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Dieta vegetariana exige atenção a aspectos nutricionais
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AMARÍLIS LAGE
da Folha de S.Paulo
De acordo com o médico Eric Slywitch, especializado em nutrição vegetariana e, ele mesmo, adepto da dieta vegana, a preocupação com o uso ou não de aditivos de origem animal costuma estar ligada ao motivo pelo qual a pessoa se tornou vegetariana. Quem adotou esse tipo de dieta por acreditar ser melhor para a saúde, por exemplo, tende a evitar qualquer tipo de corante, conservante etc. --sejam eles de origem animal ou vegetal.
Mas também há quem siga os preceitos éticos do vegetarianismo e deixe de lado os aspectos nutricionais da dieta. Assim, nada de origem de animal é permitido, mas qualquer alimento rico em gorduras, sódio ou açúcar é consumido sem preocupação. O consumo excessivo de doces e gorduras é, aliás, um dos problemas mais comuns em vegetarianos, diz Slywitch. "A dieta saudável vegetariana é baseada nos grãos --principalmente os integrais--, verduras, legumes e frutas."
Em alguns casos, a substituição de componentes de origem animal por outros de origem vegetal pode levar a uma perda nutritiva do alimento. A gelatina é um exemplo: feita a partir de ossos, tendões e peles de animais, ela é muito adotada em balas, recheios de confeitos e outros doces. Versões "verdes" desses produtos poderiam substitui-la por ágar-ágar --um gel obtido a partir de algas.
O problema é que a segunda opção não tem as mesmas propriedades nutricionais da gelatina, afirma Flávio Luís Schmidt, professor da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). "A gelatina é muito boa nutricionalmente, com vários aminoácidos indicados para a nossa dieta. Embora não se compare a um bife ou a um ovo, é também uma boa fonte de proteína", afirma. Já o ágar-ágar é uma fibra --como tal, pode até ajudar no processo digestivo, mas Schmidt ressalta que seu consumo por meio de balas e doces seria insuficiente para ter qualquer impacto desse tipo.
Já o corante feito a partir de cochonilhas pode ser substituído tanto por opções artificiais como por alternativas naturais, como o urucum, a casca de uva e a beterraba. Mas, segundo Carvalho, da UFRJ, o uso de vegetais na obtenção de corantes seria mais caro e menos eficiente, pois o alimento perderia a cor facilmente.
O mais indicado, segundo o nutricionista George Guimarães, da NutriVeg, é consumir alimentos pouco processados. Quanto mais industrializado for o produto, maior a chance de ele ter substâncias que podem ser obtidas de animais. E quanto mais natural o alimento, mais saudável ele é -dica que, afinal, vale para quem segue qualquer tipo de regime alimentar.
Colaborou MARIANA BERGEL
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