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03/03/2005 - 13h15

Suplementos alimentares não garantem aumento de massa muscular

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MAYRA STACHUK
Colaboração para a Folha

Em busca de energia, força ou músculos mais torneados, malhadores ingerem diariamente pílulas, shakes e barrinhas com altas concentrações de proteínas, carboidratos e outros nutrientes. Apesar de comum entre freqüentadores de academias, o consumo de suplementos alimentares gera controvérsia entre especialistas.

O presidente da SBME (Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte), Ricardo Munir Nahas, por exemplo, reprova a prática. Segundo ele, o fato de muitos atletas profissionais se arriscarem com o uso de anabolizantes é o suficiente para provar que os suplementos não são tão eficazes no resultado esportivo.

"Além de não existir nenhum estudo que comprove que os suplementos dão mais resultado do que um exercício bem-feito, na maioria dos casos, uma boa dieta alimentar é o suficiente para suprir os requisitos necessários para a prática de esportes", diz o médico.

Nahas afirma que a prática de uma hora de atividade física contínua por dia requer a reposição apenas de água. Atletas profissionais, que treinam até oito horas por dia, ou pessoas que se exercitam mais de uma hora e meia, cinco vezes por semana, devem procurar um médico para avaliar a necessidade da reposição de algum nutriente.

"Os suplementos servem para suprir carências. São indicados para crianças com anemia, idosos com a saúde frágil e gestantes. Pessoas com a saúde normal não precisam", diz o médico. A posição, de acordo com Nahas, é comum a todos os representantes da SBME, que, em 2003, lançou um consenso posicionando-se oficialmente contra o consumo de suplementos.

Para a professora de nutrição da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Márcia Pottier, no entanto, a visão dos médicos é correta, mas um tanto utópica. "Claro que os alimentos contêm todos os nutrientes necessários. A questão é: na vida corrida que as pessoas levam é possível cumprir à risca uma dieta ideal? Comendo na rua, não há como garantir a procedência dos alimentos. Muitos perdem os nutrientes em poucas horas ou ao serem armazenados de maneira errada", diz.

Falta de tempo

Rotina corrida e alimentação desregrada são as justificativas do analista de suporte Gerson Scarpelli Ferreira, 23, que consome há cerca de três anos o suplemento protéico Whey Protein diariamente e, eventualmente, um à base de creatina.

"Trabalho fora, estudo à noite e não tenho como seguir à risca uma dieta balanceada", diz ele, que faz musculação durante uma hora, cinco vezes por semana. "Procurei um médico para tirar as dúvidas e pedir orientação. Ele disse que não teria problema tomar proteínas, mas que a creatina pode ser tomada, no máximo, quatro vezes por ano." Ferreira afirma ainda que faz exames de sangue a cada seis meses para garantir que não há nenhum nutriente em excesso no organismo.

A personal trainer Carla Magalhães Corrêa, 23, afirma ter uma dieta equilibrada e consumir suplementos protéicos por outro motivo. "Por ser mulher, meu metabolismo é mais lento e, mesmo comendo carne e outros alimentos com bastante proteína, a absorção é mais demorada. Resolvo isso tomando um shake de proteína depois da malhação", diz.

De acordo com Valéria Cunha Campos Guimarães, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, essa idéia, apesar de comum, é errada. "O metabolismo não varia de acordo com o sexo, mas com a massa muscular, a idade e as alterações hormonais", diz a médica, que também é contra o uso de suplementos.

"O nome já diz: é para suplementar algo que falta. O uso indevido pode causar problemas." Ela afirma já ter atendido dois pacientes com sobrecarga renal e do fígado pelo uso excessivo de suplementos alimentares. "O mais importante nessa discussão é que o usuário conheça os riscos que o uso indevido desses produtos pode acarretar à saúde", pondera Mauro Giselini, professor de educação física e autor de 16 livros sobre fitness.

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