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06/02/2001 - 04h04

Depois do Rock in Rio, Neil Young aparece em dez CDs

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da Folha de S.Paulo

Rock in Rio faz milagres. Graças à sua rápida passagem pelo Rio, o canadense Neil Young, 55, um dos mais importantes roqueiros de todos os tempos, tem dez álbuns reeditados aqui no Brasil de uma só vez.

Eles se somam a dois títulos lançados pelo artista no ano passado -
também no Brasil. Um é o pesado "Road Rock Vol. 1", CD ao vivo baseado na mesma turnê que Neil trouxe ao Rio, mas com apenas uma canção coincidente com o repertório tocado aqui. O outro, o delicado "Silver & Gold", é seu mais recente álbum de estúdio.

O pacote é uma adaptação bastante reduzida, pela Warner do Brasil, da "Neil Young Collection", que lá fora mantém em catálogo 24 títulos, além de quatro de sua banda de juventude, o Buffalo Springfield.

Na seleção brasileira, a escolha dos títulos parece meramente aleatória, tanto que ficou de fora "Rust Never Sleeps" (79), em que foi lançado o clássico "Hey Hey My My", que se tornou um dos hinos do festival carioca (o Oasis também cantou em seu show).

Escaparam da peneira também clássicos inquestionáveis, como "After the Gold Rush" (70), "Harvest" (72), "Zuma" (75) e "Freedom" (89).

Mas, se há os ausentes, há muito filé também. Começa com "Everybody Knows This Is Nowhere" (69), segundo álbum solo de Neil e primeiro com acompanhamento da banda Crazy Horse (que veio ao Rio). Denso e difícil, cola soberbamente melodias instantâneas ("Cinnamon Girl") com longuíssimas canções tristes ("Down by the River", "Cowgirl in the Sand").

O álbum seguinte é o irregular "Tonight's the Night" (75). O período inicial da carreira do folk-roqueiro estaria desperdiçado no pacote, não fosse a coletânea dupla "Decade" (77), que supre (mais ou menos) o vácuo com 35 temas de tirar o fôlego -raridades e faixas do Buffalo Springfield estão incluídas.

A seguir vem "Comes a Time" (78), muito pop e um dos maiores êxitos comerciais do artista. Provando que consistência artística e sucesso de público nunca foram incompatíveis, tem momentos indissolúveis, como "Goin" Back", "Look Out for My Love" e o country de fibra "Lotta Love". O Crazy Horse toca em duas faixas.

A atual paixão da indústria nacional pelos preguiçosos discos ao vivo é confirmada pela escolha ao léu de dois de Neil, "Live Rust" (79), que faz dupla formidável com "Rust Never Sleeps", e "Weld" (91), redundante e cheio de gorduras.

Década de descaminhos na história de Neil Young, a dos 80 fica de fora do pacote, e o próximo título é "Ragged Glory" (90), de novo com o Crazy Horse. É exemplar bravo, de rock pesado, com que faz par imponente com "Sleeps with Angels" (94), o álbum que homenageava um de seus fãs mais ilustres, Kurt Cobain (1967-94), então recém-morto.

A alternância, nos 90, entre títulos de rock rasgado e outros acústicos, mansos e doloridos, é confirmada pelo pungente "Harvest Moon" (92) e por um dos primeiros da série "Unplugged" da MTV. Com versões doídas de bonitas de "The Needle and the Damage Done" (72) e "Like a Hurricane" (77) e a nova "From Hank to Hendrix", seu "Unplugged" (93) confirma-se como um dos (não tantos) acústicos que realmente valem a pena.

No mesmo pacote, a Warner tenta capitalizar o Rock in Rio e repõe fatias de catálogo de artistas seus que passaram pelo festival.

O mais relevante aqui são quatro títulos mais ou menos recentes do REM, "Green" (88), "Automatic for the People" (92), "Monster" (94) e "New Adventures in Hi-Fi" (96) -os primeiros discos da banda norte-americana continuam a léguas de distância.

No mais, saem CDs de duas das mais fracas atrações do festival -dois títulos recentes dos apressadinhos Deftones e cinco relíquias da fase 70-76 do hiperlento e ultraxaroposo James Taylor. Mais que nunca, Neil Young é a salvação da lavoura.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
 

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