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Pais têm mais medo da vacina do que da gripe A (H1N1) nos EUA
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RACHEL BOTELHO
da Folha de S.Paulo
Uma pesquisa conduzida pelo C.S. Mott Children's Hospital, nos Estados Unidos, indica que 55% dos pais se afligem com a possibilidade de seus filhos pegarem a gripe A (H1N1), enquanto 66% deles estão mais preocupados com a segurança da vacina utilizada para evitar a doença. Entre os filhos de pais mais receosos com a vacina, apenas 10% foram imunizados.
Foram entrevistados 1.612 pais com 18 anos de idade ou mais, em uma amostra representativa da população do país, no último dia 18 de janeiro. A margem de erro é de dois a três pontos percentuais, para mais ou para menos.
Infectologistas ouvidos pela Folha afirmam que, no Brasil, onde a vacinação contra a gripe A deve começar em 8 de março, o panorama não deve se repetir. Para eles, os americanos ainda guardam más lembranças de um episódio ocorrido no fim da década de 1970, quando uma vacina contra gripe foi responsabilizada por uma série de efeitos colaterais graves.
"Acredito que aqui a vacina será extremamente bem-aceita", diz o infectologista Juvêncio Furtado, professor da Faculdade de Medicina do ABC. Segundo ele, as doses que serão distribuídas pelo Ministério da Saúde não têm efeitos colaterais significativos. "A proteína do vírus não tem capacidade de provocar doença. Ela é tão segura quanto a da gripe sazonal."
O infectologista David Uip, diretor do hospital Emílio Ribas, ressalta que a vacina da gripe A não é diferente daquela administrada anualmente. "Só mudou o sorotipo, que muda todos os anos", diz. Ele acredita que campanhas informativas são fundamentais para evitar uma baixa adesão à vacinação, como ocorreu nos EUA.
Para Celso Granato, professor da Universidade Federal de São Paulo, é mais arriscado não tomar a vacina, e o fato de ela ter sido elaborada em pouco tempo não deve ser motivo de temor. "Ela foi distribuída em enorme quantidade e os dados sobre efeitos mostram que é muito segura. Não tem nenhuma razão para achar que é pior do que as anteriores", afirma.
A administradora de empresas Marina Miyake, 31, entretanto, não está convencida. Ela ainda não decidiu se a filha Mariana, de um ano e três meses, será imunizada. "A escola dela não fechou, não mudamos a rotina e ela não pegou a gripe. Meu maior receio é o que pode dar de reação", diz.
A vacina usada aqui será, provavelmente, a mesma aplicada no hemisfério Norte, fabricada a partir de microproteínas purificadas da superfície do vírus.
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