumes e verduras- provocam menor danos às células. Já a gordura animal causaria efeito contrário. Mas as metodologias são variadas e subjetivas. Cientificamente, as controvérsias ainda persistem. Por exemplo, em relação à soja: é possível medir quanto uma pessoa está ingerindo, mas não se sabe quanto o organismo está aproveitando.

Folha - Que tipo de alimentação o senhor sugeriria a uma mulher que já tivesse tido câncer de mama?

Bromberg
- A mesma que sugiro a qualquer pessoa, que adote uma alimentação equilibrada. Quem passa por um câncer pode ter sua auto-estima reduzida, tendendo a comer mais e a ficar obesa.

Informações sobre nutrição: jmsalgad@esalq.usp.br
 

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