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12/02/2001 - 04h20

Expert do Oscar aponta prováveis indicados

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DAMIEN BONA, da "Salon"

O ano de 2000 foi excelente para filmes pelo mundo -menos para o que Hollywood tinha a oferecer. Parece que a cada ano os grandes estúdios perdem mais e mais os vestígios de integridade artística que talvez tivessem e a prioridade tem sido manter felizes os conglomerados corporativos que controlam os estúdios. Essa estratégia -que enfatiza o financeiro e exclui o artístico- resulta na completa mediocridade da maior parte dos lançamentos.

Com a maioria dos prêmios da crítica já selecionados e os indicados para o Globo de Ouro já revelados, pode-se arriscar alguns palpites sobre as indicações, que serão anunciadas amanhã -de olho na definição dos vencedores, em 25 de março.

Não existe um concorrente claramente incluído na lista de indicados para a categoria de melhor filme este ano. "O Tigre e o Dragão", premiado como melhor filme no Festival de Cinema de Los Angeles, parece uma boa aposta: sua natureza épica e beleza pictórica são pontos de venda fortes para o Oscar. Mas, como quase todos os membros da academia trabalham para a indústria cinematográfica norte-americana e tendem a defender a si mesmos, o fato de que "O Tigre e o Dragão" tenha sido produzido em Taiwan pode prejudicar suas chances.

Em um mundo mais lógico, "Gladiador", o épico romano de Ridley Scott, seria tolo demais para merecer atenção séria. Mas, como no caso de "Elizabeth", dois anos atrás, os membros dos ramos técnicos da academia, impressionados pelo tamanho e alcance do filme, podem se reunir em torno dele e conseguir uma vaga entre os indicados a melhor filme, mesmo que ele seja ignorado nas categorias mais cerebrais, roteiro e direção.

"Traffic", de Steven Soderbergh, melhor ator coadjuvante (Benicio del Toro) no Globo de Ouro, também parece forte candidato, um exemplo impressionante de cinema virtuoso e de múltiplas linhas narrativas.

Soderbergh concorreu contra ele mesmo no Globo de Ouro, tendo dirigido "Traffic" e "Erin Brockovich" -este, um filme de televisão com palavrões que não teria muita chance em um ano mais forte. Mas não se pode subestimar o apelo de filmes sobre perdedores determinados derrotando o sistema. E o fato de que "Erin Brockovich" tenha uma heroína tão forte e batalhadora quer dizer que o filme tocará as mulheres que integram a academia.

Outro filme sobre um vencedor improvável, "Billy Elliot", recebeu críticas iniciais deslumbradas, mas o entusiasmo parece ter se dispersado depois da estréia, talvez porque as platéias previstas não se materializaram. De todo modo, merece elogios por ser uma raridade, um filme sentimental que não deixa de ser duro.

"Quase Famosos" recebeu críticas maravilhosas e parecia encaminhado a um Oscar quando estreou, mas as audiências não demonstraram entusiasmo pela saga de Cameron Crowe sobre o mundo do rock dos anos 70. Provavelmente Crowe terá de se contentar com uma indicação como roteirista.

Uma década de campanha feroz pelo Oscar rendeu em 1998 o prêmio de melhor filme para o chefão da Miramax, Harvey Weinstein, quando "Shakespeare Apaixonado" derrotou "O Resgate do Soldado Ryan".

Até agora as coisas não parecem boas para a fábrica dos Weinstein. "Chocolate" -dirigido por Lasse Hallström, cujo "Regras da Vida", com sete indicações e dois Oscar, foi a história de sucesso inesperado do ano passado- supostamente seria o candidato forte do estúdio. Mas foi recebido com indiferença. Talvez seja fofinho demais para interessar aos membros mais jovens da academia.

"Hamlet" de Michael Almereyda, foi a mais aventurosa das produções da Miramax. Trata-se de um Hamlet contemporâneo e brusco que se passa em uma Nova York altamente estilizada e talvez seja audacioso demais para interessar aos membros da academia -que merecem ser lembrados por outra coisa: embora possam ser liberais politicamente, são bastante conservadores em termos estéticos.

  • Damien Bona é co-autor, com Mason Wiley, de "Inside Oscar: The Unnoficial History of the Academy Awards" (Dentro do Oscar: A História Extra-Oficial dos Prêmios da Academia)
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