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14/03/2002 - 08h26

Escola ajuda a evitar conflitos domésticos

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SIMONE PAULINO
free-lance para a Folha

Imagine ter uma empregada que chegue no horário, seja eficiente, organizada e discreta. Alguém que mantenha sua casa e suas roupas sempre em ordem, que cuide dos pequenos detalhes para os quais você não encontra tempo -como arrumar corretamente a mesa para o café da manhã ou cuidar das plantas- e, no caso de quem tem filho, ainda ter um jeito todo especial para lidar com as crianças enquanto você trabalha. Essa profissional do lar pode ser moldada em cursos especiais para domésticas, nos quais aprendem, na teoria e na prática, a atender os anseios de dez em cada dez pessoas que contratam uma funcionária doméstica.

Afinal, como diz Delva Luciano de Moraes, tarimbada ex-empregada doméstica que atualmente trabalha como uma espécie de consultora, ajudando patroas que estão "em crise" com suas funcionárias: "Não existe empregada boa, existe a sua empregada". Ou seja, cabe a você formar a profissional, ensinando-a a trabalhar do modo como você quer. Para quem não tem tempo ou não sabe realizar essa tarefa, há serviços especializados.

Em geral, as professoras desses cursos são ex-donas-de-casa que sentiram na pele as dificuldades de encontrar uma profissional dedicada e capaz de administrar a rotina doméstica. A partir de suas experiências, elas desenvolveram métodos para ensinar, em aula, o básico necessário para que funcionários e empregadores possam conviver em paz.

"Abordamos os mais variados temas que possam gerar conflitos no dia-a-dia. Falamos desde o comportamento que a empregada deve ter ao atender o telefone até sobre o Bombril enferrujado na pia, que deixa qualquer dona-de-casa com os nervos à flor da pele", diz Eliana Campos, dona da Fidelis & Tramit, empresa especializada nesse tipo de treinamento.

Para manter a harmonia doméstica, a iniciativa mais importante é investir na auto-estima da funcionária. "Mostramos para essas mulheres que elas são responsáveis diretas pela economia da casa e pela saúde dos moradores, e não meras cumpridoras de tarefas", afirma Eliana.

Embora nunca tenha frequentado esse tipo de escola, Delva segue a mesma cartilha quando é chamada por uma dona-de-casa às turras com sua funcionária. "A dona da casa não deve nunca comparar sua empregada com as anteriores e deve reconhecer e elogiar quando estiver satisfeita com os resultados para que a empregada se sinta motivada", diz. Com base na experiência adquirida em muitos anos de trabalho doméstico, ela sugere às patroas que, no início, se mostrem dez vezes mais exigentes do que são na prática, para assim chegarem num padrão médio que seja bom para as duas partes.

Nas eventuais visitas domiciliares que faz para ensinar técnicas de lavar e passar e metodologias de organização do trabalho, entre outras coisas, Delva ajuda a moldar a profissional segundo o perfil dos donos da casa e garante que tudo pode ser conseguido com um bom diálogo. "Tem gente que não faz muita questão de um chão brilhando todos os dias, mas exige que a empregada cozinhe maravilhosamente bem", exemplifica. Por isso é preciso deixar bem claro, desde o início, quais as prioridades no dia-a-dia para que nem a empregada nem os patrões se sintam frustrados depois.

Além de ensinar a rotina básica, como cozinhar, lavar e passar, os cursos das escolas especializadas abordam outros aspectos do cotidiano doméstico, como arrumação de armário, pequenos consertos de costura e elaboração de arranjos de flores e frutas. As professoras também explicam qual a postura e o tom de voz que a funcionária deve adotar.

Os cursos mostram ainda como lidar com eletrodomésticos modernos. "É muito raro o empregador se lembrar de dar explicações sobre os aparelhos", diz Cleide Jorge Trigo Alves, da Associação Beneficente Campineira, entidade de Campinas (SP) que, há dois anos, ministra cursos para empregadas domésticas.

De acordo com Dejanira Alves Pereira, presidente do Sindicato dos Empregados Domésticos do Município de São Paulo, o perfil das pessoas que exercem essas funções já melhorou bastante, mas a necessidade de profissionalização é cada vez maior. "Todas as nossas alunas sabem ler e escrever, boa parte delas têm o primeiro grau completo, mas muitas não sabem mexer com um fax, por exemplo, e esse conhecimento já é uma exigência do mercado", exemplifica.

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