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22/11/2001
-
08h49
da Folha de S.Paulo
Essa doença é causada apenas pela ação do sol?
O sol atua como um catalisador. A radiação interfere no DNA das células, provocando uma multiplicação desordenada. Mas a pessoa precisa ter uma predisposição genética para a doença, o que não significa necessariamente algum caso de câncer na família. Ela pode ter uma predisposição, e nenhum parente ter desenvolvido a doença.
Pessoas que tiveram queimadura de sol correm mais risco de desenvolver câncer de pele?
Quanto mais queimaduras de alto grau, maior o risco de desenvolver a doença.
A "qualidade" do sol varia conforme a geografia?
A intensidade da radiação varia de acordo com a altitude (quanto mais alta, pior), com a latitude (a radiação é mais intensa em regiões próximas ao Equador), com as estações no ano (piora no verão), com as condições atmosféricas (nuvens altas atenuam 50% os raios UVB) e horário (das 11h às 16h, horário de verão). O sol da montanha, portanto, é mais intenso, no entanto na praia há o agravante da areia, que funciona como refletor. O mesmo vale para o Nordeste do país. Por ficar mais perto da linha do Equador, a radiação recebida é mais intensa. Quanto mais ao Sul do país, mais branda é a incidência dos raios ultravioleta.
A doença se manifesta imediatamente após uma intensa exposição ao sol?
Não. O aparecimento de manchas ou verrugas pode demorar. Mas a procura ao médico (oncologista ou dermatologista) deve ser rápida, logo que esses tipos de lesão que sangram, coçam, descascam ou não cicatrizam forem percebidos.
As manchas podem aparecer em qualquer lugar do corpo?
Há três tipos de câncer: o carcinoma basocelular (aparece em forma de mancha), o carcinoma espinocelular (adquire a forma de nódulo) e o melanoma cutâneo, o mais agressivo (aparece como uma pinta escura, que vai se deformando). Os três costumam surgir nas áreas mais expostas ao sol, como rosto, dorso e ombros, mas podem manifestar-se em outras partes do corpo. O melanoma pode ainda ser encontrado em regiões mais "escondidas", como planta do pé, palma da mão, pernas, região genital ou sob a unha.
Em quanto tempo o aspecto das manchas muda?
Pode variar de dois meses a um ano, depende da pessoa. Mudanças na forma e na coloração e aumento de tamanho são sinais de alerta para o desenvolvimento de melanoma. Na maioria dos casos, é recomendada a retirada da pinta como forma de prevenção.
O câncer de pele é sempre visível?
Na maioria das vezes, sim. Como o de boca, é um dos poucos tipos de câncer visíveis. O problema é que, em geral, as pessoas vêem o sinal de alerta, mas não desconfiam da possível gravidade daquela mancha ou do nódulo e demoram para procurar ajuda.
Se a pessoa tomou sol sem proteção na infância e na adolescência, ela deve tomar cuidados extras depois para reduzir o risco de ter a doença?
A radiação é cumulativa, por isso a proteção tem de ser feita desde a infância e deve ser contínua, para a vida toda.
Há 20 anos, protegia-se do sol para não sentir a pele arder e para não descascar. Ninguém falava em câncer. Por quê?
O significado da exposição ao sol ainda era desconhecido pela ciência.
Com o tempo a "qualidade" do sol vai piorando?
A cada década que passa, a camada de ozônio fica mais fina, especialmente em regiões equatoriais. No ano passado, o diâmetro do buraco sobre a Antártida chegava a 26 milhões de quilômetros quadrados, quase três vezes a área do Brasil. O ozônio funciona como filtro dos raios ultravioleta.
Os protetores solares são suficientes para proteger a pele ou é necessário usar bloqueador solar?
Tanto faz. O importante é que o protetor solar tenha FPS adequado à pele da pessoa e garanta proteção contra UVB e UVA.
A pessoa que teve câncer e já fez o tratamento corre o risco de ter a doença outra vez?
Sim. Essa pessoa deve ter sempre um acompanhamento médico -até para se proteger de uma possível metástase, por exemplo.
Criança pode ter câncer de pele?
É raro e quando acontece é devido a uma doença congênita e grave. Apesar disso, os pais devem ficar atentos no caso de pintas congênitas escuras.
E idoso?
Embora tenha aumentado o número de jovens com câncer de pele, a maior incidência desse problema é em idosos. Uma das razões para isso é o fato de a radiação solar ser um processo cumulativo.
Existe câncer de unha?
Não, o que há, na verdade, é a presença de melanoma sob a unha. No caso, o problema é na pele, e não na unha.
O câncer de pele mata?
O carcinoma espinocelular e o melanoma cutâneo podem provocar metástase (as células alteradas circulam pela corrente sanguínea ou pela circulação linfática e se alojam em outros órgãos) e matar. Já o carcinoma basocelular também é perigoso porque pode se espalhar (nesse caso, o tumor cresce atingindo os órgãos vizinhos).
A luz artificial pode provocar a doença?
A emissão de raios ultravioletas não é suficiente para provocar queimaduras ou câncer. No entanto as lâmpadas frias emitem raios que alteram a célula da epiderme, acelerando o envelhecimento cutâneo.
Peles negras podem desenvolver câncer de pele?
Sim, mas, nesse caso e também na incidência em peles pardas e amarelas, a doença nem sempre se deve à excessiva exposição solar, mas a uma "fraqueza" na pele decorrente da grande miscigenação que ocorre nos países tropicais.
Como é o tratamento?
Depois do diagnóstico, o médico costuma retirar o tumor e encaminhá-lo para biopsia. Após análise do tumor, dependendo do caso, sessões de radioterapia podem ser aconselhadas.
Fontes: Rogério Izar Neves, cirurgião plástico e chefe do setor de Oncologia Cutânea do Hospital do Câncer em São Paulo; Jayme de Oliveira Filho, dermatologista e coordenador nacional da Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer de Pele; Fernando de Almeida, dermatologista e presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia; Ligia Kogos, dermatologista; Célia Beatriz Davi, dermatologista; Luiz Francisco Maia, do Laboratório de Estudos em Poluição do Ar da UFRJ
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O sol atua como um catalisador. A radiação interfere no DNA das células, provocando uma multiplicação desordenada. Mas a pessoa precisa ter uma predisposição genética para a doença, o que não significa necessariamente algum caso de câncer na família. Ela pode ter uma predisposição, e nenhum parente ter desenvolvido a doença.
Quanto mais queimaduras de alto grau, maior o risco de desenvolver a doença.
A intensidade da radiação varia de acordo com a altitude (quanto mais alta, pior), com a latitude (a radiação é mais intensa em regiões próximas ao Equador), com as estações no ano (piora no verão), com as condições atmosféricas (nuvens altas atenuam 50% os raios UVB) e horário (das 11h às 16h, horário de verão). O sol da montanha, portanto, é mais intenso, no entanto na praia há o agravante da areia, que funciona como refletor. O mesmo vale para o Nordeste do país. Por ficar mais perto da linha do Equador, a radiação recebida é mais intensa. Quanto mais ao Sul do país, mais branda é a incidência dos raios ultravioleta.
A doença se manifesta imediatamente após uma intensa exposição ao sol?
Não. O aparecimento de manchas ou verrugas pode demorar. Mas a procura ao médico (oncologista ou dermatologista) deve ser rápida, logo que esses tipos de lesão que sangram, coçam, descascam ou não cicatrizam forem percebidos.
Há três tipos de câncer: o carcinoma basocelular (aparece em forma de mancha), o carcinoma espinocelular (adquire a forma de nódulo) e o melanoma cutâneo, o mais agressivo (aparece como uma pinta escura, que vai se deformando). Os três costumam surgir nas áreas mais expostas ao sol, como rosto, dorso e ombros, mas podem manifestar-se em outras partes do corpo. O melanoma pode ainda ser encontrado em regiões mais "escondidas", como planta do pé, palma da mão, pernas, região genital ou sob a unha.
Pode variar de dois meses a um ano, depende da pessoa. Mudanças na forma e na coloração e aumento de tamanho são sinais de alerta para o desenvolvimento de melanoma. Na maioria dos casos, é recomendada a retirada da pinta como forma de prevenção.
Na maioria das vezes, sim. Como o de boca, é um dos poucos tipos de câncer visíveis. O problema é que, em geral, as pessoas vêem o sinal de alerta, mas não desconfiam da possível gravidade daquela mancha ou do nódulo e demoram para procurar ajuda.
Se a pessoa tomou sol sem proteção na infância e na adolescência, ela deve tomar cuidados extras depois para reduzir o risco de ter a doença?
A radiação é cumulativa, por isso a proteção tem de ser feita desde a infância e deve ser contínua, para a vida toda.
O significado da exposição ao sol ainda era desconhecido pela ciência.
A cada década que passa, a camada de ozônio fica mais fina, especialmente em regiões equatoriais. No ano passado, o diâmetro do buraco sobre a Antártida chegava a 26 milhões de quilômetros quadrados, quase três vezes a área do Brasil. O ozônio funciona como filtro dos raios ultravioleta.
Tanto faz. O importante é que o protetor solar tenha FPS adequado à pele da pessoa e garanta proteção contra UVB e UVA.
Sim. Essa pessoa deve ter sempre um acompanhamento médico -até para se proteger de uma possível metástase, por exemplo.
É raro e quando acontece é devido a uma doença congênita e grave. Apesar disso, os pais devem ficar atentos no caso de pintas congênitas escuras.
Embora tenha aumentado o número de jovens com câncer de pele, a maior incidência desse problema é em idosos. Uma das razões para isso é o fato de a radiação solar ser um processo cumulativo.
Não, o que há, na verdade, é a presença de melanoma sob a unha. No caso, o problema é na pele, e não na unha.
O carcinoma espinocelular e o melanoma cutâneo podem provocar metástase (as células alteradas circulam pela corrente sanguínea ou pela circulação linfática e se alojam em outros órgãos) e matar. Já o carcinoma basocelular também é perigoso porque pode se espalhar (nesse caso, o tumor cresce atingindo os órgãos vizinhos).
A emissão de raios ultravioletas não é suficiente para provocar queimaduras ou câncer. No entanto as lâmpadas frias emitem raios que alteram a célula da epiderme, acelerando o envelhecimento cutâneo.
Sim, mas, nesse caso e também na incidência em peles pardas e amarelas, a doença nem sempre se deve à excessiva exposição solar, mas a uma "fraqueza" na pele decorrente da grande miscigenação que ocorre nos países tropicais.
Depois do diagnóstico, o médico costuma retirar o tumor e encaminhá-lo para biopsia. Após análise do tumor, dependendo do caso, sessões de radioterapia podem ser aconselhadas.
Fontes: Rogério Izar Neves, cirurgião plástico e chefe do setor de Oncologia Cutânea do Hospital do Câncer em São Paulo; Jayme de Oliveira Filho, dermatologista e coordenador nacional da Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer de Pele; Fernando de Almeida, dermatologista e presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia; Ligia Kogos, dermatologista; Célia Beatriz Davi, dermatologista; Luiz Francisco Maia, do Laboratório de Estudos em Poluição do Ar da UFRJ
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