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04/04/2002 - 07h31

Movimentos do lian gong melhoram deslizamento dos músculos

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PABLO NOGUEIRA
free-lance para a Folha

Uma atividade física que não gera cansaço nem suor, pode ser praticada em qualquer lugar (em casa, na sala de aula ou na rua), não exige a presença do professor, previne e cura dores musculares, dura menos de meia hora e é tão simples que pode ser feita por gente de todas as idades, inclusive por crianças. Esses são apenas alguns dos atrativos do lian gong em 18 terapias -ou simplesmente lian gong (pronuncia-se "liam cum").

"Enquanto a ginástica ocidental trabalha apenas os músculos, os movimentos do lian gong trabalham também a fascia, membrana que cobre os músculos e os mantém separados. O efeito é uma melhora no deslizamento dos músculos. Sem esse deslizamento, eles tendem a ficar emperrados, o que facilita as inflamações." Quem garante é a professora de artes corporais chinesas da Unicamp Maria Lúcia Lee.

Essa ginástica é composta de uma sequência de 36 movimentos, divididos em seis séries. Cada série trabalha uma parte do corpo: pescoço e ombros, região lombar, glúteos e pernas, articulações dos membros superiores, tendões e órgãos internos. A aula é complementada pelo qi gong, sistema de exercícios respiratórios. O tempo total da prática é, em média, de 36 minutos.

O clima da aula passa longe da introspecção que caracteriza outras práticas orientais, como tai-chi e ioga. Os exercícios são feitos com uma trilha sonora chinesa animada, e a atitude das pessoas é de total descontração. Uma vez decorada a sequência de exercícios, o aluno pode praticar sozinho em casa. Para quem prefere se exercitar em grupo há aulas gratuitas em diversos parques de São Paulo, a maior parte delas no período da manhã, além de escolas que oferecem a técnica.

O formato simples e prático do lian gong está diretamente ligado à sua origem. Nos anos 70, um ortopedista chinês chamado Zhuang Yuen Ming ficou impressionado com a quantidade de pessoas jovens e saudáveis que se queixavam de dores musculares crônicas. Para ajudá-las, resolveu criar uma ginástica que facilitasse a cura e prevenisse o aparecimento de novos problemas.

"Os exercícios têm um caráter bem fisioterápico, tanto que até pessoas com dores podem praticá-los, desde que não estejam atravessando crises agudas", diz a professora Jeanne Kuk de Freitas, da Universidade Federal de São Paulo. Professora de educação física, ela dá aulas de lian gong a funcionários e alunos da universidade.

"As séries melhoram o funcionamento do músculo porque o tornam mais rígido e beneficiam sua relação com o esqueleto. Se feitas adequadamente, podem valer dez exercícios de ginástica de academia", diz Jeanne.

Se a mecânica dos exercícios respeita os princípios da medicina ocidental, a forma como são executados baseia-se nos padrões chineses. Um deles é a busca da sincronia entre movimento e respiração. Outro, é a atenção às próprias sensações. "Mais importante do que fazer um gesto da forma correta é buscar a sensação que ele desperta", diz Ricardo Silva, 53, diretor da Associação Paulista de Lian Gong. "Um certo gesto, por exemplo, deve ser feito até que o praticante sinta uma dorzinha nas costas ou uma sensação de agulhada no braço. Quando sentir uma dessas sensações, ele chegou no seu limite." Essa atenção ao limite do corpo é uma maneira de evitar dores em articulações tão sensíveis, como pulsos e joelhos.

"O alongamento é feito de forma lenta e gradativa. Não é brusco, como na ginástica de academia. Isso protege o corpo de lesões", diz Maria Lúcia Lee.

A aluna Alvanira Oliveira, 58, há seis meses pratica a ginástica no Horto Florestal, três vezes por semana. Ela tem artrose nos dois joelhos e faz fisioterapia duas vezes por semana. "Tentei fazer hidroginástica, mas parei porque sentia dores", conta. A prática do lian gong trouxe melhoras. "Hoje corro dez minutos na grama para perder peso."

A prática trouxe benefícios também para o seu estado emocional. Antes, Alvanira estava deprimida. Foi encaminhada para o lian gong por sugestão de uma terapeuta ocupacional. "Saí da depressão e me sinto muito disposta, comecei até a fazer abdominais", diz ela.

"Recebemos vários alunos por indicação médica, devido a problemas emocionais", acrescenta Lúcia.

Quem sofre aquele estresse do dia-a-dia também sente a melhora no músculo. "Devido à tensão e ao sedentarismo, eu tinha dificuldade em mover o pescoço para os lados", diz a advogada Nícia Teresa Carneiro, 43. "Hoje, sinto benefícios até no modo de pensar, sinto-me mais centrada", diz ela.

Leia mais:

  • Lian gong foi criado por ortopedista chinês nos anos 70

  • Exercício ajuda a prevenir lesões relacionadas ao trabalho; veja séries de movimentos


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