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17/05/2001
-
10h25
da Folha de S.Paulo
Começar a beber na adolescência faz mais estragos ao sistema nervoso do que o volume de álcool consumido ou o tempo de duração do vício. Até dez anos atrás, acreditava-se que os ferimentos no cérebro resultassem de décadas de abuso do álcool. Pesquisas realizadas nos últimos dois anos, com a ajuda de novos equipamentos de neuroimagem, derrubaram essa crença.
Ao comparar tomografias computadorizadas de cérebros de jovens alcoólatras aos de adolescentes não-dependentes da bebida, pesquisadores do Centro Médico da Universidade de Pittsburgh (EUA) constataram que os jovens que bebem têm hipocampos (área relacionada à memória) 10% menores. O estudo será publicado, neste mês, no "The American Journal of Psychiatry".
Pesquisa da Universidade da Califórnia em San Diego chegou a resultado semelhante ao identificar problemas de raciocínio em 33 adolescentes de 15 e 16 anos que bebiam pesado. Os jovens decoraram uma lista de nomes para ser repetida em 20 minutos. Enquanto os que não bebiam lembraram 95% dos nomes, os alcoólatras acertaram 85%.
Estudo da Unifesp que mediu como o cérebro de alcoólatras respondia a estímulos auditivos também constatou que aqueles que começavam a beber na adolescência sofriam maiores danos. Dos 17 piores exames, 14 (82%) eram de pacientes que haviam começado a beber antes dos 18 anos. "A precocidade no consumo de álcool é o maior fator de risco de dano cerebral, à frente do tempo do vício e da quantidade de álcool ingerido por dia", afirma o neurocirurgião Roberto Augusto Campos, coordenador da pesquisa.
Impedir que adolescentes bebam compulsivamente após experimentar os primeiros goles pode não ser fácil, já que de 50% a 60% dos alcoólatras têm predisposição genética para o vício. Embora ainda não se saiba exatamente como a herança passa de pai para filho, pesquisadores acreditam que o cérebro dos herdeiros produza menos dopamina (neurotransmissor ligado à sensação de prazer) do que o normal. Por isso, para eles, o primeiro drinque se transforma numa enxurrada de prazer nunca sentida antes e repetir a experiência vira quase uma necessidade.
Outra herança recebida é a alta concentração de uma enzima no fígado que ajuda a metabolizar o álcool. Graças à presença dessa enzima, jovens com predisposição genética conseguem beber muito mais do que seus colegas antes de passar mal, o que também facilita o vício.
Leia também:
Excesso de álcool altera funções cerebrais
Conheça os sintomas
O que dizem os especialistas
Cérebro, e não o fígado, é órgão mais atingido
Jovem sofre mais com os danos do alcoolismo
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Começar a beber na adolescência faz mais estragos ao sistema nervoso do que o volume de álcool consumido ou o tempo de duração do vício. Até dez anos atrás, acreditava-se que os ferimentos no cérebro resultassem de décadas de abuso do álcool. Pesquisas realizadas nos últimos dois anos, com a ajuda de novos equipamentos de neuroimagem, derrubaram essa crença.
Ao comparar tomografias computadorizadas de cérebros de jovens alcoólatras aos de adolescentes não-dependentes da bebida, pesquisadores do Centro Médico da Universidade de Pittsburgh (EUA) constataram que os jovens que bebem têm hipocampos (área relacionada à memória) 10% menores. O estudo será publicado, neste mês, no "The American Journal of Psychiatry".
Pesquisa da Universidade da Califórnia em San Diego chegou a resultado semelhante ao identificar problemas de raciocínio em 33 adolescentes de 15 e 16 anos que bebiam pesado. Os jovens decoraram uma lista de nomes para ser repetida em 20 minutos. Enquanto os que não bebiam lembraram 95% dos nomes, os alcoólatras acertaram 85%.
Estudo da Unifesp que mediu como o cérebro de alcoólatras respondia a estímulos auditivos também constatou que aqueles que começavam a beber na adolescência sofriam maiores danos. Dos 17 piores exames, 14 (82%) eram de pacientes que haviam começado a beber antes dos 18 anos. "A precocidade no consumo de álcool é o maior fator de risco de dano cerebral, à frente do tempo do vício e da quantidade de álcool ingerido por dia", afirma o neurocirurgião Roberto Augusto Campos, coordenador da pesquisa.
Impedir que adolescentes bebam compulsivamente após experimentar os primeiros goles pode não ser fácil, já que de 50% a 60% dos alcoólatras têm predisposição genética para o vício. Embora ainda não se saiba exatamente como a herança passa de pai para filho, pesquisadores acreditam que o cérebro dos herdeiros produza menos dopamina (neurotransmissor ligado à sensação de prazer) do que o normal. Por isso, para eles, o primeiro drinque se transforma numa enxurrada de prazer nunca sentida antes e repetir a experiência vira quase uma necessidade.
Outra herança recebida é a alta concentração de uma enzima no fígado que ajuda a metabolizar o álcool. Graças à presença dessa enzima, jovens com predisposição genética conseguem beber muito mais do que seus colegas antes de passar mal, o que também facilita o vício.
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