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23/02/2001 - 04h04

Funk e experimentalismo invadem a Bahia

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PEDRO ALEXANDRE SANCHES, da Folha de S.Paulo

Líderes da moda do "funk pancadão" carioca, DJ Marlboro, o grupo Bonde do Tigrão e mais um punhado de popozudos estão a caminho de Salvador (BA).

Na mesma Bahia, ex-império da axé music, em 2001 o gênero vai dividir o chão dos trios elétricos com nomes tão díspares quanto Nana e Dori Caymmi, Marina Lima, Jorge Ben Jor e... Tigrão.

Em Pernambuco, Recife adota oficialmente o tema tradicionalista "O Frevo Vai Brilhar", mas abriga o festival roqueiro de novíssimos nomes Rec Beat. Na vizinha Olinda, a prefeita Luciana Santos (PC do B) desmente qualquer boicote ao axé, mas abençoa a cruzada contra as caixas de som que nos últimos anos têm mobilizado multidões em torno do gênero e bloqueado a passagem dos blocos e agremiações de frevo.

No Rio, enquanto o ícone dos paulistas Silvio Santos vira enredo da Tradição, a Portela ignora solenemente a tradição e o centenário de nascimento do mais importante nome do samba da escola em todos os tempos, Paulo da Portela. São Paulo continua onde sempre esteve em fevereiro: de fora.

Examinados em conjunto, tais dados dão noções da atual geopolítica brasileira. No Carnaval, ela se polariza entre o pluralismo caótico da Salvador pefelista e o discurso democratizante, mas tradicionalista das esquerdas de PT e PC do B, em Recife e Olinda. Rio e São Paulo, em posições parecidas, ficam na retaguarda carnavalesca.

Tom Zé e Lenine sobem no trio de Daniela Mercury; Olinda tenta proibir a música mecânica

Acima e abaixo da geopolítica, nomes recém-nascidos para a cultura central, como Tigrão, Tati, Naldinho e MC Beth, é que parecem unificar o novo Brasil. "O funk predominou, tá abalando as estruturas", diz Tigrão, 20, ex-empacotador de supermercado, produto do morro e da Sony Music.
"Em Salvador o axé domina, a gente vai de intruso. Com humildade vamos chegar e mostrar nosso som. Não sei em que trio, não falaram ainda. Mas a intenção é conquistar a Bahia", continua. A Bahia não espera: As Meninas já gravaram o pancadão do "tapinha" e É o Tchan prepara CD "new funk".
Outrora centro do furacão samba-reggae, Daniela Mercury é quem acaba por assumir liderança contrária, recolocando tecno em seu trio, com auxílio de DJ e dos experimentalistas Tom Zé, baiano agora devolvido à Bahia, e Lenine, pernambucano-carioca. "Não acho que vá ser menos desafio que em 2000", diz, referindo-se aos segmentos de vaia que seu trio eletrônico enfrentou há um ano.
"As músicas de Lenine não são bem conhecidas aqui, tampouco Tom Zé é. Não acho que vá ser tranquilo, mas não quero fazer algo previsível." Embora discurse em favor de axé e funk, assume a contramão: "Não vou cantar os "tapas na cara", não quero reforçar isso numa festa de ânimos já exaltados".
 

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