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03/05/2007 - 10h34

Ioga facial propõe combater envelhecimento e suavizar rugas

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IARA BIDERMAN
Colaboração para a Folha de S.Paulo

Em uma fase especialmente estressante da vida, a terapeuta corporal e professora de pilates Alice Bacarat Silveira, 51, sentiu o peso das marcas causadas pelas rugas de preocupação em seu rosto. Chegou a pensar na hipótese de se submeter a algum procedimento estético mais agressivo e de resultados imediatos. Faltou-lhe coragem para tanto. Preferiu voltar às aulas de ioga e procurar tratamentos da terapia ayurvédica (medicina tradicional indiana). Em poucos meses, sua expressão e sua pele mudaram. "As pessoas me viam e perguntavam: 'O que você fez? Botox?'" Não, era a ioga, acredita Alice.

"Conheço pessoas que fizeram cirurgia plástica ou aplicaram Botox e que ficaram superbem. Mas tive medo de mudar meu rosto, minha expressão. [Essas técnicas] podem dar errado. A ioga não dá errado nunca", afirma.

Aproveitar os benefícios dessa prática milenar para, também, obter resultados estéticos pode parecer heresia para alguns e bobagem para outros. Mas há os que vêem nisso uma boa oportunidade para fornecer ao já bem abastecido mercado de rejuvenescimento seu alimento preferido: novidades.

Especialistas no assunto, os norte-americanos perceberam o potencial do negócio e criaram aulas especiais de ioga facial ou estética. E, claro, já registraram as marcas --"Revita-Yoga" ou "Happy Face" são alguns dos cursos oferecidos em academias, que combinam técnicas de ginástica facial com posturas e respirações da ioga. Livros sobre o o tema começam a surgir como promessas de best-sellers.

"The Yoga Facelift", de Marie-Veronique Nadeau foi lançado neste mês (pode ser adquirido no site www.amazon.com). No segundo semestre, a editora Penguin colocará nas livrarias "The Yoga Face", de Annelise Hagen --o livro já aparece, como pré-lançamento, no site www.livrariacultura.com.br.

Além de boa de marketing, a idéia tem algum fundamento. Afinal, uma técnica que trata o corpo como um todo e acalma a mente tem um grande potencial para manter a saúde da pele. "Em minha experiência de mais de 30 anos como professora de ioga, percebo que os praticantes sérios e regulares têm pouquíssimas rugas e um aspecto de juventude no rosto", afirma Lúcia Sandri, proprietária da Yoga Sandri, em São Paulo.

Apesar de não ter, em sua escola, aulas exclusivamente "faciais", ela inclui nas práticas exercícios específicos para essa parte do corpo, que incluem automassagem e suaves toques. "Pequenos toques fazem milagres no rosto", acredita. Outra coisa que, segundo Sandri, tem um enorme efeito rejuvenescedor são as posições invertidas, típicas da ioga.

"As posturas invertidas irrigam os músculos faciais e são as que mais beneficiam o rosto. Elas são rejuvenescedoras", diz Márcia De Luca, fundadora do Ciyman (Centro Integrado de Yoga, Meditação e Ayurveda). Para De Luca, porém, não são apenas as posturas isoladas, mas o "conjunto da obra" que propicia os desejados efeitos estéticos. Além de exercícios de ioga, ela aponta os tratamentos ayurvédicos como fundamentais para os bons resultados. "Especificamente em relação à juventude do rosto, há uma massagem da ayurveda extremamente poderosa, a do 'ponto marma", que dá sustentação para toda a musculatura facial".

Enquanto as aulas exclusivas para o rosto não chegam ao Brasil, a apresentadora de TV Flávia Lippi, 39, utiliza o seu método de ioga facial particular. Ele foi criado a partir dos conhecimentos que Flávia tem da ioga unidos à técnica de Valesca Resende, fonoaudióloga especializada em musculatura do rosto e ginástica facial. "Unindo os exercícios musculares às técnicas da ioga, chegamos a 70 posições diferentes para trabalhar especificamente o rosto e sua musculatura interna. Isso deixa a pele mais viçosa e previne a flacidez e as rugas de expressão", afirma Flávia.

Ginástica do rosto

A ioga estética pode ser considerada uma variação da ginástica facial, técnica que não é nova, mas nunca recebeu muita atenção dos especialistas em beleza. "Os dermatologistas oferecem tratamentos tecnológicos, aparelhos e cosméticos. Os cirurgiões cortam os músculos. A ginástica facial fica no meio-termo e meio esquecida: afinal, é de graça e não depende desses profissionais", diz o dermatologista Cid Yazigi Sabbag, da Sociedade Brasileira de Laser.

Sabbag acredita que a ginástica facial pode ser uma boa opção, desde que indicada e orientada corretamente. Também é preciso saber os seus limites de ação. "Trabalhar a musculatura pode segurar um pouco a flacidez do rosto. Funciona como prevenção, retardando os sinais de envelhecimento, mas é bom lembrar que é preciso fazer sempre. Como na musculação [corporal], se você pára de praticar, cai tudo."

A terapeuta corporal e professora de dança e ginástica Bia Ocougne utiliza um método próprio, batizado de "movimentos integrativos", para suas aulas de ginástica facial, que muitas vezes são dadas em grupo. "Como em outros movimentos, os exercícios da ginástica facial buscam aumentar a consciência corporal, melhorar a estrutura do rosto, da cabeça e do pescoço e levar a uma tonificação favorável dos músculos. A musculatura do rosto é complexa e delicada, então essa tonificação tem de ser feita corretamente. Se usamos força demais em determinados músculos, podemos causar problemas em algumas articulações, como a da mandíbula", diz Ocougne.

Feita de forma consciente e apropriada, a ginástica facial é, para a professora, uma alternativa mais saudável ao Botox. "Acho a idéia de paralisar [o músculo] algo meio assustador."

A dermatologista Luciane Scattone, membro das sociedades americana, brasileira e internacional de dermatologia, tem uma visão diferente. "Nessa época em que o Botox está tão em alta, em que vemos melhorias tão grandes com o seu uso, não há por que trocá-lo por uma ginástica. Ademais, quando exercitamos a musculatura do rosto, criamos tensões que vão vincando as rugas", afirma.

"Com os exercícios faciais, aprendemos a usar os músculos de forma harmônica. Quando alguns contraem, fazem com que outros relaxem. A movimentação correta previne flacidez do pescoço, pálpebras caídas, rugas ao redor dos olhos etc.", rebate a fisioterapeuta Regina Godoy, professora de ginástica facial e membro do grupo de estudos para a terceira idade Ideac (Instituto para o Desenvolvimento Educacional, Artístico e Científico).

Ela acredita que a técnica é preventiva e restauradora. "Mas, para obter resultados, é preciso disponibilidade. O ideal é fazer os exercícios todos os dias", aconselha Godoy.

 

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